25/02/2013 - 14:21
Há cinco anos, MOTOR SHOW decidiu colocar o dedo na ferida da indústria automotiva nacional. Passamos a falar abertamente sobre uma questão incômoda: o carro tem papel importante na emissão de poluentes na atmosfera, e é fundamental que o consumidor cobre das montadoras produtos cada vez mais econômicos e, consequentemente, menos agressivos para o meio ambiente. Em 2008, criamos este espaço exclusivo (seção EcoMotor) para discutir alternativas sobre o tema e passamos a ser a primeira publicação brasileira a divulgar com destaque a emissão de CO2 dos carros. A informação aparecia na forma de um selo com uma classificação que ia de baixíssma à altíssima. Como algumas marcas se negavam a divulgar seus números, elaboramos uma fórmula de cálculo para determinar o dióxido de carbono emitido por cada carro a partir de seu consumo. Agora, o panorama mudou e MOTOR SHOW mais uma vez vai acompanhar essa evolução de forma pioneira.
O PBE (Programa Brasileiro de Etiquetagem), que por meio do Inmetro media e classificava a eficiência energética dos carros nacionais desde 2009, evoluiu. A adesão ainda é facultativa, mas, desde o ano passado, as marcas que divulgarem o consumo de seus automóveis deverão fazê-lo dentro do padrão do instituto. A base é a medição em laboratório seguindo a norma NBR7024 – único modo confiável e científico de se medir o consumo –, como sempre fizeram as fabricantes para homologar seus carros. A diferença é que agora, em cima desse número, é aplicado um fator de redução que faz com que o consumo anunciado se aproxime muito do obtido no cotidiano. MOTOR SHOW já aplicava essa fórmula sobre o consumo – e o resultado aparecia na ficha técnica como Consumo Real. A partir de agora, dispensaremos o termo, já que o consumo sem o redutor não pode mais ser divulgado.
As mudanças não param por aí. Este ano, o Inmetro passou a divulgar também a emissão de CO2 dos modelos que participam do PBE e, a partir de agora, nosso selo passará a trazer não mais a emissão do gás calculada por nós, mas a divulgada pelo instituto. A classificação dos carros agora se dará pelo consumo, exatamente como no programa de etiquetagem (e como o consumidor está acostumado a ver nas geladeiras e televisores): com notas de A a E (sendo A o produto com menor consumo energético). Como a adesão ainda não é obrigatória, há modelos que não aparecem na tabela publicada pelo Inmetro – e passam a receber nosso selo preto. O mesmo acontece para carros que ainda não são vendidos aqui: a emissão de CO2 de seu país de origem e o consumo poderão ser conferidos na ficha técnica, mas não na abertura da reportagem. Das grandes marcas nacionais, apenas a Chevrolet não aderiu ao programa. “Não divulgamos consumo porque temos restrições sobre a metodologia. O consumidor espera mais que uma mera informação, quer tecnologia”, afirmou Marcos Munhoz, vicepresidente da GM do Brasil.
Mas hoje, sem informação, fica difícil determinar o quanto um carro é gastão. Com a evolução tecnológica, motores e transmissões modernos, componentes mais leves e evoluções aerodinâmicas, os números podem surpreender. Quem saberia, por exemplo, que um Honda Fit Twist 1.5 pode ter uma classi cação pior que um Civic 1.8? Ou que um Renault Duster 2.0 gasta menos que a versão 1.6 equivalente? E que, mesmo com tração 4×4, mais pesada, ele tem a eficiência praticamente inalterada? Por isso, a partir de agora nossas chas técnicas trarão as duas Classificações do Inmetro: uma da categoria e outra do ranking geral. Assim, o consumidor poderá comparar carros de segmentos distintos na hora da escolha. Quem quiser ir mais a fundo na avaliação, pode consultar a planilha completa do Inmetro, disponível também em nosso site (www.motorshow.com.br/consumo). O planeta agradece.