Produzido em 2015, o Mercedes-Benz Vito das fotos já levou muita gente famosa e serviu até à equipe Mercedes de Fórmula 1 nos GP do Brasil de 2016 e 2017. Quando chegou até mim, somava pouco mais de 43 mil quilômetros no hodômetro. Já tinha muita história pra contar. Na avaliação que fiz, saí de Itu, no interior do estado de São Paulo e rumei para Ilhabela, no litoral norte do estado, uma viagem de cerca de 300 km. De Ilhabela, parti rumo à Sepetiba, no Rio de Janeiro, um roteiro de cerca de 450 km pela rodovia Rio-Santos, sempre beirando o mar. Subindo, descendo e fazendo curvas, acompanhando o relevo do litoral norte paulista e do litoral sul fluminense. Uma viagem de quase sete horas. Como se comportou o Vito em toda essa empreitada? Já vou contar, detalhe por detalhe.

Vamos começar pelo motor: um esplendoroso 2.0 turbo flex de 184 cv com torque máximo que supera os 30 kgfm. Motor idêntico ao utilizado por algumas versões do sedã Classe C. O propulsor apresentou sempre um desempenho incontestável, com respostas eficientes desde baixas rotações, qualquer que fosse o combustível utilizado, gasolina ou etanol. Impressionou pelo silêncio de funcionamento e, parado em marcha lenta, tinha-se a impressão de estar desligado. Além desse motor flex, disponível somente na versão de passageiros Tourer, o Vito possui também, na versão furgão, um motor 1.6 turbodiesel de 114 cv e torque máximo de 27,5 kgfm.

O câmbio manual de seis marchas, fabricado pela ZF, apresentou durante os testes engates precisos e um silêncio de operação elogiável. O conjunto motor/câmbio pode ser colocado como ponto de destaque em um carro que terminou os testes com mais de 45 mil km rodados. Mas nem tudo foram maravilhas. A grande crítica ficou por conta do sistema de suspensões, tanto a dianteira quanto a traseira. Nas irregularidades do asfalto da Rio-Santos, ela gemeu muito, fez muito barulho e terminou o teste quase que em frangalhos. Acho que já era chegado o momento da troca dos amortecedores e do embuchamento das suspensões. Certamente essa providência faria o sistema retornar à precisão e silêncio do modelo original. Só para terminar as críticas, devo ressaltar o ruído infernal e repetitivo da porta traseira do porta-malas. Era um tac-tac que infernizou os passageiros durante a longa viagem no piso ruim da Rio-Santos.

O Vito acomodou muito bem os cinco passageiros que nele viajaram. Os bancos individuais forrados em courino tinham reclinador de encosto, fato que permitia que se encontrasse uma posição cômoda na viagem. Seis passageiros poderiam viajar comodamente. Motorista e passageiro também iam bem acomodados nos bancos individuais dianteiros. O ar-condicionado, apesar de não ser digital, deu bem conta do recado, refrigerando todo o interior do carro, inclusive para quem foi sentado na última fileira de bancos.

Do restante, o Vito foi bem. A direção elétrica mantinha-se precisa e com uma operação refutável, em que pese os 45 mil km. Os freios mostraram-se borrachudos nas situações mais críticas de utilização, como as freadas mais duras em descidas em que se exigia muito do sistema. Provavelmente estava chegando o momento das trocas dos discos e pastilhas. Como segurança, podemos destacar o fato do Vito chegar da Europa com cinco estrelas obtidas no rígido crash-test do Euro NCap. Isso não é para qualquer um. Completam o pacote de segurança os importantes controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, assistente de monitoramento de cansaço e o sistema Crosswind Assist, que, por meio do sistema de freios, compensa a instabilidade ocasionada pelos ventos laterais, evitando mudanças bruscas e involuntárias de trajetória.

Do restante, em que pese os quase três anos de uso, esse Vito que avaliei não mostrava desgastes ou componentes quebrados pelo uso. O carro, ao que tudo indica, suportou bem o tempo que foi duramente utilizado. Se eu compraria um para mim e minha família? Acho que não, principalmente pelo assustador preço, de R$ 162 mil. Só para ficarmos na Mercedes-Benz, é possível comprar uma Sprinter bem equipada, com bancos confortáveis, mesmo nível de segurança, por cerca de R$ 140 mil. Lembrando que a Sprinter tem um motor turbodiesel, que, em termos de custo de consumo por quilômetro, dá um banho nesse motor 2.0 CGI Flex do Vito. Acho que é por isso que o Vito vende tão pouco no mercado nacional. Assim como eu, todo mundo acaba optando por um Sprinter ao invés de um Vito na hora de comprar uma van.

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