23/12/2015 - 15:23
Enquanto marcas como a Ford andaram “democratizando” o acesso ao sistema de controle de estabilidade o instalando em carros “populares” como o Ka SEL, outras, como a Toyota, negam esse importante dispositivo de segurança até mesmo para os consumidores que gastam mais de R$ 100.000 em um Corolla topo de linha. Um verdadeiro absurdo, já que, como diz a máxima, “segurança não pode ser opcional”. Felizmente o Contran concorda com isso e nos traz mais uma excelente notícia: o controle de estabilidade, que existe há 20 anos, finalmente será obrigatório nos carros vendidos no Brasil. A lei terá aplicação gradual e só englobará todos os carros novos fabricados no País a partir de 2020, mas não deixa de ser um belo presente de Natal para os brasileiros.
A lei faz parte de uma nova visão do Contran, que há alguns anos decidiu criar leis para obrigar a aplicação de dispositivos de segurança ativa e passiva. E por que obrigar? Porque quando a decisão de ter ou não esses itens – que, dependendo da marca, eram oferecidos como opcionais, e só em modelos acima de uma certa faixa de preço, ou até jamais oferecidos, como no caso do Corolla – partia do consumidor, ele simplesmente não optava por eles (minha mãe mesmo me deixou enfurecido certa vez por comprar um carro com bancos de couro, mas sem airbags e ABS, que custavam o mesmo; se morresse em um acidente, pelo menos seria confortavelmente). A baixa aplicação desses dispositivos de segurança era um indicador de que não era só minha mãe quem fazia escolhas erradas.
Tudo começou com a dupla airbag duplo/ABS, hoje totalmente obrigatória em qualquer carro vendido aqui. A obrigatoriedade do sistema isofix para fixação de cadeirinhas infantis é outra vitória recente. Meu filho usa cadeirinha com isofix há alguns anos e não consigo conceber usar outra diferente. Quando um carro sem os pontos de fixação aparece para avaliação, até evito pegá-lo. è inacreditável que tenhamos vivido tanto tempo sem; Hoje, antes mesmo da lei entrar em vigor, o segmento de compactos populares já tem três modelos com o sistema: Hyundai HB, o pioneiro, VW Up e, o mais recente, Ford Ka.
Mas o que faz o ESP, afinal?
Criado em 1995 pela Bosch, o ESP é um sistema eletrônico que usa sensores inteligentes para controlar a trajetória do carro. Ele compara a movimentação do volante com a direção do carro 25 vezes por segundo. Quando há qualquer problema, o sistema primeiro intervém reduzindo o torque do motor transmitido às rodas. Se isso não for suficiente, atua freando as rodas individualmente para gerar um movimento contrário à derrapada do carro, seja um substerço ou sobresterço (hoje, evoluído, ele é combinado a inúmeros sistemas de auxílio, como o de partida em subidas, que evita que o carro vá para trás). É útil principalmente em pistas molhadas ou escorregadias, mas atua sempre, em qualquer situação. Nesse vídeo (em inglês) a Bosch unciona mostra como funciona o sistema:
Basicamente, ele corrige “magicamente” as barbeiragens do motorista, evitando acidentes e salvando vidas. Só na Europa e só no em 2011, o ESP evitou cerca de 33.000 acidentes e mais de mil mortes (e isso instalado em apenas 40% da frota). Algumas marcas chama o EPS de outros nomes, como VSA (Vehicle Stability Assistant), ESC (Electronic Stability Control), etc…
Próximos passos: frenagem automática, câmera de ré, sensor de pressão…
Tecnologias que salvam vidas não podem jamais ser opcionais. Claro que é preciso que tenham um custo não muito alto para se tornarem obrigatórios, se não podem acabar tornando os carros inviáveis para a população de menor renda. Mas quanto maior a aplicação de sistemas como ESP, maior o volume de produção e menor o custo. Assim como airbags e ABS, o ESP já tem um custo bastante baixo.
Os próximos sistemas que aguardamos se tornarem obrigatórios, a exemplo do que já vem ocorrendo nos EUA e Europa, são frenagem automática (disponível aqui como opcional já em modelos como VW Passat, Audi A3 Sedan e Ford Focus, detecta colisões iminentes e as evita), câmera de ré (também já popularizada, evita atropelamentos de crianças) e sensor de pressão de pneus (alerta sobre pneus murchos).