11/04/2021 - 9:30
Na coluna passada, falei dos frequentes incêndios na Fórmula 1. Felizmente, a fabricante de pneus Goodyear logo desenvolveu um tanque de combustível mais seguro, feito para helicópteros.
Entre suas características, tinha uma válvula unidirecional: ela evitava que o combustível vazasse do tanque cuja linha de combustível tivesse sido desconectada por um impacto. Foi um desenvolvimento extremamente importante, que imediatamente tornou as corridas significativamente menos perigosas.
As cabines dos carros também ficaram mais seguras: fizemos campanha para que fossem projetadas de forma a deixar nossas cabeças menos expostas e melhoramos as especificações dos cintos de segurança. Os capacetes também evoluíram.
“O que me fez mudar de ideia e enfrentar um Indycar, que antes considerava arriscado? Foi a fibra de carbono.”
Tive a ideia de competir em Indycars pela primeira vez na década de 70, mas demorei mais de dez anos para de fato fazer isso. Tendo em mente as altíssimas velocidades dos Indycars da década de 1970 – Johnny Rutherford conquistou a pole nas 500 Milhas de Indianápolis de 1973 em um McLaren M16 com uma volta cuja média foi de estupefantes 319 km/h, por exemplo – era algo simplesmente muito perigoso.
Pesquise “Indianapolis 500 1973” e descobrirá que, apesar da cintilante volta da pole de Johnny, a corrida foi vencida por Gordon Johncock ao volante de um Eagle-Offy. Você também descobrirá que Art Pollard morreu nos treinos, e Swede Savage, mais tarde, no hospital, devido aos ferimentos em um acidente na própria corrida. Era muito inseguro.
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O que me fez mudar de ideia em 1984 e enfrentar um Indycar, que antes considerava inaceitavelmente arriscado? Foi a fibra de carbono. Ela foi usada pela primeira vez na Fórmula 1 em 1981, pela McLaren, cujo revolucionário carro MP4/1, projetado por John Barnard sob a orientação de Ron Dennis, foi pioneiro em técnicas usadas ainda hoje.
O MP4/1 venceu o Grande Prêmio da Inglaterra de 1981 pilotado por John Watson – foi a primeira vitória de Ron na Fórmula 1 – e, mais tarde naquele ano, em Monza, seu monocoque de fibra de carbono salvou a vida de Wattie quando o piloto bateu na saída da segunda curva Lesmo, em um impacto que acabou partindo o carro em dois. Ele permaneceu dentro do monocoque de fibra de carbono, que ficou intacto – nascia a “célula de sobrevivência”.
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Desde a adoção da construção com chassis de fibra de carbono, os pilotos escaparam de acidentes que os teriam matado se estivessem em carros feitos com chassis de metal. E o exemplo mais extraordinário desse milagre foi o acidente do piloto da BMW-Sauber, Robert Kubica, no GP do Canadá de 2007, em Montreal.
Quando assisto às imagens daquele acidente agora, ainda acho difícil acreditar que ele sobreviveu a um impacto tão violento. E, na verdade, soube que passou a noite no hospital por precaução, teve alta no dia seguinte e voltou dirigindo para o hotel. Simplesmente incrível!