MÉGANE EXTREME R$ 60.550

HONDA CIVIC SI R$ 95.300

Carros com conotação esportiva fazem parte da história do automóvel: desde o início do século 19, o homem compete para saber qual é o melhor entre os carros. Claro que, nos dias atuais, nós sabemos que o carro mais veloz e com o visual mais irado não é, necessariamente, o melhor carro. Mas desde que o carro é carro que o homem usa as competições para provar a competência de sua máquina. E, logicamente, a versão “de competição” gera sonhos, que os departamentos de marketing transformaram em desejo de compra.

Em nosso mercado não é diferente. A Ford, no início dos anos 70, fez o Corcel GT; a Chevrolet, o Opala SS; a VW, o Passat TS; a Fiat, o 147 Rallye, entre inúmeras versões ao longo dos últimos 40 anos. Hoje temos dois sedãs que povoam os sonhos do consumidor quando o assunto é versão esportiva: o famigerado Honda Civic Si e o recémlançado – e ainda acanhado – Renault Mégane Extreme 2.0.

O Civic esportivo é quase um carro de corrida. No interior, ele perde muitos equipamentos de conforto disponíveis na versão top de linha do modelo, mas, para compensar, ganha bancos de competição, instrumentos com luzes vermelhas e logotipia Si. O câmbio de seis marchas (com relações curtas) auxilia no bom desempenho

Acima, o som (novo no modelo 2009) e o ar digital. À esq., o controle eletrônico de estabilidade, que pode ser desligado no botão

Apesar do apelo esportivo de ambos, alguns conceitos básicos os separam. Enquanto o Civic foi concebido mirando exclusivamente a utilização esportiva e visando a máxima performance, como deve ser um carro para competições, o Mégane foi pensado apenas quanto ao apelo esportivo das linhas, pouco importando se o seu desempenho superaria o dos adversários.

O Civic Si é uma versão existente em todo o mundo. E há um respeito por sua performance diferenciada. Os japoneses levam muito a sério o assunto esportividade. A Honda se firmou mundialmente quando, nos anos 60, construiu seu próprio Fórmula 1 e depois de pouco tempo competia de igual para igual com as conhecidas equipes europeias. Essa aventura da marca japonesa, na época ainda comandada por Soichiro Honda, seu fundador, fez com que o mundo passasse a ver com outros olhos a modesta marca japonesa conhecida por fabricar motocicletas. Por isso, e por uma questão de tradição, os japoneses não brincam quando o assunto é alta performance. E o Si não foge a essa regra: Honda esportivo tem que andar mais do que os concorrentes, custe o que custar a tecnologia para isso.

A receita inclui aerofólio traseiro, suspensão reforçada e pneus de perfil baixíssimo

E o Si não custa barato. Vendido hoje no mercado por cerca de R$ 95.000, tem muitos concorrentes mais luxuosos, maiores e com motores mais potentes por preços mais atraentes. Mas o carro é performance pura: suspensão firme com controle de estabilidade, rodas aro 17 com pneus de perfil baixo e 215 mm de largura, freio a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, câmbio manual de seis marchas, motor 2.0 16V com duplo comando de válvulas e um exclusivo sistema que troca os ressaltos do comando de acordo com as necessidades de performance do motor, tudo eletronicamente comandado.

Esse recurso permite que o motor funcione com um comando de válvulas ideal para baixos e médios regimes de rotações e mude para um comando similar ao utilizado nos carros de competição, impossível de ser usado no dia a dia. A Honda conseguiu juntar o melhor de dois mundos: econômico quando se anda devagar e com performance impressionante depois das 5.500 rpm.

dados estimados

O painel tem acabamento que imita fibra de carbono, a alavanca de câmbio tem costuras em vermelho, os bancos têm desenhos em relevo e os aros dos instrumentos são cromados. A versão esportiva Mégane RS, vendida na Europa, tem motor de 225 cv e suspensão reforçada e recalibrada. Aqui, a mecânica não foi alterada

O Mégane fica devendo o ar digital e entradas auxiliares no som. A partida é feita por botão com a chave (cartão) no contato

O Si é rápido e ideal para quem sonha com alta performance. Oposto à proposta da Renault com o Mégane Extreme 2.0. A ideia dos franceses com esse sedã é dar a seu proprietário uma imagem mais jovem e até conquistar consumidores mais novos, reduzindo a idade média de quem compra o Mégane. Mas os franceses da Renault não quiseram investir muito, se limitando às “perfumarias” típicas dos esportivos: aerofólio na tampa do porta-malas, para-choque com design mais agressivo incorporando faróis auxiliares de neblina, rodas de liga leve (as mesmas dos modelos normais…) pintadas de grafite, retrovisores cinza-escuro e uma discreta logotipia “Extreme” nas portas traseiras. No interior, o tecido de forração dos bancos é exclusivo do modelo e as costuras no couro do volante e do pomo da alavanca de câmbio são vermelhas.

Novos para-choques, rodas grafite e pneus de perfil mais baixo dão ar esportivo ao sedã

Na mecânica, o motor 2.0 de 138 cv (bom torque máximo ao redor dos 20 kgfm) e câmbio manual de seis marchas, nesse caso como no Civic. A condução do Mégane é bem mais agradável que a do Civic no dia a dia: suspensões macias, pneus de perfil alto, motor suave e econômico… Como em um carro de passeio que, na verdade, ele é.

Ao contrário do que aconteceu na F1 em 2008, quando a Renault “detonou” a Honda, aqui a diferença de desempenho a favor do Honda é abissal: enquanto o Si é quase um carro de corrida, o Extreme é um sedã incrementado. Mas há outra diferença enorme entre eles: o preço. O Mégane custa cerca de R$ 35.000 mais barato que o Civic. Em que pese a tecnologia Honda, para quem quer apenas um visual esportivo para satisfazer seus sonhos, é de se pensar…

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