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Não que ele seja empolgante como um Subaru WRX ou um Mini John Cooper Works, mas nos últimos seis anos o Fiat Punto T-Jet foi (merecidamente) reverenciado como o único carro esportivo produzido no Brasil. Lançado em 2009 e rejuvenescido em 2013, o Punto T-Jet é baseado no Grand Punto Abarth italiano, do qual herdou o motor 1.4 turbo de 152 cv e os acertos de suspensão. Durante quase uma década, isso foi suficiente para deixar todos os esportivados (carros comuns fantasiados de esportivos) no chinelo. Mas o cenário mudou.

A Renault acaba de lançar o Sandero R.S. 2.0, com motor flex aspirado de 145/150 cv (gasolina/etanol) e todos os atributos que a Renault Sport entrega em seus carros: dinâmica superior, aceleração convincente e visual marcante. A briga agora é para saber qual deles é o melhor esportivo nacional. Como acontece desde a estreia do novo site, MOTOR SHOW agora atribui de meia estrela a cinco estrelas (equivalem a notas de 1 a 10) para os carros em dez itens: motor, câmbio, performance, consumo, segurança, equipamentos, multimídia, conforto, porta-malas e prazer ao dirigir.

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Desses, somente os quesitos conforto e prazer ao dirigir são subjetivos. E o Punto arrancou na frente com nota máxima em motor, pois seu 1.4 turbo entrega excelentes 111 cv/litro, contra modestos 75 cv/litro do Sandero. Ambos têm modos de condução esportiva, que aumenta a força do motor e melhora as acelerações. No Punto T-Jet, o retardo na resposta do turbo tira um pouco do brilho da tocada e exige que o motorista esteja sempre concentrado para tirar o melhor desempenho do carro, devido ao baixo torque em baixa rotação.

Já o Sandero R.S. tira vantagem do motor aspirado de maior cilindrada para ser mais ágil e entregar sua performance de forma natural. Na pista, o Renault ganha do Fiat por 0,3 segundo na prova de 0-100 km/h e conseguiu 3,5 estrelas. Nas ruas e na estradas, graças também ao volante de pegada bem grossa e ao câmbio com uma marcha a mais (sem overdrive), o Sandero R.S. se saiu melhor nos itens câmbio (três estrelas) e prazer ao dirigir (3,5 estrelas).

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Curioso que o Sandero R.S. tenha conseguido ser um pouco mais prazeroso ao volante sem ter ajuste de profundidade do volante (item disponível no Punto, que também tem ótima posição de dirigir e atende bem a pilotos de qualquer estatura). Os dois empataram na lista de equipamentos de série. O sistema multimídia do Sandero é melhor porque já vem com navegador por GPS (item opcional de R$ 1.599 no Punto). Na transformação de Abarth italiano em T-Jet brasileiro, uma ausência é inexplicável: os controles de estabilidade e tração.

Por causa disso, o Fiat perdeu meia estrela em segurança. Sua nota seria maior se os airbags laterais (opcionais de R$ 3.479) fossem de série. De qualquer forma, Renault também não os tem nem como opcionais. O Sandero R.S. é ligeiramente maior que o Punto T-Jet em comprimento (3 mm) e menor em altura (1 mm), mas os 6 mm a mais em largura fazem alguma diferença. No Punto, o joelho direito do motorista encosta no console, enquanto no Sandero o espaço é generoso. A sensação de amplitude a bordo é bem maior no carro da Renault. Para compensar, o T-Jet tem um acabamento mais elegante e o quadro de instrumentos traz o velocímetro e o conta-giros do mesmo tamanho.

Pena que o conta-giros esteja do lado direito e que o marcador de pressão do turbo fique escondido (só aparece no modo dinâmico e de forma discreta). A Renault poderia ter sido mais ousada no quadro de instrumentos do R.S., mas o conta-giros do lado esquerdo, embora seja um pouco menor, ajuda numa tocada esportiva. Como os bancos do Sandero R.S. são extremamente macios e o espaço na traseira é bem maior, ele também ganhou meia estrelinha a mais em conforto. Estamos falando de esportivos familiares para pessoas de classe média alta, que não necessariamente têm outro carro na garagem.

Por isso, o conforto também é um quesito importante. Aliás, o porta-malas do Sandero carrega 320 litros, contra 275 do Punto. Visualmente, os dois carros têm bons elementos de esportividade. Ambos trazem uma faixa preta na lateral que tranquilamente poderiam ser eliminadas sem prejudicar o design. Quando esses dois hot hatches estão lado a lado é possível ver que o Punto está um pouco defasado em desenho – ele ainda tem formas arredondadas!

O novo Sandero exibe um visual mais agressivo, principalmente na frente, onde se destacam o spoiler acentuado, a impressão de que ele está mais assentado no chão e as luzes diurnas de LED. Nas laterais, as rodas do Punto T-Jet são mais trabalhadas, porém a simplicidade das rodas pretas do Sandero R.S. e os pneus de perfil baixo lhe conferem mais personalidade. Na traseira, o aerofólio mais acentuado do Renault ajuda a deixar o carro no chão em curvas feitas acima de 150 km/h.

Mas, para ter as mesmas rodas aro 17 do Punto T-Jet, o Sandero R.S. precisa contar com seu único opcional (R$ 1.000), pois as rodas originais são de 16 polegadas. O T-Jet avaliado estava com pneus Pirelli P6 205/60 R17 e o R.S. usava Continental 87V ContiPower Contact 205/45 R17. A diferença de pontos entre eles foi pequena (média 2,9 para o Sandero contra 2,7 do Punto), mas o R.S. venceu dois itens fundamentais num esportivo: performance e prazer ao dirigir. Além disso, para contar com câmera de ré e teto solar elétrico skydome (dois itens interessantes no carro avaliado), o comprador de um T-Jet teria de desembolsar mais 5.923.

Se quiser o carro nas cores preto ao azul, outros R$ 1.350. Completo, o Punto T-Jet pode custar R$ 79.151 ou R$ 80.501, dependendo da cor. Completo, o Sandero R.S. custa R$ 59.880. E mesmo sem considerar os opcionais a diferença entre eles é grande: R$ 9.270. Como dissemos, o panorama de mercado mudou. Só pelo que ambos entregam dinamicamente, o Sandero R.S. já teria nossa indicação. Com essa diferença de preço, mais ainda.