Antes de entrar nos detalhes desse novo Freelander, é preciso falar do Brasil. Se o que você vai ler e ver aqui interessaria até mesmo se os Land Rover continuassem sendo importados da Inglaterra, tudo ca muito mais atraente sabendo que alguns desses carros devem ser produzidos em Itatiaia (RJ) a partir de 2016. Muitos já dão como como certa a fabricação nacional do Range Rover Evoque, mas isso não deve acontecer. A marca britânica prefere apostar em modelos mais interessantes comercialmente, principalmente para quem procura SUVs mais próximos da faixa dos R$ 100.000/R$ 130.000. Dentro dessa estratégia, a estrela principal deve ser a terceira geração do Freelander, que (surpresa!) deve se chamar Discovery Sport. Sim, é isso mesmo! O atual SUV de entrada da Land Rover deve ganhar um novo nome.

A ideia pode ter vindo do próprio nome Discovery – que, por sua referência à exploração espacial, foi designado para a terceira série dos famosos ônibus espaciais: a nal, a Land Rover acaba de fazer uma parceria com a Virgin Galactic, a primeira companhia aeroespacial privada a transportar passageiros (milionários) ao espaço. Essa união marcou o anúncio de sua nova família off-road, que, sob a denominação Discovery, incluirá pelo menos três modelos. Assim, depois de duas gerações e quase um milhão de unidades vendidas no mundo, o Freelander se adaptará à nova loso a de uni cação das plataformas, com sua consequente economia na produção. Esse novo Freelander fará parte da nova família Discovery, junto com o Discovery “normal”, no topo da gama, e um compacto de entrada.

A identidade visual dessa família foi antecipada no Salão de Nova York, em abril, pelo conceito Discovery Vision. Colocado no convés do porta-aviões USS Intrepid – ancorado no rio Hudson –, ele serviu de embaixador para anúncio da parceria com a Virgin Galactic: os 4×4 britânicos da Land Rover serão os veículos o ciais que esses “astronautas” usarão durante o treinamento para a aventura, no Novo México, EUA, e também no caminho para o terminal de onde partirá o SpaceShip Two. “É difícil pensar em outra marca que expresse tão bem os conceitos de exploração e aventura”, disse o chefão da Virgin,  ichard Branson.

O Discovery Sport, mostrado aqui em projeções exclusivas, será o primeiro a chegar. Estará no Salão de Paris, em outubro, e começa a ser vendido na Europa no ano que vem (e também aqui, ainda importado). Já a versão de produção do novo Discovery chega no nal de 2015. Completando a linha, um modelo menor, apelidado de Baby Disco, surge em 2017 ou 2018.

O fato é que, depois de renovar a imagem de luxo da linha Range Rover, a Land Rover quer rede nir os veículos de lazer. Busca fazer carros práticos, confortáveis e requintados para viagens longas, e valentes no off-road. Além do design de linhas ágeis e volumes sólidos, a renovação passa pela eletrônica, que desempenhará papel maior não só no entretenimento, mas no que o imaginário coletivo insiste em ver, romanticamente, como “mecânica”: a condução off-road. Se hoje ela já se bene cia de sistemas como o Terrain Response 2, no futuro dependerá ainda mais dos microchips que dos
braços do piloto. O Discovery Vision exposto em Nova York mostrou um sistema inovador de assistência que projeta no para-brisa o terreno debaixo do carro (leia na página ao lado).

Em breve, estará na lista de opcionais de todos os Land Rover. E os motores também devem mudar: não que o atual 2.0 turbo de 240 cv, usado no Evoque e no Freelander atuais, não seja su ciente; mas ele ainda é resultado da antiga parceria com a Ford – e a marca agora quer desenvolver motores próprios, 4 cilindros turbinados ainda mais modernos.

Também em 2016 será renovado o mais icônico Land Rover, o Defender. Ele vinha sendo mantido em linha quase sem mudanças para agradar aos apaixonados por modelos 4×4 “duros e puros”, mas chegou a hora de evoluir. De que maneira a Land Rover levará esse “dinossauro” ao universo da alta tecnologia ainda não está claro, mas o Defender só tem a ganhar. E o mais interessante é que, a
exemplo do Discovery, ele também formará uma família. Na verdade, os dois seguem o caminho já trilhado, e com enorme sucesso, pelos Range Rover – que viraram quase uma submarca depois que o clássico Range Rover deu origem às versões Sport e Evoque. E mesmo essa já consolidada família Range Rover, como antecipamos na MOTOR SHOW de março de 2013, poderá ter uma versão ainda  menor do Evoque – que compartilharia a plataforma com o “Baby Disco”.

Se o Evoque “normal”, por ter construção so sticada, não sofreria grande redução de preço com a nacionalização, esses novos produtos têm chances maiores de conquistar o consumidor brasileiro e gerar
lucro para a casa inglesa – que precisará compensar os R$ 750 milhões investidos para produzir, inicialmente, 24.000 carros/ano. Para isso, a Land Rover deve apostar em modelos que não tragam toda
a tecnologia disponível nas “prateleiras” dos fornecedores. Terá de equacionar bem os custos e os volumes para fechar as contas.

Dentro dessa lógica, tudo aponta para modelos em uma faixa de preço mais acessível, próxima dos R$ 100.000. Com essa expansão em sua gama, a Land Rover pode escolher dentre diversos produtos para a fabricação nacional. O cialmente, ela nada informa. Mas está claro que o mais forte candidato a inaugurar as linhas de Itatiaia em 2016 é mesmo esse Discovery Sport. Depois dele, ou até simultaneamente, dependendo de como estiver o mercado, podem ser nacionalizados também o “mini-Evoque”, o “Baby Disco” ou o Defender (os dois últimos com maiores chances de romperem para baixo a barreira dos R$ 100.000). Por isso, você pode ir escolhendo seu Land Rover nacional – e torcendo para que seja um dos escolhidos pela marca inglesa.