Não gostei nada do nome Cruze Sport6. Parece erro de digitação. Mas, logo que entrei no carro, entendi o porquê de não chamá-lo apenas de Hatch. Não se trata só de marketing. Ele não é um hatchback tradicional, mas um sedã que não quer parecer careta – ou seja, um sportback. As medidas são as mesmas de qualquer três volumes. Enquanto seus concorrentes (i30, Focus, 308…) cam na casa dos 4,25 m, esse Cruze Sport6 tem 4,51 m. É apenas dois centímetros menor que um Honda Civic, ou três centímetros menor que um Toyota Corolla.

As medidas generosas foram logo elogiadas pela minha esposa, que tem viajado no banco traseiro com o bebê, e se destacaram também na hora de carregar o porta-malas, com ótimos 402 litros (no segmento, só perde para o do Peugeot 308, que, em compensação, tem menos espaço no banco traseiro). Deu para colocar malas, carrinho e tranqueiras sem problema. E olha que muita gente foge dos hatches justamente pela falta de espaço.

O Cruze Sport6 não é esportivo só nas formas da carroceria. Embora o motor 1.8 de 144 cv não seja nada excepcional e os números de desempenho não impressionem (acelera até 100 km/h em quase 11 segundos), a “tocada” é agradável. Gostei das suspensões, bem acertadas, e do escalonamento do câmbio manual, apesar de problemas no engate da segunda marcha. O pedal da embreagem, pesado, é cansativo no trânsito, mas no seu normal não chega a incomodar. Gostei da sexta marcha, que garante um consumo bastante contido e silêncio ao rodar na casa dos 100-120 km/h.

O preço da versão LTZ avaliada, R$ 77.400, é alto – mas ela vem completíssima, com tela multimídia, GPS e itens de segurança como os controles de tração e estabilidade e os seis airbags. Para quem está pensando em uma versão topo de Civic, Corolla e cia., esse Cruze é mais barato e completo, e não ca devendo espaço. Mas, atenção: se você preferir o automático, são R$ 2 mil a mais. Aí ele ca apenas R$ 500 mais barato que o Cruze sedã LTZ, igualmente equipado. Esse Cruze Sport6, portanto, é um sedã para quem acha que sedã é carro de “tiozão”. Tem tudo que o três volumes tem, mas é mais esportivo. Eu comprei a ideia – e compraria o carro.

Chevrolet Cruze Sport6

Motor quatro cilindros em linha, 1,8 litro, 16V, duplo comando variável, coletor de admissão variável Transmissão manual, seis marchas, tração dianteira Dimensões comp.: 4,51 m – larg.: 1,79 m – alt.: 1,47 m entre-eixos 2,685 m PoRta-malas 402 litros Pneus 225/50 R17 Peso 1.410 kg Gasolina Potência 140 cv a 6.300 rpm Torque 17,8 kgfm a 3.800 rpm Vel. máxima 203 km/h 0 – 100 km/h 10,8 s Consumo não disponível Consumo real não disponível etanol Potência 144 cv a 6.300 rpm Torque 18,9 kgfm a 3.800 rpm Vel. máxima 204 km/h 0 – 100 km/h 10,7 segundos Consumo não disponível Consumo real não disponível

 

O modelo alia o visual mais homogêneo e bem resolvido dos hatches ao espaço interno, que, normalmente, só os sedãs oferecem

Nos destaques, o botão de partida e o do controle de estabilidade, presente desde o modelo básico

O sistema de navegação e o ar-condicionado digital são itens de série da LTZ. O modelo tem ainda entradas auxiliares e roda de 17″

 

CONTRA PONTO

♦ É verdade. O Cruze Sport6 é quase um sedã. Mas, diferentemente do Flavio R. Silveira, não vejo nisso uma vantagem. Seria, se ele custasse menos e oferecesse um espaço equivalente. Mas este carro custa quase o mesmo que a versão três volumes. Outro ponto que me incomodou um pouco foi o fato de o carro ser muito masculino. Este hatch (ops! sportback) é testosterona pura. Porta pesada, embreagem dura… Lembrou a sensação de dirigir o Volvo C30. Isso pode ser uma vantagem para quem quer um carro mais descolado e esportivo, mas não pode abrir mão de espaço. A proposta do modelo é justamente essa e ele cumpre bem essa promessa. Mas, para o uso cotidiano, eu, particularmente, prefiro os modelos mais equilibrados como Focus, i30 e o próprio Cruze na versão sedã. Garantem bom desempenho, sem precisar ficar, a toda hora, lembrando a você de sua virilidade. Quando se passa uma hora em um congestionamento, é melhor ter um carro macio, que te faça quase esquecer que está trocando de marchas…

Ana Flávia Furlan | Editora

Os Concorrentes

Chevrolet Cruze

“Nessa situação inusitada, em que o sedã pode concorrer com o hatch, o dois volumes leva vantagem pelo visual mais jovem.”

Douglas Mendonça

Ford Focus

“O Ford é equilibrado, racional e tem design elegante. Mas sofre do mesmo mal do Cruze Sport6: é caro demais na versão topo.”

Roberto Assunção

Peugeot 308 “Com motor 2.0, este Peugeot dá muito prazer de dirigir. Câmbio bem escalonado e respostas rápidas ao comando do acelerador.”

Roberto Assunção