01/06/2010 - 0:00
BUGATTI VEYRON 16.4 GRAND SPORT
Difícil saber o que causa mais frio na barriga. O preço ou a potência. Dirigir um carro de € 1,4 milhão (cerca de R$ 4 milhões) com 1.001 cv não é algo comum. Pelo menos para mim, que não sou habituado a “administrar” cifras desse porte. E olha que tenho um currículo de testes recheado com modelos como Carrera GT, Ferrari Enzo, Mercedes SLR. Dou algumas voltas ao lado de Pierre-Henry Raphanel, piloto francês com três pódios em Le Mans e uma prova na F-1. Em instantes, tenho a percepção exata da consistência de cada um dos meus órgãos internos e a experiência, que até aquele instante era mental, torna-se física, repentinamente. É como estar ligado à fuselagem de um F-22. O som, pelo menos, deve ser igual: quatro turbinas que sopram imperiosamente no V6 de oito litros, logo atrás de você. Nunca experimentei nada parecido.
Quando Raphanel sai do carro e chega a minha hora de guiar, meus batimentos aceleram. Mas não tenho nada para provar, se não um religioso respeito por um carro que representa a máxima expressão técnica e tecnológica. Apesar das minhas mãos estarem suando, o Grand Sport é facílimo de guiar. Você pode controlar o que bem entender só com dois dedos. Câmbio, esterço e acelerador são dóceis e não exigem que você se habitue a nada, a não ser à ideia de dirigir no trânsito um carro tão especial.
Os novos faróis acompanham o lançamento do modelo Grand Sport
O habitáculo é confortável, o acabamento impecável e as suspensões não são assim tão rígidas. Andando civilizadamente, sente-se o respiro das válvulas pop-off, que liberam o ar comprimido pelo turbo quando ele não precisa ser utilizado. Porque muitas vezes ele não é mesmo útil. A 100 km/h, por exemplo, você usa apenas um fio dos 1.001 cv que estão sempre ali, a sua disposição.
O motor traseiro é um poderoso V16 com 8 litros, 1.001 cv e 127,5 kgfm de torque. A tração é integral e o câmbio, de sete marchas DSG. O modelo acelera até os 100 km/h em 2s7 e chega aos 407 km/h
O interior é mais confortável e refinado do que se espera em um esportivo dessa estirpe e todos os comandos podem ser operados com apenas dois dedos. Se o tempo mudar, o carro dispõe de um guardachuva (literalmente um guarda-chuva gigante) de fibra de carbono e lona que deve ser aberto e encaixado atrás do para-brisa. Logo acima da cabeça dos ocupantes, as entradas de ar para o motor