03/04/2022 - 9:30
Depois do bicampeonato de 1974, começamos a temporada de Fórmula 1 de 1975 cheios de esperança. Nos despedimos de Denny Hulme, que estava se aposentando após vencer o Campeonato pela Brabham em 1967 e se tornar essencial na McLaren de 1968 a 1974, e meu novo companheiro de equipe era Jochen Mass, outro cara muito legal. Nosso carro, o McLaren M23, estava em seu terceiro ano, mas ainda era muito competitivo.
O primeiro GP foi em Buenos Aires, e a mídia local e os fãs ficaram empolgados com o que viam como uma rivalidade acirrada entre o herói local, Carlos Reutemann, e seu oponente brasileiro – eu. Carlos se classificou na P3 com o Brabham BT44B, dois lugares à minha frente. Na primeira fila, Jean-Pierre Jarier, na Shadow (surpresa) e meu velho amigo (também brasileiro) Carlos Pace, na Brabham.
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Jean-Pierre parou com problemas no câmbio e Carlos, com falha no motor. Assim, o clímax ficou entre Reutemann, James Hunt (Grã-Bretanha, Hesketh) e eu. Carlos e James eram ambos grandes pilotos, naturalmente talentosos, justos e extremamente corajosos. Então, quando a corrida entrou na fase final, comecei a me preparar para a batalha: Carlos liderava, mas James o seguia de perto e logo começou a tentar ultrapassar. Fiquei atrás dos dois, deixando que brigassem, esperando para agir nas voltas finais.
Na volta 26, James ultrapassa Carlos e começa a abrir vantagem. Se eu quisesse disputar a vitória com Hunt, teria que passar Carlos. Foi o que fiz: comecei a correr para colocar o bico do meu McLaren a uma distância de ataque da asa traseira do Hesketh de James.
“Consegui segurar o M23 em lindos drifts com quatro rodas nas curvas mais rápidas.”
O confiável M23 se comportava perfeitamente. Consegui segurá-lo em lindos drifts de quatro rodas nas curvas mais rápidas do circuito de Buenos Aires, e logo alcancei James e comecei a planejar a ultrapassagem. Na volta 35, consegui. Fiquei radiante. Abri vantagem e conquistei a vitória seis segundos à frente de James; Carlos terminou 11 segundos atrás dele, completando o pódio.
Já o segundo GP de 1975 foi em Interlagos, em São Paulo – a minha cidade natal. Eu estava muito confiante, pois era o campeão mundial e havia vencido o GP anterior; estava no auge da minha forma, meu carro era um dos mais rápidos e a McLaren sabia muito bem como chegar à vitória.
Me classifiquei na P2, atrás de Jean-Pierre Jarier, da Shadow. No início, porém, meu carro destracionou muito e perdi algumas posições. Mas Jean-Pierre novamente não terminou a prova, e consegui voltar ao segundo lugar, atrás apenas do meu velho amigo Carlos Pace – muito feliz por vencer o GP em casa.
Não vou falar aqui da temporada de 1975 corrida a corrida, mas queria apenas dar uma amostra de como tudo começou. Eu liderava o Campeonato de Pilotos após duas rodadas e senti que a McLaren e eu tínhamos uma grande chance de vencer dois Campeonatos consecutivos. Mas, como bem sabemos, não foi isso que aconteceu. Continuo essa história na próxima edição.