25/09/2017 - 12:20
Ao invés de gastar R$ 50 em um hamburguer gourmet ou em um jantarzinho simples, que tal poupar essa grana e investir no seu próximo carro? Se você está pensando em adquirir um compacto, essa é a diferença de preço entre o estreante Fiat Argo Drive 1.0 (R$ 46.800) e o consolidado Volkswagen Gol Comfortline 1.0 (R$ 46.850). São dois oponentes de épocas distintas, mas com muito em comum. Ficou empolgado? Então, contenha sua empolgação, pois completos os valores saltam para mais de R$ 50.000. E a maioria dos equipamentos legais e de conectividade são cobrados à parte em forma de pacotes, como veremos adiante.
Ninguém duvida da trajetória de sucesso do Gol. Afinal, ele permaneceu por 27 anos na liderança do mercado. Agora, não mais voando em céu de brigadeiro, de uns tempos para cá ele passou a disputar a atenção dos consumidores com outros oponentes de peso. Segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o Volks somou no primeiro semestre deste ano 36.209 unidades licenciadas, ficando atrás do líder Chevrolet Onix (83.236), do Hyundai HB20 (51.149), do Ford Ka (44.650) e do Renault Sandero (38.867). O Argo desembarcou nas lojas no último mês de junho e, em seu primeiro mês de vendas cheio, emplacou 1.731 carros licenciados.
Como já dissemos, são carros de épocas diferentes. O Golzinho é construído desde 2008 sobre a plataforma PQ24 (a do Polo antigo e do Fox atual), porém, atualizada ao longo do tempo. Já o Argo usa a base MP1 (a do Punto), mas, segundo a Fiat, completamente redesenhada. Aí, você deve estar se perguntando: “E a nova geração do Gol?” Ela será feita sobre a moderna plataforma modular MQB , mas ficou está agendada para 2020, como linha 2021, conforme publicamos com exclusividade mundial na edição 404. Enquanto isso não acontece, o Gol ganhou um facelift pontual, com novos para-choques, rodas e calotas redesenhadas e grade frontal conectada aos faróis.
A traseira buscou inspiração no modelo de primeira geração trazendo lanternas quadradas 3D e vidro plano na tampa do porta-malas – a capacidade do compartimento de bagagens é maior no Argo, que tem 300 litros, contra 285 do concorrente. No caminho contrário, o Argo exibe linhas novas idealizadas no Centro de Estilo da Fiat, na Itália, e depois finalizadas no Brasil. Sua traseira transmite um “que” de Alfa Romeo Giulietta e Fiat Tipo europeu. Beleza é subjetiva, sim, mas nesse quesito o Argo se sobressai. O Gol tem um visual antigo, mas renovado na dianteira, na traseira e no painel.
O destaque está no painel, agora desenhado com linhas mais horizontais, fazendo sumir as saídas de ar circulares. Incomoda o desenho das laterais de portas mantidas do modelo antigo. Por outro lado, quando se entra no Argo a sensação de amplitude é maior devido às dimensões da carroceria. Os materiais texturizados são mais sensíveis ao toque e os bancos com apoios laterais pronunciados ajudam a segurar o corpo nas curvas. Ambos têm o assento do motorista e a coluna de direção reguláveis em altura, porém o do Argo apresenta um ajuste mais fino e amplo. O quadro de instrumentos do Fiat oferece um visual mais moderno e foi emprestado da dupla Jeep Renegade/Fiat Toro.
Quem viaja atrás encontra mais espaço para as pernas e os joelhos no Argo. E nos dois há encosto de cabeça para os três ocupantes traseiros. Em conectividade, Argo e Gol podem ter opcionalmente centrais multimídia (veja na tabela) com tela sensível ao toque, conectividade Apple CarPlay e Andoid Auto, além de interface amigável e intuitiva de operar. Sob os capôs, os motores são tricilíndricos 1.0. A Volkswagen aboliu os blocos de quatro cilindros da família TEC “mil” ao adotar o propulsor EA 211 – estreou no Fox Bluemotion em 2014 e é compartilhado também com o Up. Já o do Argo é da família Firefly (vagalume, em inglês), empregado primeiramente no Uno e depois na versão Drive do Mobi. Mas, apesar de Argo e Gol serem tricilíndricos, existem diferenças entre eles.
O motor do Gol possui quatro válvulas por cilindro, enquanto o da Fiat tem duas. Além disso, o 1.0 da Volks usa dois eixos de comandos e o da Fiat somente um, o que altera o atrito por acionamento. Por fim, o Gol usa correia dentada (quatro anos ou 120.000 km) e o Argo adota corrente (vida útil de cerca 240.000 km). Em ambos, a vibração proporcionada pelos propulsores de três cilindros é mínima. Ao volante, Gol e Argo oferecem boa dose de força a partir das rotações mais baixas – ambos são equipados com variador de fase na admissão. Entretanto, o Gol transmite arrancadas e retomadas mais vigorosas, além de pedir menos reduções de marchas ao encarar subidas – o torque máximo é entregue a 3.000 rpm, enquanto no Argo ele está disponível a partir de 3.250 rpm.
A relação peso/potência é de 12,1 kg/cv no Volks e de 14,3 no Fiat. O câmbio é manual de cinco marchas nos oponentes, mas a transmissão do Gol se destaca pelos engates mais precisos e diretos do que os do rival. Na estrada, rodando a 120 km/h, o ponteiro do conta-giros do Volks e do Fiat marcam quase 4.000 rpm, mas pouco barulho é passado para dentro da cabine. Embora mais fortinho de andar, o Gol não possui o sistema start-stop do Fiat, com funcionamento suave tanto ao desligar quanto ao religar o motor.
Para andar no dia a dia, as suspensões do Argo agradam pela calibração macia ao filtrar melhor as imperfeições do asfalto. A do Gol tem ajuste mais firme, o que não é uma crítica. Aliás, ele transmite melhor controle de carroceria nas curvas rápidas. Enquanto a direção do Argo é elétrica, a do Gol é hidráulica, portanto é mais pesada ao esterço em baixas velocidades. Na hora dos custos, as revisões do Volks (R$ 1.024) e do Fiat (R$ 1.044) são realizadas a cada 10.000 km e uma diferença de preço irrisória. São dois bons compactos. Afinal, o Gol é um produto consolidado e com uma legião de fãs. No entanto, o Argo tem um porte maior e seduz por oferecer mais espaço interno, pelo design e pelo rodar mais macio.