Era 1985 quando estreou o primeiro filme da trilogia “De Volta para o Futuro”, tendo como seu principal protagonista automotivo o então quase desconhecido DeLorean DMC-12, no papel de uma máquina do tempo. 30 anos depois, o fracassado carro de aço inoxidável foi alçado ao status de cult, graças ao seu sucesso na telona. Conheça a seguir mais detalhes deste carro.

O modelo é fruto das ideias do engenheiro americano John DeLorean, que fez carreira na indústria automotiva e que foi o idealizador de modelos clássicos como os Pontiac GTO e Firebird. No início dos anos 1970, ele deixou a General Motors para fundar a empresa que levava o seu nome. O objetivo: fabricar um esportivo seguro e moderno, que estivesse bem à frente do seu tempo.

John DeLorean é a maquete inicial do DMC-12 (Foto: Divulgação)
John DeLorean é a maquete inicial do DMC-12 (Foto: Divulgação)

Além do motor rotativo Wankel em posição central, o esportivo teria linhas ousadas, carroceria de aço inoxidável e portas do tipo asa-de-gaivota. O resultado era muito promissor, mas aí teve início a trajetória atribulada da DeLorean Motor Company.

Para começar, a empresa que forneceria o motor Wankel faliu e a empresa teve que correr atrás de outro fornecedor. A primeira opção eram os motores V6 da Ford produzidos na Alemanha. Mas a marca do oval azul não teria como atender a demanda.

Foi quando surgiu a oferta de um propulsor 2.8 V6 desenvolvido em conjunto pela Peugeot, Renault e Volvo, que apesar do tamanho desenvolvia apenas 132 cv. Longe do ideal, mas como se diz popularmente, era o que eles “tinham para hoje”.

A mudança exigiu a alteração completa do chassi, que passou a ter o motor atrás do eixo traseiro. Com dificuldades para afinar a estrutura, a DeLorean teve que recorrer a Colin Chapman, o fundador da Lotus, para desenvolver a plataforma do DMC-12.

Com isso, os atrasos no projeto (e os problemas de caixa da empresa) se acumulavam. A produção estava programada para começar em 1979, numa fábrica construída na Irlanda do Norte com incentivos do governo local, mas só teve início dois anos depois.

Problemas de qualidade, prejudicada pela inexperiência dos operários com a montagem de carros, o alto preço (equivalente a atuais US$ 65 mil, ou R$ 255 mil) e o motor que estava longe de atender aos desejos dos fãs de esportivos fizeram o DMC-12 encalhar nas lojas.

A fábrica fechou às portas em outubro de 1982, após cerca de 9.000 unidades produzidas e acusações de que DeLorean estaria envolvido em uma operação de tráfico de cocaína para capitalizar a empresa.

Hoje desejado, um exemplar usado nas filmagens foi vendido por US$ 541 mil em 2011. Recentemente, uma empresa americana batizada de DeLorean Motor Company (que não tem ligações com a montadora falida) anunciou o relançamento do modelo. A viúva de John DeLorean (morto em 2005), porém, processou a companhia, alegando que a nova empresa usa ilegalmente a marca DeLorean. Parece que nem o sucesso fez a marca se livrar dos contratempos…

O FILME

DMC-12 em cena do filme "De Volta para o Futuro" (Foto: Reprodução)
DMC-12 em cena do filme “De Volta para o Futuro” (Foto: Reprodução)

E foram justamente as linhas futuristas do DMC-12, então um carro fora-de-linha de uma montadora falida, que levaram o diretor de cinema Robert Zemeckis a selecionar o modelo para ser a máquina do tempo dos três filmes da série “De Volta para o Futuro”. E o restante da história, todos nós já sabemos.

Após assistir o primeiro filme da série, John DeLorean enviou uma carta de agradecimento à produção, em que agradece o fato do modelo ter sido imortalizado na telona. “Obrigado por terem seguido com o meu sonho”, ressaltou o engenheiro.

A propósito: foi exatamente no dia 21 de outubro de 2015 que Marty McFly (Michael J. Fox) e o Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd) desembarcaram em Hill Valley, após uma viagem no tempo de 30 anos. Confira abaixo o vídeo com este momento histórico do filme “De Volta para o Futuro 2”.