Luzes de freio e lanternas são vermelhas, luz de ré é branca e pisca é laranja, certo? Nem sempre. Para facilitar a vida dos carros importados do México, o Brasil passou a permitir que os modelos vindos de lá mantenham o padrão mexicano/americano de luzes traseiras. Assim, modelos como Ford Fusion, Nissan Sentra, entre outros, têm a luz da seta que pisca em vermelho, e não laranja. Faz diferença? Para mim faz, e muita.

Quando dirigimos, grande parte de nossa atitudes e reações são totalmente automáticas. Nosso cérebro se acostuma com atitudes como trocar de marcha, por exemplo, e por isso mesmo você não pensa, a cada vez que muda a marcha, em pisar na embreagem, mover a alavanca, etc. Você simplesmente faz, e pronto.

A reação à sinalização dos outros carros funciona mais ou menos da mesma forma. Você não fica a toda hora pensando qual luz está piscando e por quê. Basicamente, uma luz vermelha acessa é lanterna; quando fica subitamente mais forte, é freio (mesmo que seja só de um lado, porque nem sempre você consegue ver imediatamente os dois lados do carro e o brake-light). É assim que nos acostumamos, é assim que sempre foram os carros aqui.

Então você está a 60 km/h na marginal ou em uma grande avenida e há um carro um pouco a sua frente na pista da esquerda. No lado direito da traseira dele uma luz vermelha está acesa, porque é noite e ele está com os faróis e lanternas acesos. Normal. De repente essa luz vermelha fica forte (e você nem está vendo o outro lado do carro, pois ele está encoberto por outro carro que vem atrás). Seu cérebro brasileiro – e não mexicano ou americano – registra de imediato que o carro está freando, mas como ele está na outra pista sua primeira reação não é a de frear. Até que aquela luz vermelha se apague e acenda de novo, até seu cérebro registrar que aquilo é, na verdade, um pisca mexicano, de duas uma: ou você deixou de dar passagem para o outro motorista mudar de faixa e ele ficou lá, esperando, ou você não reduziu a velocidade e ele te deu uma fechada.

Em qualquer uma das hipóteses, aconteceu algo inesperado, e surpresas são sempre indesejadas no trânsito. Já fui o motorista do carro mexicano que ficou sem passagem, já fui o motorista que vinha atrás e tomou uma fechada.

Alguns fabricantes preferem não aproveitar essa exceção na lei e, mesmo fabricando no México, colocam piscas com luz laranja nos carros que são destinados ao Brasil. Uma medida que gera um trabalho a mais na linha de montagem, mas é muito bem-vinda.