O maior símbolo da marca Land Rover sempre foi o modelo Defender. Por esbanjar valentia, este jipão é uma ótima alternativa para os consumidores que realmente levam a vida com aventura. Com uma importação tímida desde que parou de ser montado ano Brasil, em dezembro de 2005, ele volta este ano com novidades que podem aumentar o nível de satisfação dos usuários e conquistar novos clientes.

O Defender 2008 desembarca no Brasil em três versões: 90, 110 e 130. Sob o capô, um novo motor turbodiesel de 2,4 litros common rail (que oferece 20% mais torque), e o câmbio agora dispõe de seis marchas. Com isso, a primeira marcha foi reduzida em 30% e a sexta alongada em 34%.

Externamente, a única mudança visual do modelo está no capô, que foi elevado para acomodar melhor o novo propulsor. Por dentro, o interior foi remodelado, o painel tem novos instrumentos, o arcondicionado foi redimensionado, a isolação acústica foi refeita e o sistema de som conta agora com leitor MP3 e entrada auxiliar para iPod.

A estimativa de vendas da Land Rover para os modelos Defender não é nada ambiciosa. Até porque a marca enfrenta uma dificuldade de oferta do carro para importação da Inglaterra. A previsão é de 250 unidades por ano, sendo 180 unidades do modelo 110, que leva até sete passageiros (a terceira fileira é opcional), 50 unidades da versão 90 e outras 20 unidades da recém-chegada picape 130. Todos os modelos terão 36 meses de garantia ou 100 mil km rodados. O preço sugerido pela marca é de R$ 144 mil para o 110, R$ 139 mil para o 90 e R$ 140 para a picape 130.

Acima, a frente remodelada do Defender. O capô foi elevado para acomodar melhor o motor. À direita, uma amostra dos trechos mais complicados da viagem que, segundo a montadora, exigiram apenas um terço da capacidade off-road do carro. Abaixo, o comboio em viagem

Com o intuito de testar a nova Defender em seu ambiente natural, a Land Rover promoveu, para a imprensa, uma expedição a um dos lugares mais exóticos do território nacional, o Jalapão. O Parque Nacional do Jalapão, no Estado do Tocantins, é uma área de 34 mil km2 com ambientes que variam de lindas cachoeiras e nascentes até planícies de características desérticas. Uma das maiores curiosidades do local é a baixa densidade demográfica, maior apenas que Floresta Amazônica. São só 26 mil moradores, o que totaliza 0,8 habitantes por km2. Em uma das paradas da expedição, conhecemos Vicente Alves de Oliveira, que deixou mulher e filhos para morar no Jalapão. Dono de uma fazenda de 2.000 hectares, ele só visita a família de dois em dois anos, quando volta a Minas para trocar de carro. “Para quem gosta de ficar sozinho com a natureza, é um paraíso”, diz Oliveira, justificando seu estilo de vida.

Acima, o belo Rio Novo, que banhava o acampamento da expedição. À sua direita, as dunas, um famoso ponto turístico do Jalapão

Antes de entrar no Parque Nacional do Jalapão, o comboio passou por diversas cidades. Uma delas foi Ponte Alta, que ganhou esse nome por causa da ponte (ao lado e acima) sobre o rio que cruza a cidade

Em meio às trilhas, a equipe fez uma pausa para relaxar, mergulhando nas águas da cachoeira do Formiga

Vicente, dono de uma fazenda de 2.000 hectares, é um dos poucos habitantes da região, que tem a segunda menor densidade demográfica do Brasil. À direita, o artesanato local, feito com capim dourado. Uma arte muito valorizada no Exterior

Para dar a volta no Parque, rodamos 700 km a bordo de um Defender 110. Durante este percurso encontramos diversas situações em que sua capacidade off-road foi colocada à prova. Tanto em estradas de terra, onde mantínhamos velocidades de até 110 km/h, como em vielas de solo esburacado, que nos faziam abusar da reduzida e do bloqueio do diferencial. Apesar da força dos veículos, dois dos cinco carros que compunham nosso comboio tiveram o cárter perfurado. Estranho para um veículo tão robusto.

Depois do fim da viagem, a marca convocou uma coletiva de imprensa para explicar o que aconteceu com os carros. Segundo a Land Rover, houve um problema na linha de montagem na Inglaterra. O cárter instalado nos Defender, na verdade, pertencia a outro modelo e, por isso, não possuía o desenho chanfrado, que deixa espaço para a movimentação do eixo cardã, o que causou o rompimento da peça. Estimase que, das 206 unidades que vieram ao Brasil, de 10% a 15% possam apresentar o problema, mas todas serão analisadas. Como 40 delas já estão nas mãos de clientes, a marca fará uma ação de serviço sem ônus (recall só é obrigatório quando envolve itens que comprometam a segurança) para solucionar o problema.