Um motorista sai para uma viagem noturna com seu automóvel. Ao entrar na estrada e atingir velocidade constante, ele liga o piloto automático e passa o controle à máquina. O carro mantém a velocidade, e também a reduz caso algum audacioso veículo lhe dê uma fechada, diminui os faróis ao cruzar com um carro em sentido contrário, lê – por meio de uma câmera de infravermelho – os obstáculos que estejam fora do alcance dos faróis, e ainda se preocupa em monitorar o motorista para evitar que ele, com tamanho auxílio eletrônico, acabe dormindo ao volante.

Anal, a direção continua sendo uma de suas únicas responsabilidades a bordo. Parece cena de lme? Pois é, na verdade, uma descrição muito próxima do cotidiano do proprietário do novo Classe E, já que a preocupação com a segurança foi um dos parâmetros do desenvolvimento da atual geração desse ícone da Mercedes-Benz.

Na versão três volumes, com proposta inevitavelmente mais familiar, a tecnologia embarcada pode até arrancar muitos comen tários elogiosos, mas em um cupê. Em um carro essencialmente esportivo, sempre vai haver quem torça o nariz para tanto controle.

Bobagem, a restrição seria válida apenas se essas características fossem o único atrativo do carro. Não são. Sob o capô, um moderno seis cilindros em V de 272 cv e 35,7 kgfm de torque trabalha de forma a nada com o câmbio sequencial de sete marchas. O conjunto movimenta, com determinação, o modelo de tração traseira e signi cativos 1.645 kg.

Mas não espere comportamento agressivo ou arisco. Neste cupê, assim como em todos os modelos da marca – com exceção feita aos AMG -, o alto desempenho nunca vem em detrimento do conforto e da linearidade de condução. O motor é progressivo e até silencioso e o controle eletrônico, que pode ser desativado, dá pitaco ao menor sinal de perda de tração, impedindo que as rodas traseiras percam contato com o solo. Como bônus, o consumo é extremamente contido. Ele só ca nervoso se você apertar a tecla sport. Daí, ele vira quase um esportivo.

Na versão E 350, única disponível no Brasil, os números atendem muito bem a quem quer um carro rápido: zero a 100 km/h em 6,4 segundos e máxima (limitada) de 250 km/h. Quem deseja mais pode aguardar pela E 500 com motor V8 de 388 cv que deve começar a ser vendida, sob encomenda, ainda este mês.

Por cerca de R$ 20 mil a menos do que os R$ 279.250 (tabela Fipe) pedidos pela Mercedes, você tem a opção de levar um Audi A5, uma outra opção de cupê cheio de estilo e com desempenho semelhante. Mas, na hora de tomar esta decisão, talvez toda aquela tecnologia embarcada faça bastante diferença.