Dirigir um conversível em São Paulo deixa qualquer um apreensivo. Você fica sempre exposto demais, vulnerável demais. Mas, se é para fazê-lo, que seja como manda o figurino: com um modelo grande, com interior 2+2, um motorzão valente, o convencional teto de lona e um design chamativo. Exatamente como o Audi S5 Cabriolet. Cada vez que você aperta o botão para abrir ou fechar a capota, vê as pessoas ao redor de boca aberta, atônitas, acompanhando o balé elegante do teto.

O motor V8 de 4,2 litros aspirado, que rendia 354 cv e equipava os S5, foi substituído por uma unidade menor, V6, sobrealimentada por compressor e com 333 cv. Apesar da menor cavalaria, o torque se manteve em 44,9 kgfm. A versão Cabriolet já nasceu com esse propulsor e parece bem adaptada a ele. Para compensar a menor potência, a Audi se preocupou em limitar o peso,considerando que carros sem teto têm mais reforços estruturais. Ainda assim, não o livrou totalmente das gordurinhas. O S5 Cabriolet pesa 1.880 kg, cerca de 200 quilos a mais que a versão cupê equivalente. Andando, esse peso se traduz em uma sensação de robustez incrível. Não se sente a carroceria torcer, mesmo com o teto aberto.

Nada, no entanto, é problema para o conjunto motriz. O motor V6, aliado ao câmbio S tronic de sete marchas, garante acelerações vigorosas e progressivas e não parece sentir o peso extra. Você chega aos 100 km/h em 5,4 segundos (o cupê leva 4,9 segundos) e ele continua com fôlego para mais. As retomadas são feitas com facilidade e cada redução de marcha é sentida com clareza, aumentando a sensação de desempenho. As trocas podem ser feitas pelas borboletas, o que aumenta a esportividade. Mas o sistema automatizado dessa caixa de dupla embreagem faz trocas com rapidez e precisão.

O S5 Cabriolet é exatamente o que se espera de um Audi com tração integral. Correto, neutro, preciso e eficiente para contornar curvas. A sensação de segurança é tamanha que dá até uma pontinha de frustração. A impressão é de que quem está dirigindo é o carro, e não você. Não importa a barbeiragem que faça, o quanto você tente provocá-lo, ele não se desequilibra, nunca sai do sério. O sistema Drive Select permite três acertos de esportividade, modificando o peso da direção, o tempo das trocas de marchas, o nível de amortecimento e até o ruído do escape. Uma quarta alternativa é a posição “individual”, que permite selecionar cada um dos itens separadamente. Pode, por exemplo, aumentar o ruído para esportivo e manter a assistência do volante no modo conforto.

A Audi, mais uma vez, mostra que, das alemãs, é a que melhor sabe fazer interiores luxuosos, refinados e ergonômicos. Aqui se vê uma mistura de bom gosto entre couro e aço escovado, bancos esportivos com ajuste lombar, volante de boa pegada, acabamentos impecáveis. Nesse quesito, a única nota desafinada fica por conta dos bancos em napa. Podem até ser mais ecológicos, mas desvalorizam o interior, principalmente na cor marrom. O espaço traseiro também não é amplo, mas isso não chega a ser um defeito. É uma característica do carro que, para adultos, se torna claustrofóbico.

Vendido por R$ 387.900, esse é um carro que une diferentes prazeres: interior requintado, tocada esportiva e cabelos ao vento. Se você não se importa em ser o centro das atenções, dá até para tê-lo como único carro de um casal com dois filhos pequenos. Seu consumo é contido e o porta-malas acomoda 380 litros de bagagens. Ou seja, há algumas boas justificativas para convencer a família de que esse modelo vale o investimento.