Em junho de 2010, MOTOR SHOW já adiantava a novidade da marca alemã. Na ilustração acima, atualizamos seu design com base em novas informações

Em 2010, MOTOR SHOW anunciou, com exclusividade no Brasil, que a Mercedes preparava um sedã médio do porte de Civic e Corolla que, possivelmente, seria produzido em nosso País. Como na época não havia protótipos em testes, mostramos uma ilustração baseada na descrição de informantes, que garantiam que o carro seria semelhante à nova geração do CLS, também ainda inédita.

Dois anos depois, pouco a pouco, o segredo começa a ser desvendado e nossa informação, confirmada. No início deste ano, o modelo, conhecido por Mercedes CLC ou CLA, foi flagrado em testes no Círculo Polar Ártico. Apesar do pesado disfarce, conseguimos chegar ao modelo computadorizado que você confere na capa desta edição e na abertura desta reportagem – bastante fiel ao modelo que será lançado no início de 2013.

 O classe a concept, acima, serviu de base para o design de todos os novos Mercedes. o modelo de produção, recentemente flagrado sem disfarces, como você vê na página 24, ficou semelhante a ele, assim como os novos classe B e CLS. A grade dianteira mais oval, o formato dos faróis e o vinco lateral são elementos principais.

A base deste carro (a rigor um cupê quatro portas) é a plataforma MFA (Mercedes Frontwheel Architecture) já usada no novo Classe B e no Classe A que será apresentado no Salão de Genebra (Suíça) deste mês e que ainda servirá a uma station e a um SUV (leia mais na página 76). Com tração dianteira, ela possibilita redução de custos. “O produto certo para o brasileiro ainda é o sedã. Um carro para a família.Um SUV também tem muito potencial”, afirmou à MOTOR SHOW Philipp Schiemer, vice-presidente mundial de marketing de automóveis da Mercedes-Benz. Segundo o executivo, entrevistado no Salão de Frankfurt, em setembro passado, o mercado brasileiro voltou a ser interessante. “Se houver chance de voltar a fabricar carros no Brasil, vamos voltar. Dessa nova linha compacta, podem surgir modelos interessantes para o Brasil”, garantiu.

A novidade terá duas opções de motor 1.6 turbo – com 122 ou 156 cv – acoplado ao câmbio automático de sete velocidades. A versão AMG, com um 2.0 turbo de 350 cv, chega pouco depois. A julgar pelo Classe B, avaliado em nossa edição 340, o sedã terá suspensões firmes e comportamento voltado à esportividade, justificando o visual agressivo da carroceria.

 

Até o painel do Mercedes estava disfarçado, mas dá para notar que segue os padrões da marca e ganha saídas de ar iguais às do SLS

Sob pesada camuflagem, o novo cupê de quatro portas da Mercedes foi flagrado em testes em condições climáticas extremas, no Círculo Polar Ártico. Foram essas as imagens que serviram de base, juntamente com informações de nossas fontes, para a projeção computadorizada que você confere nas páginas anteriores

 

Sob pesada camuflagem, o novo cupê de quatro portas foi flagrado em testes. A direita, a ilustração da traseira

A lista de itens de série deverá ser recheada, equivalente (ou até superior) às das versões mais caras de Civic, Corolla e Cruze. Como o segredo do preço baixo dessa família está na plataforma barata, modular de tração dianteira, não haverá necessariamente uma grande economia nos equipamentos.

Sobre sua fabricação no Brasil, a marca não bateu o martelo. “Estamos tentando convencer a matriz de que esse produto precisa ser feito aqui”, nos confidenciou um executivo da Mercedes do Brasil, que prefere não ser identificado. Jornais alemães, inclusive, já anunciaram que a Mercedes estaria estudando a fundo essa possibilidade, principalmente depois de a BMW, sua compatriota e concorrente direta, ter anunciado uma produção local de modelos compactos. “Faremos investimentos substanciais este ano. Em novos produtos, novas tecnologias e novos mercados”, declarou recentemente o CEO mundial da marca, Dieter Zetsche. A meta é dobrar as vendas no mundo nos próximos oito anos.

Uma plataforma modular de tração dianteira é o grande segredo para a redução de custos nessa nova família de modelos compactos da marca alemã

Além das vendas estáveis no Brasil, a Mercedes conta com um outro trunfo para iniciar uma fabricação no País: a aliança com a Renault-Nissan. Inicialmente, o acordo firmado em 2010 foi pensado para o desenvolvimento e intercâmbio de propulsores. Mas o negócio está indo além, e as marcas devem produzir modelos em comum. O Classe A, por exemplo, deverá ser produzido em Aguascalientes, no México, juntamente com um carro da Infinity, divisão de luxo da Nissan. Como o Brasil também tem grande importância estratégica nos planos do grupo Renault-Nissan, existe a possibilidade de uma fabricação em conjunto, que geraria economia de escala.

Se os planos seguirem esse rumo, deveremos ter o sedã fabricado no Brasil dentro de dois ou três anos, ao preço aproximado de R$ 90 mil, disputando o segmento que mais cresce no País, o de sedãs médios.