No final da década de 40 e início dos anos 50 começaram a chegar os primeiros carros com transmissão automática ao Brasil. Na época, eram veículos de luxo, como os Cadillac. Mas, naquele tempo, a transmissão era mais lenta, e deixava o consumo muito mais alto. Atualmente, um carro automático gasta, em média, 1,5 km/l a mais do que um manual e oferece números de desempenho bastante próximos aos da caixa manual.

Hoje já é possível encontrar o sistema em modelos menores, como os compactos Kia Picanto e Peugeot 206. Nesta categoria, porém, essa transmissão ainda é raridade. “O consumidor que adquire um veículo automático tem um nível de exigência maior, pois itens como ar-condicionado e direção hidráulica já são equipamentos básicos para ele”, explica a gerente de produto da Ford do Brasil, Adriana Carradori. De acordo com ela, o segmento em que mais o equipamento cresceu nas vendas foi o de médios.

DICAS DE USO

Ao subir ladeiras, selecione as marchas mais reduzidas, como 1, 2 ou L, dependendo do que está especificado no câmbio. Isso evita o desgaste e prolonga a vida do câmbio.

Não troque a marcha para a posição N em semáforos ou cruzamentos. Deixar no D economiza combustível, além de manter a temperatura da caixa. Atualmente, grande parte dos veículos, abaixo dos 3 km/h e sem que exista aceleração, simula a posição N (neutro) automaticamente.

Evite trocar as marchas manualmente sem necessidade. Usar as reduções em subidas longas é uma maneira eficiente de evitar o desgaste do sistema, mas, se as reduções forem desnecessárias ou muito constantes, podem causar problemas de lubrificação na transmissão.

Não coloque a alavanca no N com o carro em movimento. Esqueça o ponto-morto e o vício de usá-lo em carros manuais. Com a alavanca no D, você evita problemas de lubrificação da caixa, além de descansar a mão direita.

Se você quiser que as mudanças de marcha sejam feitas em rotações mais altas, opte (se o carro oferecer) por dirigir com a alavanca em S. As trocas serão mais esportivas, mas o consumo vai aumentar.

Nos carros em que exista a opção de overdrive (marcha para economia que não aumenta a velocidade) se possível, é melhor desligá-lo no anda-e-pára, para que o sistema trave nas primeiras marchas que serão mais usadas, evitando trocas desnecessárias.

 

TIPOS DA CÂMBIO

CVT (TRANSMISSÃO CONTINUAMENTE VARIÁVEL ): não possui engrenagens, apenas duas polias de diâmetro variável unidas por uma correia e comandadas eletronicamente. Este câmbio oferece uma aceleração contínua, pois permite variação entre a marcha mais alta e, mais baixa sem degraus.

MANUAL AUTOMATIZADA : conta com sistema de embreagem (sem o pedal) igual ao de um carro manual, porém, um sistema eletrônico com sensores de velocidade e rotação, realiza as trocas de marcha no momento correto.

AUTOMÁTICA CONVENCIONAL : o conversor de torque hidráulico, no lugar da embreagem, transmite o torque do motor para o câmbio. O sistema eletrônico detecta a relação entre velocidade e rotação do motor e faz as trocas.

 

MANUTENÇÃO

A vida útil da transmissão automática fica entre 200 mil e 300 mil quilômetros rodados, percurso em que o carro manual já teria trocado a embreagem algumas vezes. Porém, o usuário deve fazer a manutenção exatamente como descrito no manual. As trocas de óleo devem ser realizadas em oficinas de confiança, e o óleo tem que ser o especificado pela montadora. “Acontece muito de as pessoas colocarem qualquer tipo de óleo. Ou então nem trocarem o fluído”, diz Mauro Frison, proprietário da oficina FrisonTech. O empresário ainda acrescenta que por falta de manutenção correta o câmbio pode travar, e o reparo do dano acaba custando de R$ 12 mil a 15 mil, quando bem realizado. Frison também alerta que as peças utilizadas no reparo devem ser originais.

Em 2003, apenas 28% dos veículos médios (hatch e sedã) contavam com o câmbio automático. Já no período de janeiro a abril deste ano, a porcentagem subiu para 40%. Mesmo assim, o mix de venda de veículos médios automáticos só é dominante nos modelos de carroceria sedã, pois, segundo a executiva da Ford “quem compra um hatch médio busca mais esportividade e, por isso, prioriza outros acessórios”. Hoje, 69% dos Focus Sedan foram comercializados com a transmissão automática, contra apenas 36% da versão hatch. Com o Vectra, a história se repete: 70% das vendas do sedã são de unidades com câmbio automático, contra 30% do Vectra GT.

Atualmente, a diferença de valor entre um carro manual e um que dispensa as trocas varia de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Porém, os mais baratos não são as transmissões automáticas e, sim, as manuais automatizadas, como a Dualogic, da Fiat, e a Easytronic, da GM. Elas têm todo mecanismo de um carro manual, inclusive a embreagem, mas não existe o pedal esquerdo e um sistema eletrônico se encarrega de realizar as trocas de marcha no lugar do motorista. Por ter custos mais baixos, muitos apontam o equipamento como uma alternativa viável para carros menores.

Segundo Adriana, daqui a uns cinco anos, muitos modelos compactos, nas versões completas, receberão a opção da transmissão automática e terão uma boa aceitação do público. A verdade é que a embreagem não está nos planos para o futuro do automóvel. Afinal, até alguns esportivos já têm o câmbio mecânico automatizado.