Há poucos anos, quem imaginaria uma Ferrari híbrida? E um Mercedes AMG com motor 2.0? No Salão de Genebra, na Suíça, esses improváveis carros viraram realidade. LaFerrari e A45 são exemplos do uso de tecnologias do “bem” em nome do “mal”. Pelo puro prazer de dirigir. A primeira – como a rival McLaren P1 exibida minutos antes – passa dos 900 cv usando um sistema híbrido; o segundo tem modernas turbinas para extrair 360 cv de um quatro cilindros. Ambos usam materiais como a fibra de carbono – segredo de outra exagerada estrela, a Lamborghini Veneno.

A fibra de carbono também estava no Corvette Stingray Convertible, no charmoso Alfa 4C (com um atrevido motor 1.8 de 243 cv) e no Porsche 911 GT3. Outro importante lançamento, a perua Audi RS6, usa um sistema de desativação de metade dos cilindros de seu V8 para atingir metas de consumo, mas tem turbinas para não abrir mão do desempenho.

Por essas e outras, o Salão de Genebra é diferente. Importam menos os números de vendas e mais o desempenho de motores. O ecologicamente correto está presente, mas desse modo estranho, com superesportivos que mostram bons números de consumo nos testes, mas que, acelerados sem dó, batem recordes – fazendo da tal economia uma ficção.

Mas não só de supermáquinas vive o salão suíço. Também havia esportivos mais pacatos, como a versão definitiva do Peugeot 208 GTI e o conceito do Toyota FT 86 conversível, ambos com 200 cv. Entre as inovações de design, destaque para o Rolls-Royce Wraith, um enorme cupê (tradicional, com apenas duas portas!), o BMW Série 3 GT, uma versão menor do amplamente criticado (mas bem vendido) 5 GT e o modernoso Citroën Technospace, com seus faróis que se confundem com a grade dianteira. Ainda na lista dos maiores destaques do “mundo real”, a Qoros chamou a atenção por ser a única marca chinesa presente e por mostrar em seu sedã Qoros 3 uma qualidade acima da média dos carros desenvolvidos naquele país.

O segmento de SUVs também teve novidades, além do Peugeot 2008 e do Renault Captur que estavam na capa da edição passada. O EcoSport brasileiro estreou na Europa e a Hyundai mostrou o novo Grand Santa Fe, com sete lugares, e uma reestilização do ix35. Para completar, a Suzuki exibiu o novo SX4 e a Volks, o cross up!. Mesmo com tantos SUVs, sobrou espaço para as peruas Dacia Logan MCV e VW Golf Variant (nossa futura Jetta Variant).

Para finalizar, havia os ecológicos de verdade, como o VW XL1, o híbrido diesel-elétrico que antecipamos na edição passada, e o Audi A3 e-tron. Mas quem roubou mesmo a cena foi a tecnologia Hybrid Air, do grupo PSA. Com economia, mas sem adrenalina.