Tem carros que ficamos felizes em premiar, e o Mustang é um deles. É o melhor esportivo para comprar hoje, mesmo não sendo equilibrado como o Porsche 718 (Compra do Ano 2024) e ficando longe de ser o modelo mais potente da categoria. Ganha por entregar sensações brutas e puras – fiéis ao seu próprio legado, e ao de todos os muscle cars – e por ter o magnífico motor 5.0 Coyote naturalmente aspirado, sem turbina ou eletrificação, que entrega 488 cv e 564 Nm de modo deliciosamente malcriado.

Os esportivos elétricos podem bater recordes de aceleração com seu torque instantâneo, mas o Mustang é um carro que faz você não conseguir parar de guiar– e rápido! –, gastando centenas e centenas de reais em gasolina.

E as respostas do motor V8 old school ao comando do pé direito, sem turbina ou lag, são sempre instantâneas – e, mais do que o torque imediato dos elétricos, o que empolga é o crescente, a progressividade dessa entrega, o modo como sobem as rotações, as marchas e a velocidade, de modo “analógico”, assim como a sinfonia de seu V8 (que se ajusta conforme o modo de condução, de discreta, pra não incomodar vizinhos, a escandalosa, com uso permitido só em pistas fechadas).

O Ford Mustang tem as qualidades dos esportivos a combustão, e seus defeitos, levados ao extremo.  Além de “barulhento”, polui muito, pois gasta muito (está bem: andando a 110 km/h faz mais de 10 km/l, mas é difícil se controlar).  E é um carro nada fácil com o motorista: as suspensões magnéticas são capazes de ir de aceitáveis no asfalto ruim a sob medida para as pistas, mas ele ainda exige cuidado, pois tende a sair de traseira – outra sensação que enriquece a experiência em um esportivo que nos lembra o que estamos perdendo com a eletrificação e a “tecnologização”. Tem um toque de naftalina, como nos modos retrô de seu painel (que é digital).

• Potência 488 cv
 Torque 564 Nm
 Porta-malas 382 litros
 Consumo D
 Versão indicada Versão única