O Grande Prêmio da Inglaterra de 1975 em Silverstone, além de ter sido mais uma corrida que ganhei para a McLaren, foi minha última vitória na Fórmula 1 – um evento realizado em algumas das condições mais desafiadoras imagináveis, da qual guardo memórias muito especiais.

Eu larguei em sétimo lugar, mas estava progredindo muito bem e ganhando posições. Era um dia de muito vento – algo comum em Silverstone – e eu sabia que as condições poderiam mudar a qualquer momento. Lembro-me de passar pela Reta do Hangar, olhar para a minha esquerda e ver nuvens escuras se aproximando. Estávamos em meados de julho, era um dia tipicamente quente, então seria uma chuva de verão – senti que as nuvens iriam se transformar em uma forte tempestade de trovões.

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Eu via a chuva se aproximando mais cada vez que eu passava pela reta, e pensava: “Ela está mais perto, logo vai chegar à pista…” Quando a garoa começou a molhar minha viseira, as nuvens estavam ainda mais escuras. Eu sabia que ia chover muito, então fui direto para os boxes, para poder trocar os pneus antes de todo mundo.

“Após fazer o pitstop, eu seguia pela reta pisando fundo quando vi o Parnelli de Mario Andretti em meio ao spray.”

A decisão foi apenas minha: eu tinha experiência em “ler” o tempo na Inglaterra porque cresci correndo lá, e as chuvas de verão eram exatamente como no Brasil: grandes nuvens negras que simplesmente jogavam toneladas de água em cima de você. Vejam as filmagens: é exatamente igual às chuvas que temos no Brasil.

Quando as nuvens negras são tão pesadas, a quantidade de água é enorme. E aí fica impossível seguir com os pneus tipo slick – não dá nem para “rastejar” de volta para os boxes, então eu sabia que tinha que decidir logo. Foi assim que acabei liderando a corrida, porque todos que optaram por seguir sem trocar pneus tiveram problemas de aquaplanagem.

Voltei para a pista com pneus de chuva, e havia uma enorme quantidade de água empoçada por todo o circuito. Os demais pilotos ainda estavam lutando com essas poças, aquaplanando por toda parte. Acho que ao menos oito ou nove deles se perderam sozinhos na entrada para a curva Club: o local parecia um estacionamento.

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Após fazer meu pit stop, eu seguia pela reta pisando fundo, pois não estava aquaplanando, quando, de repente, vi o Parnelli de Mario Andretti em meio ao spray. A velocidade de aproximação foi impressionante – pois ele estava a uns 60 km/h, e eu, em altíssima velocidade. Não tive tempo para desacelerar ou mudar o ângulo da direção, e não bati nele por poucos centímetros, mas foi tudo muito rápido. Tive muita sorte.

Só contei a Mario sobre este pequeno incidente muitos anos depois, quando ambos estávamos correndo na Indycar, nos Estados Unidos. Eu disse a ele: “Você se lembra daquele carro no GP de Silverstone de 1975 que passou raspando em você? Era eu!”

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