Dicas de manutenção é sempre bom, né? Antigamente, uma peça publicitária com o humorista Ary Toledo zombava do azar das pessoas, protagonizadas com seus carros quebrados no acostamento. “Pois é”, era a frase usada pelo humorista, meio que tirando um sarro do pessoal. A repercussão foi tão grande para a época que o jargão “pois é” virou sinônimo de carro velho e problemático. O “pois é” publicitário, e a própria expressão, ficou no passado, e os carros de hoje dão muito menos problema. Mas… ainda podem te deixar na mão. 

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Revisão de carro elétrico
Peugeot e-208 GT fazendo manutenção – Foto: Peugeot/divulgação

Para garantir que suas férias não terminem antes da hora no acostamento, o planejamento deve ir muito além das malas e do roteiro. MOTORSHOW pesquisou os 10 itens básicos de manutenção e já damos um spoiler: a revisão preventiva é o “seguro” mais barato e eficaz para quem pretende pegar a estrada. E se a grana anda curta, saiba que alguns destes itens podem ser checados por você mesmo, aí na garagem da sua casa, sem gastar nenhum tostão. Então, confira o guia essencial com os itens de checagem obrigatórios para revisar antes de dar a partida.  

Manutenção do carro – Crédito: Freepik/@standret

1 – Pneus: a base da segurança  

Antes de mais nada, é importante checar a calibragem do pneu. No manual do proprietário (ou em etiquetas colocadas na carroceria do veículo, em geral no vão das portas) temos a indicação da pressão correta. E essa pressão pode variar de acordo com o “peso” do carro, ou seja, se você vai viajar sozinho ou com o carro carregado.  

Calibragem de pneu – Foto: Freepik

Pneus murchos, com a pressão abaixa do ideal, podem aumentar o consumo de combustível na casa dos 10%, o que é muita coisa, além de diminuir a eficiência da estabilidade e das frenagens. Muito cheios, com a pressão acima do indicado, a vida útil do pneu pode diminuir, além de perda de estabilidade em pisos molhados e escorregadios.  

Inspeção nos pneus e TWI – Foto: DPaschoal/divulgação

Outro ponto é com relação ao desgaste do pneu. Qual a hora de trocar? Pois bem, pneus “carecas” dão multa, é passível de apreensão veicular e, claro, coloca em risco a segurança do carro. Uma dica legal é se orientar pelo TWI (Tread Wear Indicator, algo como indicador do Desgaste da Banda de Rodagem). Essa marca fica perpendicular aos “sulcos” do pneu, e na verdade são “ressaltos” internos. Se estes ressaltos já estiverem na mesma altura do sulco do pneu, já está na hora de trocar (a profundidade mínima admitida é de 1,6 mm, menos do que isso é multa e apreensão). Ah, não esqueça de calibrar o estepe e conferir se ele não apresenta bolhas ou ressecamento.  

2 – Sistema de frenagem: se anda, precisa parar 

Em geral, indica-se uma manutenção no sistema de freios a cada 10 mil km. Sons de grilo na hora de frear, pedal do freio muito baixo e lentidão na resposta do freio podem indicar pastilhas e/ou discos de freio gastos. E essa troca tem que ser feita em oficina especializada. Mas tem outros pontos do sistema de freios que você pode checar em casa mesmo, como o fluído de freio: poucos sabem disso, mas ele tem validade (é higroscópico, ou seja, absorve água e perde eficiência).  

Manutenção nos freios – Foto: Center Peças Fabbri/divulgação

Mas, em casa, dá pra checar se ele está muito baixo. Mais uma vez, consulte o manual do proprietário que ele pode te ajudar a localizar o reservatório e indicar a característica técnica do fluido caso tenha que ser abastecido tem validade e pode absorver umidade, perdendo a eficiência.  

Freios do Mustang Mach 1 – Foto: Lucca Mendonça

Em caso de dúvidas, vale uma visita ao mecânico de confiança para checar as pastilhas de freio: pastilhas gastas aumentam a distância de frenagem e podem danificar os discos, tornando o reparo muito mais caro após a viagem. A troca de pastilhas de freio em um carro popular pode custar entre R$ 350 e R$ 500. Se as pastilhas gastas danificarem os discos, aí o valor pode ultrapassar os R$ 1000, portanto, fique atento quanto a essa manutenção.

3 – Fluídos: de arrefecimento a lubrificação 

Você ficaria surpreso com relação a quantidade de carros que fervem por falta de líquido de arrefecimento ou até mesmo de motores que são fundidos por falta de óleo. Por mais que os carros de hoje avisem no painel a maioria das anomalias, muita gente perde uma boa grana por causa dos fluídos do motor. Trocar uma junta de cabeçote, por causa de superaquecimento, não sai por menos de R$ 2.500 em um modelo popular (mão de obra, retificar o cabeçote, revisar o sistema de arrefecimento…).  

Óleo lubrificante – Foto: Bardahl/divulgação

No caso de uma retífica de motor, caso o seu carro “aceite” este serviço, pode custar mais de R$ 15 mil (carros mais modernos tem que literalmente trocar o motor e aí a brincadeira pode passar dos R$ 20 mil). Corre lá no manual do proprietário, certifique-se onde fica o reservatório do fluido de arrefecimento (que só pode ser manuseado com o motor frio, atenção!) e faça um teste simples: em um lugar aberto e arejado, deixe o motor ligado em marcha lenta e, após ele atingir a temperatura de funcionamento, veja se a “ventoinha” acionou automaticamente.  

Manutenção de carro – Foto: Freepik/@standret

No caso do reservatório, cheque o nível e, se for o caso, abasteça com o fluído recomendado pelo fabricante. Nada de água da torneira, pois ela tem cloro e outros minerais que atacam as partes internas do motor. E, claro, sempre verifique este nível com o motor frio. No lubrificante, puxe a vareta indicadora (com o motor frio e desligado) e verifique o nível. Se o prazo de troca estiver próximo, não arrisque: faça a substituição. Aproveite para checar o fluido da direção hidráulica e do câmbio, itens que fazem parte da manutenção de um carro. 

4 – Iluminação e Sinalização: pra não ficar no escuro 

 Uma lâmpada de seta ou de freio queimada não é apenas um risco de colisão traseira; é uma infração média que gera pontos na carteira e multa. Teste todas as luzes, incluindo a luz de placa.  

Foton Tunland V7 – Foto: Lucca Mendonça

5 – Limpadores: visibilidade em primeiro lugar  

As palhetas do limpador de para-brisa ressecam com o sol, e também precisam de manutenção. Se elas estiverem “pulando” ou deixando rastros de água, troque-as imediatamente. Mantenha o reservatório de limpeza sempre cheio com produtos que removam gordura e que não agridam a pintura. Em lojas de peças e acessórios existem produtos específicos para limpadores de para-brisas.  

Limpadores de parabrisas – Foto: pvproduction/Freepik

6 – Saúde da Bateria 

Baterias costumam falhar sem aviso prévio, especialmente em viagens longas onde o alternador é mais exigido. Verifique a tensão e se há “zinabre” (crostas verdes) nos polos, o que pode impedir a partida. Sem equipamento adequado, não tem como ter um diagnóstico exato do estado de saúde da bateria. Para ter uma base, uma bateria bem usada, dura em média dois ou três anos. Se a sua está com mais tempo do que isso, vale a pena uma visita no autoelétrico de confiança, até porque as baterias modernas de hoje só podem ser trocadas, sem manutenção.  

Bateria 12 Volts de carros – Foto: Omega Baterias/divulgação

7 – Suspensão e direção: tudo sempre na linha 

Ruídos metálicos ao passar por irregularidades ou volante vibrando são sinais de alerta. Buchas, pivôs e amortecedores em mau estado comprometem a estabilidade do veículo em curvas e frenagens de emergência. Volante “vibrando” também pode indicar pneus e rodas desbalanceados, pedindo manutenção, colocando em risco a segurança. Carro com tendência de “puxar” à esquerda ou à direita também é indício de falta de manutenção e deve ser checado com seu mecânico de confiança.  

Nissan Kait 2027 – Foto: divulgação

8 – Equipamentos de Emergência te salvam num apuro  

O “kit de sobrevivência” do carro — triângulo, macaco e chave de roda — deve estar em perfeito estado. Verifique se você sabe onde eles ficam e como utilizá-los em caso de necessidade. Normalmente ficam junto com o estepe e o macaco, que também devem ser checados quanto a manutenção.  

9 – Combustível: o básico não pode ser esquecido 

Painel de instrumentos VW Polo – Foto: divulgação

Acredite, mas, além da manutenção, tem muita gente que fica parada na estrada por falta de combustível, ou porque esqueceu ou simplesmente porque calculou mal a distância, acreditando naquele posto de abastecimento que não chegou. Mas qual combustível usar se o seu carro for flex? Discussão boa aqui, mas em geral a gasolina te dá mais autonomia e o etanol mais potência.  

10 – Documentação, sua e do carro 

CNH - Foto: Detran/divulgação
CNH – Foto: Detran/divulgação

Com a digitalização dos serviços, verifique se o CRLV do veículo e sua CNH estão atualizados no aplicativo Carteira Digital de Trânsito. Lembre-se que, em áreas sem sinal de internet, ter o documento baixado no celular ou impresso é fundamental e não adianta falar para o policial de que seu celular está sem sinal.