A regulamentação do novo regime automotivo brasileiro foi anunciada ao mundo no dia 4 de outubro. Além de estimular a concorrência e atrair mais montadoras ao País, o Inovar-Auto, como foi batizado, tem um objetivo bem claro: diminuir a emissão não só do CO2 (dióxido de carbono), vilão do aquecimento global, mas também dos demais poluentes lançados na atmosfera pelos automóveis nacionais. O programa é voluntário, mas as montadoras que aceitarem cumprir as metas determinadas pelo governo serão premiadas com descontos no pagamento do IPI que ultrapassam os 30%. Ou seja, quem não entrar no esquema, perderá competitividade e estará praticamente fora do jogo.

A meta é até 2017 diminuir em 12% as emissões de CO2, que são diretamente proporcionais ao consumo de combustível dos carros. Os modelos vendidos em nosso mercado, que hoje rodam em média 14 km/l com gasolina e 9,71 km/l com etanol, terão que melhorar esses números para 17,26 e 9,71 km/l, respectivamente. Mas não se preocupe: não teremos uma nova invasão de raquíticos e pré-históricos motores 1.0 entupindo nossas ruas e estradas. “Já estamos na rota industrial, queremos agora estar na rota tecnológica”, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Para que isso seja possível, o política automotiva definida pelo governo estabelece ainda que, para ter direito aos descontos tributários, as montadoras precisarão também investir em tecnologia, engenharia e na cadeia de fornecedores locais.

Hoje já se sabe que quanto mais tecnologia um carro possui, menos CO2 emite, independentemente de sua cavalaria. O que acontece é que os motores modernos têm eficiência maior e conseguem aproveitar melhor o combustível, oferecendo mais potência e gastando menos. Um estudo do site Clean Green Cars, dedicado a tecnologias limpas, traduziu isso em números bastante claros: considerando toda a gama de produtos dos principais fabricantes, o site criou um ranking de emissão de CO2 por cavalo de potência do motor. O resultado foi surpreendente. Marcas com modelos maiores e mais potentes, como a BMW, a Mercedes e a Audi, tiveram índices melhores do que aquelas que vendem carros compactos e, teoricamente, menos gastões, como a Fiat, a Suzuki e a Chevrolet. A diferença entre elas está justamente na tecnologia. Cada cavalo de potência da BMW, por exemplo, é responsável pela emissão de 0,74 gramas de CO2, enquanto na Fiat a relação é de 1,53 g/cv. Confira a tabela completa na página ao lado.

Com as exigências do novo regime automotivo, teremos, até 2017, uma revolução na indústria, com investimento em novos materiais, desenvolvimento de tecnologias alternativas e engenharia de ponta. Daqui a cinco anos, nossos modelos estarão mais próximos dos vendidos no mercado europeu. Sem dúvida, uma grande conquista para o consumidor – que terá carros melhores e gastará menos com combustível – e para o meio ambiente que, mesmo por aqui já começa a dar seu alerta vermelho.