A cada ano que passa, mais carros circulam pelo planeta. Mesmo com a crise na Europa e com a retomada lenta e gradual da economia americana, países como Brasil, China, Rússia e Índia estão garantindo que as montadoras vendam mais veículos. Neste ano, especialistas preveem que serão comercializados em todo o mundo cerca de 80 milhões de veículos. Só o mercado brasileiro deve fechar o ano com mais de 3,7 milhões de automóveis e comerciais leves emplacados – um número muito acima da capacidade das ruas e estradas. Considerando tudo isso, a pergunta que não quer calar é: onde vão circular todos esses veículos? Qualquer cidadão que tenha um carro e viva em uma grande metrópole, não importa onde ela esteja localizada, já deve ter feito essa pergunta.

Esse excesso de veículos preocupa as montadoras: a Audi, por exemplo, criou em 2010 o programa batizado de “Audi Urban Future” para debater a mobilidade urbana. Este ano, MOTOR SHOW acompanhou com exclusividade entre as publicacões brasileiras o trabalho dos finalistas e a cerimonia de premiação em Istambul, na Turquia.

Desta vez, o tema foi o futuro da mobilidade nas metrópoles. Como vamos nos locomover em 2030? Como viveremos nas megacidades? Cinco renomados escritórios de arquitetura foram desafiados a trabalhar uma visão para o futuro da mobilidade nas cidades escolhidas pela organização do projeto: Boston e Washington, nos Estados Unidos; Istambul, na Turquia; Mumbai, na Índia; Pearl River Delta, na China; e São Paulo.

O projeto brasileiro ficou a cargo do Urban -Think Tank, do Chile, que já fez vários projetos para a capital paulista, e teve como curadora a arquiteta Ligia Nobre. Depois de dez meses de trabalho e reuniões com a prefeitura de São Paulo para trocar ideias, nasceu o projeto Parangolé Urbano. Ele cria várias microrregiões dentro da cidade e, dentro de cada uma, os deslocamentos são feitos de bicicleta, carros compartilhados e bondinhos puxados por cabos. O projeto foi um dos mais elogiados e estava nas primeiras colocações no fim da disputa.

A cerimônia de premiação contou com a presença do presidente mundial da Audi, Rupert Stadler, e o grande vencedor foi o projeto americano que reuniu Boston e Washington. A ideia simples, útil e, principalmente, viável, foi a de unir os meios de transporte individual com o público, por meios de diversos canais. O escritório höweler + yoon architecture, responsável pelo desenvolvimento do projeto, levou o prêmio de € 100 mil.

Mas talvez o maior prêmio ainda esteja por vir, já que a Audi levará adiante o projeto, discutindo formas de implementá-lo junto às autoridades das duas cidades. John Thackara, designer e um dos responsáveis pela escolha dos jurados, explica a decisão: “O júri elegeu o projeto com maior potencial de realização, e que ainda conseguirá desenvolver o potencial social e econômico das duas cidades.”