01/12/2008 - 0:00
O consumo de combustível do seu carro é responsável, em primeiro lugar, por quanto você vai gastar no posto. Além disso, nas grandes cidades, a poluição é um problema crônico, que causa diversos males para a saúde. E toda esta poluição é diretamente proporcional ao quanto seu carro consome. Hoje, algumas montadoras divulgam o consumo de seus veículos, enquanto outras preferem não falar no assunto. Mas isto está para acabar: a partir de abril do ano que vem, um “selo” indicará o consumo de combustível dos carros vendidos no Brasil e o comparará com os concorrentes. Na verdade, será uma etiqueta igual àquela das geladeiras (veja os detalhes abaixo). O Programa Nacional de Etiquetagem Veicular segue uma tendência mundial: programas similares são utilizados nos EUA, por exemplo, há mais de 23 anos, e na Europa há dez anos. Bem, antes tarde do que nunca. A participação no programa inicialmente será voluntária, o que leva à questão: quais montadoras participarão do programa? “Oficialmente, ainda nenhuma, mas oficiosamente várias.
A partir do momento que a primeira aderir, as outras estarão procurando participar, até pela competição comercial que existe em nosso mercado”, responde Jackson Schneider, presidente da Anfavea, em entrevista exclusiva à MOTOR SHOW.
Ao decidir participar, as montadoras serão obrigadas a declarar o consumo de pelo menos metade de sua linha de produtos. Questionado se isso não as levaria a declarar apenas o consumo dos carros econômicos, interessantes do ponto de vista de marketing, Schneider explica que “a idéia é que toda a linha de produtos seja escolhida. Vão iniciar com alguns modelos, mas a lógicaé que, com o tempo, toda a linha seja envolvida”.
MOTOR SHOW leva a questão ambiental a sério, por isso achamos que o ideal seria a etiquetagem obrigatória. “O cliente vai se familiarizar com o programa e vai perguntar: ‘Por que este aqui não tem? Estão escondendo alguma coisa?’ Isso é muito importante, é o consumidor que vai selecionar os melhores”, explica João Jornada, presidente do Inmetro, órgão que será responsável pelos números de consumo, por meio da fiscalização dos laboratórios que farão as medições. “É o Inmetro que está por trás destes números, são números confiáveis. Não é a empresa que está por trás, eles ficarão dentro de um rigor metodológico muito grande.” Esperamos que, a exemplo doque aconteceu com as geladeiras, a medida leve à reduçãodo consumo médio dos veículos, praticamente sem mudanças desde que começou a ser medido pela Cetesb, em 2003.
1. Ano em que a comparação do veículo com os demais foi realizada. Todo ano as montadoras terão que fornecer uma lista completa dos modelos que terão a medição de consumo divulgada.
2. Serão oito categorias, divididas por tamanho (subcompacto, compacto, médio e grande) e “uso específico” (esportivo, fora-de-estrada, comercial leve e comercial derivado de veículo de passageiros.
3. Identificação completa do carro, com dados do motor e tipo de câmbio. Participarão do programa, inicialmente, os carros movidos a gasolina, álcool e GNV. Os que usam diesel ficam de fora.
4. Os carros receberão uma classificação de “A” a “E” conforme o consumo, sendo “A” os mais econômicos. Importante notar que a nota é gerada a partir da comparação com os carros da mesma categoria: um esportivo “A” pode gastar mais que um compacto “E”, por exemplo.
5. Consumo em quilômetros por litro, conforme o combustível usado. A norma de medição é a mesma usada hoje pelas montadoras (ABNT NBR 7024), mas ela será feita sob a supervisão do Inmetro.
6. A participação das montadoras não é obrigatória e mesmo que participem, podem divulgar os números na concessionária e não no veículo. Se colocarem no veículo, não pode ser tirada antes da venda.
7. O consumo é medido em condições ideais – e iguais – em todos os veículos, e serve para comparação. A maneira como se dirige pode aumentar ou diminuir consideravelmente o consumo, por isso o aviso.