01/04/2011 - 0:00
O peso maior da Frontier melhora o contato dos pneus com o solo. Com o Tiida, é preciso se manter no trilho de asfalto. Outra preocupação é com o gelo sobre o carro. Quando um bloco se solta, vira um obstáculo na pista
O fato de não haver neve no Brasil nos deixa inaptos para lidar com ela, principalmente no carro. Um ano atrás, viajei por dois Estados norte-americanos debaixo de neve a bordo de um Nissan Tiida (Versa, nos EUA). Na locadora, muitas recomendações: “Você vai derrapar, não tem controle de tração”. Aquela atendente tinha certeza de que, em poucos quilômetros, haveria um latinoamericano preso em um guard-rail.
Não cheguei a tanto, pois já havia guiado várias vezes na neve – mas sofri. Dirigir no gelo exige cautela e tranquilidade. Um bom começo é ter prática na lama (dá para treinar no Brasil) e não ter medo de aquaplanagem (quando as rodas perdem contato com o chão devido ao excesso de água na pista). Você tem que dirigir com suavidade. Imagine que está descalço e que tem pontas de prego no pedal do acelerador e, principalmente, no do freio. Se conseguir manter as duas rodas nos trilhos pretos de asfalto em meio à brancura da neve, a pilotagem é quase normal. O “quase” fica por conta do gelo. Nesses trechos, é preciso “ler” a pista, ver o brilho diferente e calcular cada movimento. Não adianta mudar a trajetória ou frear. No gelo, a aderência é zero. Sempre.
Em janeiro deste ano, fiz praticamente o mesmo percurso, com a mesma temperatura, só que guiando uma Nissan Frontier que, além de ser 4X4, tinha controles de tração e estabilidade e ABS. Isso fez toda a diferença. Com tração integral, quase sempre existe uma roda em contato com o solo. Quando a pista fica realmente brava, a eletrônica toma conta da situação, freando rodas alternadamente e cortando o motor. Fica fácil entender o gosto dos americanos pelos 4X4: é bem mais seguro nas nevascas.