01/03/2009 - 0:00
Em 22 de maio de 1930 nascia em Turim, Itália, um dos maiores estúdios de design do mundo: o Carrozzeria Pinin Farina. Seu fundador, Battista Farina, tinha o apelido de “Pinin” – daí o nome Pininfarina.
Nos anos 30, era um pequeno estúdio com 150 funcionários.
Hoje é um império com mais de três mil empregados e instalações na Itália, na França, na Alemanha, no Marrocos, na Suécia e na China.
Em sua primeira década de vida, o estúdio trabalhava apenas com as marcas Alfa Romeo, Isotta-Fraschini, Fiat e Lancia, mas já mostrava sua vocação para inovar: o Lancia Astura Cabriolet, de 1936, é o primeiro destaque a sair das pranchetas. Em 1939, o negócio crescia em ritmo acelerado – já eram 500 funcionários – mas com a Segunda Guerra Mundial as atividades (e lançamentos) foram interrompidas até 1945.
A parceria de sucesso entre Pininfarina e Ferrari teve início em 1952 e foi responsável por boa parte do sucesso do estúdio italiano. A partir do alto, em sentido horário: a Ferrari F355, a F430 Syder, a Ferrari Enzo e a Ferrari F50, todas criações da equipe formada por Battista Farina, fundador do grupo em 1930
Após a guerra, em 1947, Pinin conquista a América com o Cisitalia – um esportivo de série limitada com chassi tubular e carroceria de alumínio que representou uma ruptura com o design adotado até então.
Seu desenho foi tão revolucionário que se tornou o primeiro carro exposto permanentemente no MOMA (Museu de Arte Moderna de Nova York). Depois de tanto destaque para suas criações, o estúdio Pininfarina começa a fazer parcerias. Em 1951, começa a desenhar veículos da Peugeot.
No ano seguinte, inicia-se a parceria mais famosa do estúdio – com a também italiana Ferrari. Mas o primeiro modelo resultante desta união só seria visto pelo mundo em 1959. Antes disso, com o Alfa Giulietta Spider, alcança sucesso global: os planos eram vendê-lo somente nos Estados Unidos, mas acabou sendo comercializado na Europa por pedido dos consumidores.
À direita, uma F50 e abaixo a exclusiva P4/5, um fora-de-série avaliado em cerca de US$ 4 milhões, que tem conforto de carro de luxo e desempenho de Ferrari Enzo
Em 1959, sai das pranchetas do estúdio a primeira Ferrari com a assinatura Pininfarina, a 250 GT SWB, que foi apresentada no Salão de Paris e produzida dois anos depois, em uma série limitada a 200 unidades.
Para Battista Farina, foi a primeira e última Ferrari: em 1968, com 73 anos, ele morre, e o comando do estúdio passa para seu filho, Sergio Farina e seu genro, Renzo Carli. A fama do estúdio era tanta que Sergio consegue autorização do presidente italiano para mudar seu sobrenome para Pininfarina. A partir daí, o estúdio foi ampliando as operações: além de projetar e produzir alguns modelos, passou a ter um centro completo de pesquisas, em 1968, e o primeiro túnel de vento para estudos aerodinâmicos da Itália, em 1972.
Nos anos 80 e 90, a parceria com a Ferrari se consolida com uma grande safra de carros: Testarossa, 512TR, GTO e 348TB, 456GT 2+2, F355 Berlinetta, F355 Spider, F50, 550 Maranello, 456M, 360 Modena, 360 Spider, 456GT. Além disso, são feitas mais parcerias, com a japonesa Mitsubishi e a chinesa Hafei. É desta época também o Fiat Coupé, que foi vendido no Brasil. Em 2002, é feita uma nova parceria com a Ford europeia para o Ka conversível,ou Streetka, que foi projetado e desenvolvido pelo estúdio (o atual Focus CC europeu também é Pininfarina).
E as grandes criações continuam surgindo até hoje: Maserati Quattroporte, Alfa Romeo Spider, e lógico, mais Ferrari: 575M Maranello, a “monstruosa” Enzo, 612 Scaglietti, F430, Superamerica e a exclusivíssima P4/5. Os últimos conceitos apresentados foram o Sintesi e o B0, que usam energia alternativa, sejam células de combustível ou baterias elétricas.
A P4/5 foi um modelo criado exclusivamente para um milionário norte-americano colecionador de carros, chamado James Glickenhaus
Durante nossa visita ao estúdio, no final de 2008, o clima era de tristeza e a empolgação, típica desses visionários e talentosos desenhistas de Ferrari não estava presente. É que, aos 51 anos, Andrea Pininfaria, filho de Sergio (atualmente com 81 anos) e principal herdeiro do grupo, falecera pouco tempo antes em um acidente de moto. A tristeza era sentida no ar.
No alto, o Lancia Astura, de 1936. À esquerda, o Crisitália, um esportivo de 1947. À direita (acima), a Alfa 1600 SS e o Fiat Coupé, que chegou a ser vendido no Brasil
Acima, a Maserati Quattroporte de 2003, mais uma marca do grupo Fiat para a qual o estúdio Pininfarina já criou modelos de fama
O Ford Ka conversível foi criado e desenvolvido pela Pininfarina. Abaixo, o conceito Hyperiun apresentado em Peeble Beach (EUA)
Acima, o Ford Focus CC vendido na Europa. Abaixo, os conceitos futuristas Sintesi e B0, que funcionam com energia alternativa