O Dieselgate foi um escândalo internacional com motores a diesel de grandes proporções revelado ainda em 2015, e gerou enorme prejuízo para a Volkswagen. Consumidores brasileiros que compraram a Amarok, único modelo que usava esse combustível da marca no Brasil, também foram afetados pela fraude, como a Volks reconheceu só em 2017, quando convocou para recall 17 mil unidades da picape.

Agora, uma nova Ação Civil Pública diz que o número de unidades da picape VW Amarok atingidas pela fraude do caso Dieselgate no Brasil pode ser mais de quatro vezes maior, passando de 80 mil unidades. Isso porque, segundo a ação, o software fraudulento do motor EA189, que equipa a picape média, estaria também presente nos modelos fabricados entre parte de 2012, 2013, 2014 e 2015 – quando o mesmo “truque” teria sido usado.

A “enganação” criada pela marca e que desencadeou o escândalo internacional do Dieselgate se tratava da instalação de um software que controlava as emissões de óxido de hidrogênio (NOx) do motor EA189 conforme o ambiente de uso da picape.

Para burlar os testes de emissões, quando a picape estava em laboratório, emitia menos poluentes: um dispositivo mapeava a posição do volante e a rolagem das rodas, identificando se tratar de ambiente controlado, e mudava a atuação da central eletrônica para reduzir as emissões. Mas, ao circular nas ruas, o carro acabava poluindo mais que o permitido.

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Técnicas como essa do Dieselgate são conhecidas como cycle beating, e há indícios de uso por outras montadoras. Nos EUA, a FCA foi acusada de fazer o mesmo (leia aqui), e, na Europa, a Mitsubishi foi investigada. Além disso, diversas outras investigações acusam o uso da técnica, inclusive em um modo que seria “legal” – leia mais a respeito aqui.

“Das centenas de proprietários de Amarok que se cadastraram na nossa plataforma, 90% tiveram altos gastos com manutenção. Em média, gastaram R$ 14.007. Alguns relatam prejuízos superiores a R$ 50 mil. A grande maioria dos problemas estão relacionados a válvula EGR e a correia dentada, e é comum a todos os modelos fabricados entre 2011 e 2015” destaca Bruno Dollo, CEO da Regera.vc, plataforma contratada para viabilizar a antecipação dos direitos dos consumidores. De fato, a MOTOR SHOW acompanha grupos da Amarok nas redes sociais e há muitas reclamações sobre tais problemas.

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A nova Ação Civil Pública reivindica o enquadramento de uma quantidade maior de modelos de Amarok no escândalo do Dieselgate. “A Volkswagen confessou que se tratava de uma fraude envolvendo mais de 10 milhões de veículos equipados com o motor EA189 e vendidos entre 2011 e 2015 em todo o mundo. No Brasil, contudo, a Volkswagen do Brasil informou que apenas as Amarok vendidas em 2011 e parte de 2012 seriam afetadas. Apesar de terem o mesmo motor, até hoje a montadora nunca apresentou qualquer explicação clara do porquê das demais Amarok não conterem o dispositivo”, indaga Bruno Poppa, sócio do escritório Tepedino, Berezowski e Poppa Advogados, que assessora a Assecivil.org (Associação de Defesa dos Direitos dos Consumidores), que representa os consumidores lesados.

“A Assecivil promoveu uma ação civil pública em face da Volkswagen para tutelar os direitos dos consumidores que adquiriram as Amarok também nesse período de 2012 a 2015. A Volkswagen tem o ônus e o dever de apresentar todas as informações e indenizar todos os afetados”, conclui Poppa.

O proprietário da picape Amarok, fabricado entre parte de 2012, 2013, 2014 e 2015, que desejar saber se tem direito a participar da Ação Cível pública no caso Dieselgate deve acessar o site da Regera — que ficará com parte da indenização como taxa por seus serviços. A indenização é estimada em a partir de R$ 15 mil por proprietário lesado, como danos morais, mais as eventuais despesas com danos materiais.