Infelizmente, nunca conheci Bruce McLaren. Meu primeiro Grande Prêmio foi o da Inglaterra em 1970, em 18 de julho daquele ano, seis semanas depois de Bruce ter morrido testando um McLaren M8D da Can-Am em Goodwood (Reino Unido). E nunca ter conhecido uma figura tão lendária é um grande pesar para mim. Mesmo assim, sempre o estimei muito, e o admiro enormemente. Não apenas pelo que conquistou enquanto estava vivo, mas também pelo que a equipe que ainda tem seu nome conquistou desde então. O igualmente vencedor Denny Hulme, que foi companheiro de equipe de Bruce na Can-Am, no entanto, eu conhecia muito bem.

Denny foi meu companheiro na McLaren ainda em 1974 – minha primeira temporada pela equipe na F1 –, e o chamávamos de “o urso”. Ele parecia um urso e soava como um; as pessoas que não o conheciam achavam seus modos um tanto… autoritários. Ele era de fato ranzinza, às vezes. E sempre supersticioso: se recusou até a sentar em um carro de corrida em uma sexta-feira 13, e tinha essa regra excêntrica em todos os contratos (e não se importava com o que pensavam dele).

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Mas, assim que você o conhecia, percebia que cara fantástico era. E muito rápido – absurdamente rápido, mesmo quando éramos companheiros de equipe na Fórmula 1, em 1974, e ele já tinha 38 anos. Embora eu fosse 11 anos mais jovem que ele, nos tornamos amigos – e mantivemos contato por muito tempo depois, mesmo não correndo mais juntos. Lembro que ele foi ao GP Gold Coast de 1991, em Surfers Paradise (Austrália). Eu competia com um Penske-Chevrolet-Ilmor PC20-91, me classifiquei em sexto e abandonei a prova na 28a volta com problema no cardã. A corrida só foi especial porque, após ela, nunca mais vi Denny.

No ano seguinte, na prova da Bathurst 1000, ao volante de um BMW M3, ele teve um ataque cardíaco fulminante bem na famosa Reta de Conrod, a mais de 225 km/h. Ele ainda conseguiu parar o carro, estacionando-o próximo ao guard-rail, mas morreu ali, logo depois. Ele tinha 56 anos – escrevendo este texto, realmente sinto falta dele, um “diamante bruto”. Quando fomos companheiros de equipe da McLaren em 1974, trabalhamos bem juntos para conquistar o primeiro campeonato de construtores de F1 da McLaren – e ele me ajudou a vencer o primeiro campeonato de pilotos da McLaren na F1.

Ele venceu o primeiro GP da histórica temporada de 1974, na Argentina, e lembro de ter ficado satisfeito porque, embora eu tenha cometido um erro bobo e terminado em 10º lugar, a vitória de Denny mostrou que nosso carro, o McLaren M23, seria capaz de ganhar mais GPs naquele ano – e, como vimos, também o campeonato. Enquanto eu via um sorriso irromper em seu rosto excepcionalmente enrugado e ele espirrava champanhe no pódio de Buenos Aires naquela tarde extremamente quente e ensolarada de janeiro, lembro-me de ter pensado: “Esse homem incorpora o verdadeiro espírito da equipe McLaren”. E ele incorporava mesmo. Ainda incorpora. E sempre vai incorporar.

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