O Hyundai HB20 foi o terceiro carro mais vendido no mercado nacional e, em 2016, já está na vice-liderança do ranking da Fenabrave. Mas o bom desempenho do compacto feito em Piracicaba (SP) não é obra somente do acaso. O sucesso do modelo é resultado da estratégia acertadíssima da marca coreana no País e que resumimos nas próximas linhas.

No início dos anos 2010, ter um carro da marca coreana era um sonho de muita gente que queria se destacar. Na época, a marca vendia sedãs, hatches e SUV’s de status. Isso levou muitos consumidores a imaginar que mundialmente a Hyundai fosse fabricante de carros luxuosos, apesar de mundialmente ser reconhecida como um bom fabricante de carros médios.

Assim, quando os coreanos anunciaram que fariam no País um pequeno carro para quebrar a hegemonia nacional, antes propriedade exclusiva de modelos como o VW Gol, Chevrolet Celta e Fiat Palio, a Hyundai já havia feito uma bela imagem no mercado brasileiro e estava construída a base para este lançamento.

A imagem, porém, não era tudo. Os coreanos começaram a trabalhar em uma plataforma que suportaria as buraqueiras e as irregularidades de nossas ruas e estradas, situação semelhante encontrada em toda a América Latina. E para agradar ao público brasileiro, os designers da Hyundai tomaram como base as linhas dos carros maiores da marca.

Some a isso detalhes inovadores para um compacto brasileiro, como a mecânica moderna (motores 1.0 de três cilindros e 1.6 de quatro, ambos com variador de fase no comando de válvulas), opção de câmbio automático e uma lista mais recheada de equipamentos de série (o ar-condicionado e a direção hidráulica eram de série em todas as versões, algo raro na época em seu segmento). Tudo isso por um preço que ficava dentro da média da concorrência.

Pronto! Os coreanos atingiram suas metas e o resultado não poderia ser outro: lançado em setembro de 2012, o HB20 criou alvoroço no mercado e extensas filas de interessados para comprá-lo. Para atender a demanda do mercado e acabar com as filas, a produção foi reforçada e, paralelamente, aumentou-se a rede de distribuidores e revendedores. Tudo matematicamente calculado e funcionando de maneira exemplar.

Como se isso tudo não bastasse, ao contrario do que fazem as marcas tradicionalmente aqui instaladas, os coreanos já em 2015 fizeram uma reestilização do carro que havia sido lançado no final de 2012. Não esperaram as vendas caírem para reestilizar seu produto. Uma política agressiva de investimentos que certamente têm deixado tontas as marcas que antes eram lideres desse segmento. É como alguém que está apanhando tanto que não tem tempo de reagir.

Mas quem sabe essas chacoalhadas que os coreanos estão aplicando nas marcas tradicionais não as levem a repensar essa política de investimentos, de só renovar seus produtos quando o consumidor não aguenta mais vê-los. Por que não se antecipar ao consumidor e, antes mesmo que ele espere, apresentar um carro reformulado e remodelado, para que ele consumidor se antecipe a trocar o seu carro velho por um novo. Parabéns aos coreanos da Hyundai. Foram perfeitos e incisivos em suas estratégias e estão colocando novos parâmetros para o mercado nacional.