Quando se pensa em design automobilístico rapidamente alguns nomes vêm à mente. E Giorgetto Giugiaro é sempre um dos primeiros a serem lembrados. Nascido em 7 de abril de 1938, em Garessio, na região do Piemonte, o italiano é uma lenda viva de sua arte, admirado pela criação de modelos icônicos, que mudaram referências, ditaram tendências e transformaram conceitos automobilísticos. Um currículo que parece não envaidecê-lo, já que ele considera que o bom design é sempre algo simples. “O desenho deve ter originalidade e deve ser possível de ser apreciado”, disse à MOTOR SHOW, durante sua visita ao Brasil para a exposição Giugiaro: 45 anos de design italiano, patrocinada pela Volks.

Antes de fundar a Italdesign em 1968 junto com o engenheiro Aldo Mantovani (atualmente a empresa tem controle acionário da VW e é comandada por ele e seu filho Fabrízio) –, Giugiaro já havia colecionado passagens pelo Departamento de Estudos de Desenhos Especiais da Fiat e pelos renomados estúdios Bertone (1959) e Ghia (1965). Seus traços também resultaram em vagões de trens, cafeteiras, cadeiras, relógios e câmeras fotográficas. “O designer tem que fazer despertar um desejo no consumidor, porque nós compramos com os olhos”, resume o especialista.

Difícil falar de todos os carros que nasceram de suas pranchetas. Estima-se que são mais de 40 milhões de exemplares rodando nas ruas com sua assinatura. Entre os mais famosos estão o DeLorean DMC 12 (1981) – famoso na trilogia De Volta para o Futuro –, o Lancia Delta, os belíssimos BMW M1 de 1977, Alfa Brera (2002) e Maserati 3200 GT (1998), além de velhos conhecidos de nossas ruas como o Punto, duas reestilizações do Palio, o Idea e o Fiat Uno – com o assento do motorista elevado e deslocado para a frente, um recurso até hoje usado por modelos compactos para ganhar espaço interno.

Giugiaro também é o pai dos VW Passat (1973) e do Golf (1974), dois modelos que colecionam uma verdadeira legião de fãs ao redor do mundo. “O Golf foi um caso à parte. Direcionei o projeto analisando as exigências de mercado para o espaço interno e tamanho de porta-malas. Além disso, o carro também deveria ser bonito. Confesso que não foi uma tarefa simples. E de início ninguém entendeu muito bem o conceito do modelo. Hoje o Golf soma mais de sete milhões de unidades vendidas”, conta.

Eleito como o designer do século XX por 120 jornalistas de todo o mundo em uma eleição realizada em 1999 em Las Vegas, Giugiaro não concorda com a afirmação de que os carros atuais estão ficando todos iguais. “As semelhanças dentro de uma mesma marca são corretas. Cada uma tem a sua filosofia. Só é preciso tomar cuidado para não cair no mau gosto”, pondera.