01/05/2010 - 0:00
Seja gasolina, seja diesel ou álcool, o combustível que o motor queima é o principal responsável pela performance da máquina, seja na potência e no consumo, seja na emissão de poluentes. É na qualidade do combustível que está um dos grandes segredos do bom rendimento do veículo, tanto na estrada quanto nos centros urbanos, e na emissão controlada de poluentes na atmosfera, fato que contribui para um ar menos tóxico, principalmente nas cidades.
A química nos explica que da queima perfeita ou ideal dos combustíveis resulta energia (que o motor transforma em movimento para o veículo), o famigerado CO2 (que não faz mal aos seres humanos, mas contribui para o aquecimento global), e, finalmente, a inofensiva água (que sai dos canos de descarga na forma de vapor e nem sequer conseguimos ver). Mas, na prática, os motores não conseguem essa tal queima perfeita ou ideal – e disso resulta uma série de gases venenosos que os catalisadores existentes no sistema de escape se encarregam de eliminar. Mas, claro, quanto melhor for a qualidade do combustível, maior será a energia entregue pelo motor – resultando em melhor performance – e menor será a quantidade de poluentes expelidos na atmosfera. Veja as dúvidas mais frequentes que chegam à redação no que diz respeito aos combustíveis que usamos para alimentar nossos motores:
Quais as diferenças entre a gasolina comum e a gasolina aditivada?
A gasolina comum é um destilado do petróleo que, pela lei, deve ser acrescida de 20% de etanol anidro (sem água) e um pouco de corante (no caso, amarelo), que identifica sua condição de comum (lembrando que a gasolina é naturalmente transparente, como a água ou o etanol. A gasolina aditivada é uma gasolina comum que tem sua composição acrescida de compostos detergentes que evitam a formação de borras e crostas no interior do sistema de alimentação e injetores e as carbonizações no interior das câmaras de combustão, mantendo o sistema mais limpo. É bom lembrar que a ação limpadora da gasolina aditivada é muito lenta e seu benefício só é percebido se o motorista a utilizar frequentemente. Portanto, quanto maior o período de utilização, mais limpo será mantido o sistema de alimentação, injetores, câmaras de combustão e válvulas – tanto de admissão quanto de escape. Cada marca usa um corante distinto para sua gasolina aditivada, por isso sua cor varia bastante.
Quando uso gasolina aditivada o carro passa a ter um desempenho superior?
Não. O poder calorífico da gasolina aditivada é exatamente igual ao da gasolina comum. Assim, a energia liberada na queima dos dois combustíveis é exatamente a mesma. A longo prazo, como a gasolina aditivada mantém o sistema de alimentação mais limpo, a menor obstrução pela carbonização nas válvulas e um jato mais homogêneo da gasolina que alimenta o motor tornarão a performance do motor mais estável. Com a gasolina comum, o tempo fará com que a pulverização do combustível pelos injetores seja irregular e o excesso de carbono nas válvulas dificulte a circulação dos gases pelas câmaras, comprometendo a performance. Exatamente por isso – e apenas a longo prazo -, a utilização de gasolina aditivada manterá o desempenho inicial do motor e a gasolina comum ocasionará redução da performance.
E a gasolina chamada de “premium”, por que ela é superior? Suas qualidades justificam o preço bem mais alto?
As principais marcas distribuidoras de gasolina costumam comercializar em alguns de seus postos de serviço (principalmente naqueles localizados em locais mais nobres ou com grande movimento de carros e motos importados) uma gasolina especialmente destilada, que apresenta ótima performance em motores de alta potência específica ou sobrealimentados com turbo ou compressor.
Estas gasolinas oxidam menos que as normais, e, por isso, têm um tempo de validade superior. São recomendadas também para carros que ficam parados durante muito tempo ou nos tanquinhos de partida a frio dos carros flex. A mais conhecida é a Podium, da Petrobras, mas outras grandes marcas também possuem suas gasolinas “especiais”. Utilizadas em um carro que foi calibrado para utilizar gasolina comum, não fazem a mínima diferença – seja na performance, seja no consumo. Em contrapartida, nos motores mais “apimentados”, fazem toda a diferença nestes dois quesitos. Se considerarmos os benefícios em carros que necessitam desse combustível, seu preço é, sim, justo.
Qual é o método mais comum que os desonestos utilizam para adulterar a gasolina e o etanol?
Pela legislação vigente, nossa gasolina deve ter, no máximo, 20% de etanol anidro (sem água). Até alguns meses atrás, este valor máximo era de 25%, mas a entressafra da cana-de-açúcar obrigou o governo a reduzir esse valor. Como o etanol custa, em algumas regiões do País, aproximadamente metade do preço da gasolina, os desonestos adicionam mais etanol à gasolina do que o previsto em lei.
Com isso, eles vendem etanol a preço de gasolina e ganham mais. Para o carro a gasolina, isso significa menor desempenho e maior consumo. Nos carros flex, esta prática pode ser percebida apenas com o aumento do consumo, uma vez que esses motores se adaptam à maior quantidade de etanol, na maior parte das vezes até melhorando a performance. Como nosso etanol é hidratado (já é previsto cerca de 6% de água em sua composição), os desonestos adicionam mais água ao etanol. Apesar de esses casos serem menos frequentes, eles acontecem. O resultado é pior desempenho e maior consumo.
Como sei se a gasolina que utilizo é “batizada” com mais etanol do que o previsto pela lei? E como sei se o etanol que uso tem mais água que o normal?
Há um teste simples que utiliza uma proveta (recipiente graduado cilíndrico de vidro) onde se coloca uma quantidade fixa de gasolina e outra igual de água. Quimicamente, a tendência é de que o etanol se misture à água e, como a gasolina não é miscível em água, haja uma divisão clara entre água e gasolina.
Assim, fica fácil visualizar a água com o etanol que ela absorveu, ambos transparentes na parte superior, e a gasolina amarela, pura, na parte inferior. Dessa forma, é possível ver claramente o quanto existia de etanol diluído na gasolina e conferir se o percentual corresponde ao exigido por lei. Com etanol, o teste é semelhante, e a separação acontecerá entre o etanol (levemente translúcido) e a água. Aí, a partir da leitura da proveta, aponta-se qual é a quantidade de água no etanol. A boa notícia é que os postos são obrigados a fazer esse teste se o motorista exigir. Caso contrário, o consumidor pode registrar uma denúncia formal para a Agência Nacional do Petróleo (ANP), e o posto pode ser multado ou até fechado.
Quais os cuidados que devo tomar para abastecer meu veículo que usa diesel? E o tal do biodiesel, pode me causar algum tipo de problema?
Escolha sempre postos que possuam sistemas mais completos para a filtragem do combustível: como o mecanismo e as dimensões que envolvem o sistema de alimentação dos motores a diesel é muito preciso, qualquer pequena contaminação do combustível pode causar sérios problemas no sistema de alimentação. Claro que os filtros originais devem ser trocados nos períodos máximos determinados pelo fabricante do veículo. Fique atento! Com relação ao biodiesel, ele é misturado ao diesel derivado do petróleo em uma proporção que fica na casa dos 5%. Trata-se de um óleo combustível vegetal que, nesta proporção, não altera em nada a durabilidade dos componentes originais e nem causa perda de performance do motor.