A temperatura subiu, a neve passou longe e Detroit recebeu jornalistas de todo o mundo com céu azul – e números da mesma cor. O que mais se ouviu dos fabricantes durante o Naias (North American International Auto Show) foram as palavras “crescimento” e “recorde”. Depois de uma grave crise na década passada, 2012 foi mais um ano de recuperação – e, por isso, o salão de 2013 teve muitos lançamentos mundiais. Foram 50 ao todo, entre versões, séries especiais, novas gerações e carros absolutamente novos. E se nos últimos anos a crise encheu Detroit de modelos compactos e econômicos, mesmo com o preço do combustível ainda nas alturas, os SUVs grandes, os sedãs luxuosos, as picaponas e os esportivos voltaram a ter destaque (com tecnologias para gastar menos).

O que fez lembrar a a crise foram alguns dos carros-conceito. No lugar do “veja que maluquice poderíamos fazer”, os show cars diziam: “olhe o que está por vir” – o que pode ser encarado também como “isso parece conceito mas está quase pronto”. Estavam lá o futuro Toyota Corolla (Furia Concept), os próximos SUVs de sete lugares da Volks (Crossblue Concept, um híbrido a diesel) e Acura (MDX Prototype), além dos novos Nissan Murano (Ressoance), Ford F-150 (Atlas Concept), BMW Série 4 (Série 4 Coupé Concept) e Hyundai Genesis (HCD-14 Genesis). Ainda na forma de estudos foram exibidos os SUVs compactos Lincoln MKC e o – importantíssimo para o Brasil – “anti-EcoSport” da Honda, o Urban SUV Concept (mais sobre ele na página 25).

Já entre os lançamentos prontos para produção, os maiores destaques foram os novos e luxuosos Mercedes Classe E – lançado já nas versões Wagon, Coupé, Sedan, Cabriolet e AMG –, Maserati Quattroporte, Lexus IS (a gasolina e híbrido) e Kia Cadenza. Entre os esportivos, o Chevrolet Corvette Stingray foi a sensação: grande novidade do estande da GM, ao lado da nova picape Silverado, começa a ser produzido nos EUA no segundo semestre, mas não deve vir ao Brasil. Completaram o time de máquinas dos sonhos Cadillac ELR, BMW M6 Gran Coupé e Infinity Q50 – esse último será importado para o Brasil em 2014, com a estreia da marca de luxo no Brasil. Além disso, havia versões apimentadas de carros conhecidos: Mercedes SLS AMG Black Series, Mini JCW Paceman, Porsche Cayenne Turbo S e Bentley Speed Convertible, além dos Audi RS7, SQ5 e R8 (esse último avaliado nesta edição).

Entre os estandes que decepcionaram, estavam o da Ford – que comemorou 150 anos de Henry Ford sem uma estreia mundial. A picape-conceito Atlas (a nova geração da van Transit), único modelo de produção de destaque, já havia estreado na Europa. O espaço da Fiat-Chrysler também merecia mais. Além de
inúmeras versões do Fiat 500, o grupo mostrou o 500L, uma nova versão GT mais potente do Dodge Dart e as reestilizações tímidas dos Jeep Compass e do Grand Cherokee – que ganharam novos câmbios de seis e oito marchas, respectivamente, além de um sistema de desativação de cilindros para o motor V8 de 6,4 litros do último (na versão SRT8).

Já as maiores surpresas positivas vieram da Tesla e da Nissan. A inovadora fabricante da Califórnia, disse à MOTOR SHOW que ainda não tem planos para o Brasil, mas nos EUA e na Europa, vai vender seus Model S (avaliado na edição passada) e o novo crossover Model X que estreou no salão com eletricidade grátis por toda a vida útil dos veículos. Já a Nissan, além de prometer um produto novo a cada seis semanas até 2016, mostrou o Versa Note, substituto do Tiida – e acabou confirmando à MOTOR SHOW sua fabricação no Brasil (leia na reportagem de capa).

MOTOR SHOW conversou ainda com os executivos Ian Robertson, da BMW – que afirmou que, inicialmente, dará prioridade para fabricação no Brasil aos modelos Série 3 e X1 –, e Dieter Zetsche e Phillip Schiemer, respectivamente o CEO e o vice-presidente mundial de vendas da Mercedes. Embora tenham ambos manifestado interesse, mais uma vez, ainda não confirmaram a fabricação nacional do CLA, o maior “não lançamento” deste salão (leia mais na página 30).