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Foi no inicio dos anos 1970 que a Chrysler, com sua marca Dodge, começou a produzir no Brasil o modelo Dart. No mais alto estilo americano, os Dojões, como ficaram conhecidos no País, eram equipados com um poderoso motor 5.2 V8 que desenvolvia 190 cv para os padrões da época, algo em torno dos 150 cv nos padrões atuais de medição.

O destaque deste enorme motor não estava tanto na sua potencia máxima, mas no seu exuberante torque, que movimentava com leveza e facilidade os cerca de 1.500 kg do carrão. Na versão mais careta, o Dojão tinha quatro portas, câmbio na coluna de três marchas e banco inteiriço na frente. Os Dojões começavam a ficar bonitos e graciosos na versão cupê de duas portas. A mecânica era idêntica para todos, com suspensão independente na dianteira que trazia o ineditismo das barras de torção e eixo rígido na traseira com feixes de mola.

A coisa começou a ficar boa quando veio o Charger, que compartilhava a mesma carroceria básica com os Dart, mas com nova dianteira e detalhes de acabamento. O motor, ao invés dos 190 cv das versões normais, tinha 205 cv graças ao um sistema de escapamento individual para cada bancada de quatro cilindros. E o câmbio tinha quatro marchas na configuração manual (havia ainda um automático de três marchas). Na época, era um espanto um carro que superava a barreira dos 200 cv.

Mas o mercado ficou mesmo boquiaberto quando a marca anunciou a versão esportiva do Charger, a R/T. O RT significa Road/Track, que em um bom português quer dizer Estrada/Pista. Na época, a fabrica afirmava que essa versão esportiva estava sendo lançada para dominar as estradas e as pistas de competições.

Claro que essa sigla americana queria dizer que lá na América do Norte o carro era bom de estrada e se dava bem nos ovais da Nascar. Aqui no Brasil, os Charger R/T pouco participaram de competições e também não eram assim o rei das estradas. Mas ele sempre foi um carro muito prazeroso de dirigir.

Uma coisa inegável para o R/T: seu poderoso e vigoroso motor 5.2 V8 que produzia saudáveis 215 cv, que nos números atuais seria algo em torno de 175cv. Além do escape duplo dos Charger, esse motorzão tinha ainda a taxa de compressão aumentada de 7,8:1 para 8,5:1. Com isso o motor ganhou ainda mais torque e, na época, exigia o uso de gasolina azul, a premium daqueles tempos.

Claro que esse custo a mais do combustível não preocupava o dono do Charger R/T, na época um dos carros mais caros do nosso mercado. Bancos forrados em couro, ar-condicionado e direção hidráulica eram equipamentos de serie desse incrível Dojão.

E ele tinha a sofisticação ainda de uma ignição eletrônica, um avanço para  aquele tempo, e até uma luzinha indicadora para troca de marcha ideal na tentativa de torná-lo, acreditem, mais econômico, ou melhor, menos gastão.

Esta foi uma época de ouro da indústria automobilística brasileira. Os Dodge Charger R/T desse período, com placa preta e em perfeito estado de conservação, são vendidos no mercado por cifras que ultrapassam os R$ 100 mil reais. Um carro para poucos até hoje.