08/05/2025 - 8:00

Disrupção era apenas uma palavra esquecida no fundo dos dicionários quando a Porsche apresentou o Cayenne, um utilitário esportivo alto, largo e com espaço para uma família inteira, a antítese do que a marca alemã produz desde 1948 – cupês e cabriolets leves e velozes.

Em agosto de 2002, as primeiras unidades do Cayenne saíram de uma fábrica erguida exclusivamente para ele em Leipzig, na Alemanha, de onde saía embrulhado em três versões: S, de 340 cavalos; Turbo, com 450 cv; e Turbo S, cujos 521 cv soavam como o limite da insensatez para um veículo de quase dois metros e duas toneladas.
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Pouco mais de uma década depois, estamos com o pé esquerdo no freio do Cayenne Turbo E-Hybrid enquanto o direito pisa no acelerador até o conta-giros atingir cerca de 3.000 rpm. Destacado no centro do painel como em todo Porsche, o conta-giros hipnotiza o motorista com seu ponteiro escalando as rotações e o ronco grave que exala do escapamento avisa que não é mais possível conter o desespero dos 739 cavalos do Cayenne mais potente da história.

A Porsche diz que esse carro acelera até os 100 km/h em 3,7 segundos, mas o que se sucede depois que o condutor libera o pedal do freio e os 96,9 kgfm de torque entram em ação parece não caber em tão pouco tempo – o ganho de velocidade e a quantidade de coisas que ficam para trás são descomunais.

Parece que os olhos vão escapar do globo e o cérebro ferve para compreender como esse animal de 4,93 metros de comprimento, 1,98 de largura, 1,70 de altura e mais de 2,5 toneladas sai da inércia com tanta violência. Depois que a adrenalina passa, dá para rodar até 55 quilômetros no modo puramente elétrico.
Muscle SUV
O que é impossível no Dodge Durango SRT Hellcat, um mastodonte dotado de um 6.2 V8 (da lendária família Hemi) que, como ignorância pouca é bobagem, ainda traz um compressor mecânico. Pronto, temos uma espécie de muscle car dos SUVs com 720 cv e 65 kgfm de torque, orquestrados pela transmissão TorqueFlite de oito marchas.

Às vezes dá até vergonha de sair com ele na rua, urrando para outros no trânsito só pra cavar espaço. Convocar toda sua truculência significa transformar um pacato, obeso, espaçoso e confortável veículo familiar instantaneamente em um feroz superesportivo, uma espécie de ônibus escolar satânico que vai de 0 a 100 km/h em menos de quatro segundos.

Numa estrada sinuosa, a direção é afiada o bastante e dignamente precisa para um carro de 2,5 toneladas. Suspenções independentes e pneus 295/45ZR abraçando rodas de 20 polegadas fizeram excelente trabalho no equilíbrio do carro. Os freios Brembo dão conta do recado.

Na cabine, traços do casamento (celebrado em 7 de maio de 1998 e que acabou em divórcio me 2007) entre a Daimler, dona da Mercedes, e a Chrysler, dona da Dodge, garantem a sensação de solidez e refinamento. Altura do banco e posição do volante são surpreendentemente boas, entregando uma postura realmente esportiva. Nada ruim também as acomodações na segunda fileira, com poltronas individuais, porta-copos e um generoso apoio de braço.

Marcando otimistas 320 km/h de velocidade máxima, o painel analógico é um belo antídoto contra a ditadura das telas digitais. Seu único defeito é esfregar na cara que é praticamente impossível superar os 4 km/l de média de consumo.
Confortável e espaçoso, o Durango Hellcat ainda tem um porta-malas que, capaz de carregar até 1.226 litros, é uma espécie de caverna acarpetada.
Hooligan
Outro membro recente do clube dos SUVs com mais de 700 cv é o Aston Martin DBX. Primeiro ele apareceu na versão AM24, que carrega o pedigree da Fórmula 1 nas cores compartilhadas com o Medical Car oficial da categoria.
Agora, o 4.0 V8 biturbo chega a 727 cv e 92 kgfm de torque na configuração S, apresentada na última semana.