A nova S10 está sendo pensada há anos. A Chevrolet não queria perder a mão do novo carro, líder de seu segmento desde que foi lançado, em 1995. Substituir esse produto vitorioso seria uma tremenda responsabilidade. A solução foi fazer um veículo superior em tudo, mas sem grandes alterações de preço.

Criada e desenvolvida no País, a picape nasceu com a cara do brasileiro. O design, comandado pelo competente mexicano Carlos Barba, garantiu linhas bem harmoniosas ao modelo. Na coluna C da cabine dupla, aquela atrás das portas traseiras, no final do habitáculo, um acentuado ângulo deu ao modelo um ar de velocidade, que lembra uma flecha. Semelhante ao recurso utilizado pela Mitsubishi na Triton. Segundo Barba, o ângulo poderia ser mais acentuado, mas questões industriais e de manufatura limitaram o uso do recurso estético. De qualquer forma, o resultado final foi muito bom. Na dianteira, apesar da frente padronizada da marca, os detalhes do para-choque, seus recortes e a proporção usada fizeram toda a diferença.

A engenharia brasileira, comandada pelo experiente Pedro Manuchakian, partiu da plataforma da picape japonesa Isuzu, parceira da Chevrolet. Essa base era, na época, a mais moderna no grupo e aliava flexibilidade construtiva, robustez e uma dirigibilidade mais próxima à de um automóvel. Quesitos importantes em um utilitário moderno. Como o produto será fabricado e vendido em várias partes do mundo, ele foi testado em todos os continentes e o powertrain (conjunto motor/câmbio/transmissão), desenvolvido para cada região. Em nosso mercado, a S10 será oferecida sempre com motores de quatro cilindros, flex 2.4 ou turbodiesel 2.8 com potências variando dos 147 cv do flex até os 180 cv do turbodiesel. O 2.4 flex é nosso velho conhecido: oriundo da velha Família 2 da Chevrolet. Os técnicos partiram do conhecido 2.0 e alteraram seu projeto para que o motor ganhasse, principalmente, torque. Agora, novamente ele foi retrabalhado: teve alterações nos coletores de admissão e escape e na calibração dos sistemas de injeção e ignição. Esse motor se destaca pela força nas baixas rotações e durabilidade. Tem um consumo condizente com a proposta e oferece uma boa performance.

A escolha da opção de tração é feita pelo botão mostrado no detalhe acima, um sistema mais moderno e delicado que o da geração anterior

 

Na versão flex não há a opção pela transmissão automática ou pela tração nas quatro rodas, ambos disponíveis apenas para a versão turbodiesel. O principal atrativo dessa versão flex está no preço, que começa a partir dos cerca de R$ 58.868 (cabine simples, básica, praticamente uma versão de trabalho) e chega até cerca de R$ 85 mil, nesse caso com cabine dupla, travas elétricas, ar-condicionado digital e outros mimos indispensáveis em uma picape desse naipe.

Já a versão com motor a diesel, a mais desejada pelos picapeiros, custa bem mais caro. A cabine simples de entrada 4×2 começa a partir de R$ 85,4 mil; e a cabine dupla completa (com câmbio automático de seis marchas e tração nas quatro rodas) chegando à R$ 132.250. Pode parecer muito, mas é um valor compatível com o da concorrência.

A capacidade de carga é razoável, mas o design ficou agressivo

 

O painel, que foi redesenhado, garante boa leitura e o console central ficou mais atual, ainda que o acabamento não seja sofisticado

A nova picape garante mais conforto para os ocupantes traseiros, que ficam sentados em uma posição mais parecida com a de um automóvel

Apesar de ter a mesma cilindrada, esse motor não tem nada em comum com o da antiga S-10. É um projeto da italiana VM Motori, uma empresa especializada em propulsores a diesel, de propriedade da GM e da Fiat, cada uma com 50% de participação. Um motor moderníssimo, de quatro válvulas por cilindro, turbina de geometria variável (um pequeno motor elétrico de passo comanda a pressão da turbina o tempo todo de acordo com as necessidades do motorista), injeção direta de comando eletrônico, vela de aquecimento para as partidas a frio, comando de válvulas oco para diminuir peso e inércia, roletes na distribuição para reduzir atritos e torque abundante nas baixas rotações.

Com essa configuração, esse motor produz bons 180 cv e um ótimo torque máximo que chega aos 47,9 kgfm, sendo que 90% dessa força já surge a baixíssimas rotações – característica positiva para uma picape, principalmente nas arrancadas, subidas e retomadas de velocidade com o veículo carregado (ele transporta até 1.300 kg na cabine simples).

Quando se necessita da tração nas quatro rodas, o torque abundante ajuda a modular a força para transpor terrenos de baixa aderência, como água, lamaçal ou barro. Pelas pesquisas que realizou, a Chevrolet acredita que 41% dos consumidores de picape a utilizam na terra e 47% para trabalho. Por isso, robustez é fundamental para esses clientes.

A grande luta da Chevrolet será para manter a liderança. O segmento está se renovando e o consumidor terá agora muitas opções. Nas próximas páginas, você já conhece uma de suas rivais: a Frontier com novo motor. Quem levará a melhor?

 

A CONCORRÊNCIA

Além da Frontier das próximas páginas e da Ranger 2012, que estreia nos próximos meses, a S10 terá que enfrentar a reação de outras rivais. A nova Hilux, por exemplo, reestilizada em 2011, começa a ser vendida este mês com motor exível. A unidade 2,7 litros 16V oferece 25 kgfm de torque e desenvolve 163 cv de potência (com etanol). O grande problema desse modelo está no preço, bem mais alto que o da versão de entrada da S10. A Hilux ex mais barata que o consumidor encontra tem cabine dupla, tração 4×2, câmbio automático e custa R$ 88.730. Por esse mesmo valor, já é possível comprar uma versão de entrada a diesel da picape da Chevrolet. Outra que tem novidades é a Amarok que, no mês que vem, estreia a aguardada versão com câmbio automático. A moderna transmissão sequencial de oito velocidades dará nova vida ao carro no segmento de picapes médias.