Em fevereiro, publicamos em nosso site avaliações completas da nova geração do Mercedes-Benz GLA (leia aqui) e da grande novidade da linha 2021 do Volvo XC40 (leia aqui). São duas estreias significativas no segmento de SUVs premium – o primeiro por ser um modelo totalmente renovado, o segundo por “democratizar” os híbridos plugáveis.

Com a coincidência dos lançamentos, planejamos comparar os dois. Mas a surpresa veio no posicionamento do Mercedes, anunciado depois: o novo GLA chegou mais caro do que o esperado. Esperávamos que ficasse na faixa de preços de entrada do Volvo, que é híbrido, mas, mesmo com motor 1.3 turbo, a nova geração chegou, por enquanto, em versão única (e a marca diz que virão outras, porém mais caras, não mais baratas).

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O Mercedes-Benz GLA 200 AMG Line custa salgados R$ 325.900, enquanto o Volvo XC40 Recharge – novo sobrenome para as configurações híbridas plugáveis, agora única mecânica disponível na linha – custa R$ 259.950 na versão de entrada Momentum, subindo a R$ 286.950 na Inscription e a indo a R$ 291.950 na topo de linha R-Design.

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Assim, o novo Mercedes-Benz GLA ficou mais caro que os rivais alemães Audi Q3 (leia aqui) e BMW X1, e também que o Volvo. São bastante expressivos R$ 65.950 a mais do que custa este novo XC40 Momentum que você vê nas fotos – e, mesmo considerando o Volvo XC40 topo de linha, são R$ 33.950 a mais. Esta grande diferença de valores se justifica?

Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: os pacotes

Adianto que não pela lista de equipamentos de série, pelo menos. Obviamente, os dois carros são muito completos, trazendo todos os mimos e tecnologias mais modernos disponíveis hoje no mercado – de sistemas semiautônomos sofisticados a seletor de modos de condução, passando por sensor de chuva, retrovisores eletrocrômicos, faróis full-LED e muito mais.

Aqui, cabe um parênteses. Embora ambos tenham sistemas semiautônomos que são capazes de guiar sozinhos por alguns momentos, nenhum deles permite que se tire a mão do volante por muito tempo, por questões de limitação dos sistemas também de legislação de trânsito. Mas, de qualquer forma, o XC40 consegue ser mais um pouco mais “independente” e eficiente no uso as funções de “assistente de direção”, seja no trânsito ou na estrada.

No mais, o XC40 na versão Momentum avaliada aqui é menos equipado que o GLA, obviamente – como você pode ver na tabela de equipamentos (os itens marcados com “O” estão só nas versões Inscription e/ou R-Line). Na versão mais cara, entretanto, o Volvo leva vantagem sobre o rival, ainda que custe menos: só ele tem faróis direcionais, assistente de descidas, leitura de placas de trânsito, luz alta automática, retrovisores externos antiofuscantes com desembaçador e serviço On Call, de concierge e socorro.

O novo GLA 200 AMG Line também tem suas exclusividades em relação ao Volvo XC40, mesmo considerando a vesão topo de linha, com preço mais próximo: estacionamento semiautônomo, banco do passageiro com ajuste elétrico e assistente de desembarque. Pouco, considerando a grande diferença de preço. Mas ele tem vantagens também no visual externo e na cabine. Vamos lá.

Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: por fora

O novo Mercedes-Benz GLA é o que constumamos chamar de “esportivado”. Apesar de a mecânica não ser de esportivo, traz um pacote visual que lhe garante o nobre sobrenome AMG (com o complemento “Line”, que entrega que é apenas uma questão de imagem). Os para-choques são os mesmos dos esportivos da preparadora oficial da Mercedes-Benz, com forma de A-wing (asa em formato de A), e dela também vêm a grade diamantada e cromada e as rodas com aro 20. Para completar, ele tem os “powerdomes” no capô – ressaltos que parecem abrigar um “motorzão” lá dentro (mas, no caso, vem apenas um quatro cilindros mesmo).

Vale notar que o Volvo XC40 na versão R-Design também tem uma pegada esportiva no visual, embora não seja tão agressiva. E o modelo sueco tem, ainda, a desvantagem de não ter o mesmo ar de frescor, não ser tão novidade quanto este novo GLA. Afinal, ele chegou ao mundo ainda em 2018, e mantém o mesmo design até hoje – ou seja, deve estar próximo de sua primeira reestilização. Olhando por fora, portanto, a vantagem é do SUV alemão.

Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: por dentro

O GLA aumenta a vantagem na cabine, e não apenas pelo pacote AMG Line – que inclui detalhes tipo fibra de carbono, pedaleiras esportivas, volante com base achatada (como nos Mercedes-AMG) e bancos esportivos. Estes, além de acomodarem bem o corpo, têm ajuste de comprimento do assento manual e os demais elétricos – como nos Mercedes maiores, com comandos na porta (só o do suporte lombar fica no próprio banco).

Mas o que chama mais atenção dentro do GLA são as partes com as quais se tem mais contato visual e tátil: acabamento e painel. Em relação ao primeiro, é nos materiais mais nobres e nos detalhes que o Mercedes garante um clima geral um pouco mais sofisticado do que se vê no rival.

Mas o mais destaque do GLA é sem dúvida o novo painel, herdado do Classe A, com suas duas telas de 10,2 polegadas totalmente integradas. O quadro de instrumentos é um show à parte: além de ter diferentes opções de estilo, permite configurar individualmente as informações exibidas dentro de cada mostrador – velocímetro e conta-giros –, além de substituí-los por relógio, mapa, indicador de sistemas de auxílio, visor de mídia… e ainda é possível optar pela tela inteira, que prioriza outras informações, ou o modo “sutil”, super-cool, que deixa o ambiente mais leve.

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A tela central, também de 10,2 polegadas, é sensível ao toque e instalada em total continuidade com a do cluster. Mostra de dados multimídia a informações do carro, com belos gráficos de potência/torque e de consumo, por exemplo. Após certa adaptação, fica fácil controlar tudo, seja pelos comandos de voz ou pelos botões e mini-touchpads no volante. Se não quiser usá-los, há também o touchpad grande no console, com os tradicionais atalhos – navegação, carro, etc. – agora perfeitamente integrados ao Android Auto.

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O Mercedes-Benz tem o tipo de interior tão belo e tão bem construído que faz o do Volvo – que não é nada ruim, obviamente – perder o brilho. O quadro de instrumentos digital do rival sueco não tem tantas opções de visualização, permitindo só mudar o estilo geral. E a tela central de multimídia/funções é vertical, deixando a visualização do navegador, por exemplo, muito pequena. Além disso, algumas das opções não são tão fáceis de acessar, roubando mais a atenção do motorista, que precisa tirar os olhos da estrada. E, por fim, o acabamento também não impressiona tanto quanto o do rival.

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Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA: ao volante

Ao volante, no entanto, o Volvo vira o jogo. Porque se o GLA, apesar do sobrenome AMG, vem com um moderno – porém um tanto tímido – motor 1.3 turbinado de 163 cv e 25,5 kgfm que é capaz de desligar dos quatro cilindros para poupar combustível, o XC40 tem uma mecânica híbrida, com um motor a gasolina tricilíndrico 1.5 turbo de 180 cv e outro elétrico, de 82 cv – ambos dianteiros, totalizando 262 cv e 43,3 kgfm. Os dois SUVs têm câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas.

A diferença entre os motores é de significativos 99 cv e 17,8 kgfm, aproximadamente o que oferece o 1.0 turbo de um VW Up TSI. Ela não é exatamente refletida no 0-100 km/h: enquanto o Mercedes leva 8,7 segundos – o que não deixa de ser surpreendente para sua motorização –, o Volvo cumpre a mesma prova em 7,3 segundos.

Na prática, porém, a diferença é bem mais sentida: em retomadas, o XC40 é bem mais ágil do que o rival, e do que sugerem tais números, respondendo sempre com muito mais prontidão e sem parecer ter que se esforçar tanto quanto o GLA. Influencia nesta sensação também o fato do motor elétrico “preencher” os vazios do indesejado turbo lag – por mais tímido que ele seja no GLA.

Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA

Um dos focos principais de ambos, no entanto, é a economia. Neste ponto, o XC40 é sempre melhor – e, dependendo do uso, chega a humilhar o rival. Isso porque, carregando o XC40 sempre, seja na tomada comum (um uma noite), seja em pontos de recarga rápida (o que leva poucas horas), ele é capaz de alcançar marcas de consumo impressionantes.

Em trajetos urbanos com 15 a 20 quilômetros, as médias do XC40 ficaram entre 50 e 75 km/l nos testes práticos, porque ele aproveita ao máximo o uso da bateria. Já saindo de casa com carga total e rodando no modo híbrido até ela acabar – o que ocorreu apenas após circular por 75 quilômetros dentro da cidade (e, coincidentemente, a mesma distância na estrada), a média final de consumo – em ambas as situações – ficou em 25 km/l.

E, ainda, rodando até 100/150 quilômetros, a média se manteve acima dos 16 km/l. Depois disso, quanto mais você rodar sem recarregar, mais a média cai, então a vantagem do XC40 só se reduz em viagens mais longas (se não puder recarregar enquanto toma um café ou almoçar no caminho: algumas estradas em SP e RJ já têm carregadores).

O GLA não é híbrido, mas se esforça para poupar gasolina. No modo Eco, ao aliviar o pé direito nas desacelerações ou em descidas, ele desacopla o câmbio. Além disso, sem que se note, desativa dois cilindros. Na cidade, isso significa marcas de 10 a 11 km/l (como no PBEV/Inmetro). Já na estrada, a 120 km/h, o conta-giros marca 2.000 rpm em sétima marcha, com baixíssimo ruído, e o GLA também faz “banguela”. O consumo ficou em 15 km/l, melhor que o oficial.

No mais, a sofisticação maior da cabine do GLA também é vista na dirigibilidade: sistemas de direção e suspensões têm calibração e respostas mais satisfatórias e precisas. São pontos que se sente claramente ao volante, e que sempre destacaram os Mercedes-Benz mesmo diante de rivais “mais diretos” como BMW e Audi. Há um cuidado maior com os ajustes finos, o que se nota depois de algumas centenas de quilômetros e diferentes situações de uso – principalmente em uma serra sinuosa.

Qual é o seu perfil?

No fim, o ideal seria algo que não existe: um SUV com a construção – direção, suspensões, freios – e a cabine do GLA e a mecânica híbrida com potência e economia muito superiores do XC40.

Caindo na real, a melhor escolha, pensando apenas em custo-benefício, é o Volvo XC40 – eleito nossa Compra do Ano 2021 pela tecnologia híbrida, pelo preço mais baixo e pelo pacote como um todo. Além disso, para quem eventualmente encara estradas de terra, embora as suspensões do Mercedes atuem com mais silêncio, o Volvo leva uma boa vantagem no vão livre do solo (21,1 cm, ante apenas 14,2 do rival mais urbano).

Mas há também a questão do perfil. Se dinheiro não é problema, vamos lá: para quem quer um SUV para uso principalmente urbano e viagens de curtas ou médias distâncias, o Volvo XC40 amplia a vantagem. Já quem costuma fazer viagens mais longas e prioriza a vida a bordo, a beleza e o acabamento da cabine, a sofisticação e o ajuste fino da dirigibilidade, vai preferir o Mercedes GLA – a despeito do seu desempenho inferior.

Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA

Volvo XC40 vs. Mercedes-Benz GLA

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