Eu já havia guiado o Citroën DS3 há pouco mais de dois anos, quando venceu um comparativo com o excelente Audi A1. Agora, ele abriu mão do nome Citroën – pois a DS virou marca independente – e passou a se chamar simplesmente DS 3 (com espaço). Além do novo nome, o esportivo teve os  faróis redesenhados (agora eles combinam leds e xenônio) e ganhou uma nova central multimídia, igual à dos modelos da marca-mãe Citroën. As novidades são bem-vindas: a central tem GPS e dá a conectividade que faltava ao carro de proposta moderninha, e os faróis mais e cientes são um item de segurança importante em um modelo de proposta luxuosa. Mais do que modernidade ou luxo, porém, o maior destaque continua sendo a experiência ao volante. O DS 3 é um carro de dupla personalidade, e isso é o que mais me empolga nele. Com um ótimo motor 1.6 turbo de 165 cv e câmbio manual de seis marchas – a mesma mecânica de antes – ele agrada qualquer que sejam suas intenções.

Dirigido com suavidade, consome menos que muito 1.0 (Sandero, Gol, Picanto) ou 1.5 (Ka, C3), e tem nota A do Inmetro (na prática, consegui números até melhores: 12 km/l na cidade e 18 km/l na estrada). No dia-a-dia, a entrega de torque em uma faixa ampla exige poucas trocas de marcha, as suspensões não maltratam os ocupantes como em outros esportivos e os generosos retrovisores garantem boa visibilidade. Um carrinho civilizado.

Provocado, porém, ele se transforma: acelera como um esportivo de verdade (0-100 km/h em 7,3 segundos), não lhe falta força em baixas rotações e a disponibilidade de torque é sempre imediata. O turbo lag é pouco, o câmbio manual têm engates justos – embora caísse melhor um curso de alavanca mais curto – e a dinâmica surpreende, com o controle de estabilidade atuando só em situações extremas, e mesmo assim com discrição. No dia-a-dia, colocar a cadeirinha (e a criança) no banco traseiro não foi nada fácil. Fora que, com aquela janela, o pobre Mathias mal conseguia enxergar o mundo lá fora. Não é o carro para um pai de família como eu. Pelo menos não quando estou com minha família. Para usar só, porém, me agrada mais que A1 e 500 Abarth, seus rivais diretos. Aprovado com louvor, tem espaço reservado na minha garagem – ao lado de uma perua familiar.

Contra Ponto

Confesso a minha paixão por carros compactos e com motores potentes. E também é verdade que o DS 3 é empolgante. Contudo, não concordo com o Flavio Silveira: diferentemente dele, para mim o DS 3 se torna divertido  só acima de 3.500 rpm. Antes dessa faixa de giro, achei o carro apenas “normal”. A alavanca de câmbio tem um curso longo, sim, mas isso não me incomodou. Agora, vou concordar com a opinião de meu colega quanto às suspensões, que são um capítulo à parte. Firmes na medida certa, elas não me causaram dores nas minhas costas ao passar por buracos ou outras imperfeições do asfalto. Por dentro, gostei da posição de dirigir e da nova central multimídia – a mesma já utilizada em outros modelos do Grupo PSAPeugeot Citroën, como o 208, por exemplo. Como ainda não tenho lhos, considero o DS 3 como uma futura opção de compra, mantendo minha preferência por esses “foguetes de bolso”. Mas, se comprasse um DS, com certeza não teria essa decoração exagerada do exterior.

Por: Rafael Poci Déa