Você pode olhar o quanto quiser, mas só conhecerá o 208, de verdade, de dentro para fora. Ao volante, nem vai precisar girar a chave para perceber que este Peugeot é diferente de tudo que você já experimentou em termos de posição de dirigir. O pequeno volante fica mais baixo que o normal, junto às pernas, e os instrumentos, que normalmente são vistos por entre os aros, estão mais acima. De cara, a novidade pode causar estranheza, mas depois de achar a posição ideal (há regulagem de altura e profundidade), fica fácil se acostumar – e gostar. Parece que todos os carros deveriam ser assim. É mais prático, tudo fica ao alcance das mãos – e dos olhos. Você não se distrai da estrada e visualiza os instrumentos muito mais facilmente.

Mas essa não é a única inovação do carro. Na contramão das outras marcas, cujos modelos crescem a cada geração, o 208 encolheu. No comprimento, são sete centímetros a menos que no 207. Mas o interessante é que o aproveitamento de espaço foi tão benfeito que o habitáculo cou igualmente amplo, ou até maior. O espaço para ombros e cabeça não é um destaque, mas está na média. Já as pernas ficam bem acomodadas, com um vão cinco centímetros maior.

O principal destaque do hatch é a posição de dirigir: com volante mais baixo que o tradicional e instrumentos mais altos, tudo fica ao alcance das mãos e dos olhos. A tela multimídia tem 7″

Todo esse exercício de estica-encolhe, resultou em um carro mais ágil e fácil de manobrar, mas, principalmente, mais leve e econômico (a engenharia francesa foi obsessiva com a redução de peso). Comparado ao 207 brasileiro, então, nem se fala. Aí, sim, houve um salto nas medidas. Com 3,96 metros, a novidade é nove centímetros maior e teve entre-eixos aumentado em 10 cm. O portamalas também aumentou, passando de 245 para 285 litros – pelo menos na Europa, onde o carro sai de fábrica sem estepe. No Brasil, onde o pneu suplementar é obrigatório, parte desse espaço pode acabar sacrificado.

Abaixo, a alavanca do câmbio manual, as entradas auxiliares do som e o aquecimento dos bancos, que não deve equipar a versão fabricada no Brasil

O design tem claríssima assinatura da Peugeot, com os vincos do capô contornando o logotipo, faróis afilados e lanterna destacada em forma de bumerangue com luzes que lembram a patada de um felino. Por dentro, destaque para a tela de 7″ sensível ao toque com navegação intuitiva e inovadora. Os bancos, com grandes abas laterais, seguram bem o corpo e garantem conforto. O acabamento mostra um cuidado impecável. Ainda há plásticos duros em locais como as portas, mas a maior parte das áreas tocadas são de material emborrachado e agradável.

O isolamento acústico, retrabalhado, ainda não chegou à perfeição.

Na Europa, o modelo foi lançado com dois motores a diesel e cinco à gasolina, com destaque para os novos três cilindros 1.0 e 1.2 (68 e 82 cv). Além deles, há uma opção 1.4 de 95 cv, uma 1.6 de 120 cv (com caixa manual de cinco marchas) e uma última, mais empolgante, com o 1.6 THP de 156 cv, o mesmo do 3008 antigo, com câmbio manual de seis marchas. Para o Brasil, os motores não estão confirmados e a produção começa em janeiro de 2013.

 

As rodas com aro 15 têm belo design e a iluminação interna é na maior parte branca, mas um filete de LEDs azuis contorna o teto panorâmico de vidro

Considerando que a marca já confirmou que o 207 continuará em produção, o 208 será posicionado como compacto premium, um degrau acima, para brigar com Punto, New Fiesta, Polo e C3, deverá usar o 1.6 flex do 308 (122 cv) e terá só a carroceria quatro portas. Assim, teríamos o 207, que hoje custa de R$ 32 mil a R$ 45 mil (Fipe/MOTOR SHOW), na base da gama, e o 208 partiria de R$ 46 mil. A segunda possibilidade, mais viável, seria abandonar as versões de topo do 207, estacionando seu preço em R$ 37 mil, e oferecer o hatch mais moderno também com o propulsor 1.4 (82 cv). Assim, ele custaria entre R$ 40 mil e R$ 49 mil. Mais

adiante, uma versão com o 1.6 turbo não está descartada. Nem o câmbio automático.

Peugeot 208

MOTOR quatro cilindros em linha, 1,6 litro, 16 V TRANSMISSÃO manual, cinco marchas, tração dianteira DIMENSÕES comp.: 3,96 m – larg.: 1,83 m – alt.: 1,46 m ENTRE-EIXOS 2,538 m PORTA-MALAS 285 litros PNEUS 185/65 R15 PESO 1.090 kg ● GASOLINA POTÊNCIA 120 cv a 6.000 rpm TORQUE 16,3 kgfm a 4.250 rpm VELOCIDADE MÁXIMA 190 km/h 0 – 100 KM/H 8,9 segundos CONSUMO 17 km/l (média mista cidade/estrada, na Europa) CONSUMO REAL não disponível

O modelo avaliado durante o lançamento mundial em Portugal estava equipado com um motor 1.6 diferente do nosso, mas de potência e torque semelhantes. Com seus 1.090 kg e relação peso-potência favorável, o 208 mostrou ter fôlego. E, mais importante do que isso (uma vez que esse conjunto motriz não é o nacional), uma capacidade para enfrentar a estrada surpreendente. O conjunto chassi-direção-suspensão garante sensação de segurança nas curvas e até toques de esportividade, graças à precisão do volante (pequeno e leve) e ao bom comportamento em curvas. No modelo brasileiro, o acerto – firme nessa versão avaliada, principalmente no eixo traseiro – deve ser um tanto mais macio, por conta de nossas ruas e estradas.

Para quem gostava do design do 206 e do 207, a boa notícia é que a beleza agora está associada a um prazer de dirigir superior. Assim que a marca revelar as configurações e os preços, saberemos o quão longe o 208 pode ir. Os planos são ambiciosos. E ele tem muito potencial para alcançá-los.