C200 K AVANTGARDE R$ 165.157

A4 2.0 TFSI 214 CV R$ 187.990

Quando se comparam carros do naipe de Mercedes e Audi, não se procura exatamente mostrar qual o melhor: afinal de contas, ambos são muito bons e certamente estão entre os melhores sedãs do mundo. Na realidade, o que buscamos analisar é qual deles oferece mais pelo seu dinheiro. O Mercedes Classe C é líder de vendas nesse restrito mercado. Foram vendidas mais de 400 unidades do Mercedes no primeiro trimestre, contra pouco mais de dez unidades do Audi A4 no período – uma lavada indiscutível na preferência do consumidor pelo produto da mais antiga e tradicional fabricante alemã de automóveis sobre a Audi (essa fruto de um sonho de um construtor do mesmo país).

Mas a preferência do consumidor deste nicho pelo C 200 não significa necessariamente que ele seja superior. Pode ser decorrência de uma situação de mercado em que a Mercedes foi mais competente do que a Audi em vender seu produto.

O Classe C tem volante de quatro raios e painel mais sóbrio que o do Audi. O freio de estacionamento é acionado com o pé esquerdo

Eles diferem nos princípios construtivos: enquanto o Mercedes, mais conservador, utiliza o powertrain na posição clássica (motor dianteiro, câmbio, eixo cardã e diferencial traseiro e transmissão de torque às rodas traseiras por semi-eixos, tudo disposto longitudinalmente), o Audi concentra todo o conjunto motriz na posição longitudinal na dianteira do sedã, com tração também dianteira. Nesse caso, não existe melhor ou pior: são características construtivas diferentes, cada uma com suas vantagens e desvantagens. Para um comportamento mais equilibrado da carroceria, seja em curvas, seja em linha reta, a melhor distribuição de peso por eixo proporcionada pela solução do Mercedes é mais eficiente, até mesmo quando se considera a melhor capacidade de tração e de esterço do volante. Em contrapartida, a concentração do powertrain na dianteira do A4 proporciona um rodar mais livre de vibrações, assoalho plano no interior e manutenção mais simples.

No Audi o volante tem três raios, o conta-giros fica do lado esquerdo e o freio de estacionamento é acionado por botão no console

Os dois motores são econômicas unidades de quatro cilindros: 2.0 no Audi e 1.8 no Mercedes. Alguém poderia perguntar: “Só?” Neste caso, os dois fabricantes utilizaram a superalimentação para tirar uma boa performance: turbocompressor operando junto com uma injeção direta no Audi e compressor mecânico com injeção indireta no Mercedes. Com este recurso, o Mercedes chegou aos 184 cv (torque máximo de 25,5 kgfm de 2.800 a 5.000 rpm) e o Audi conseguiu bons 214 cv (torque máximo de 35,7 kgfm, que começa em baixíssimas 1.500 rpm e vai até 4.200 rpm). Essa gritante vantagem do motor Audi aparece na performance: o A4 acelera de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos, enquanto o C 200 cumpre a prova em 8,6 segundos. Na máxima, o Audi chega a 250 km/h (limitação eletrônica), enquanto o Mercedes para nos 235 km/h. Ambos são muito velozes, mas o Audi chega a surpreender pelo brilho de seu desempenho. Você precisa dessa performance acentuada? Se a resposta for afirmativa, opte pelo Audi. Caso contrário, o Mercedes também anda muito bem.

No Mercedes, a tração é traseira e o espaço interno é menor

Consumo? Baixíssimo em ambos, se considerarmos suas performances. Bom desenvolvimento aerodinâmico, motores modernos e eficientes (o do Audi se destaca) e transmissões modernas (convencional de cinco marchas no Mercedes e continuamente variável no Audi) estão entre os segredos de ambos.

No espaço interno, os dois sedãs praticamente se equivalem, com ligeira vantagem para o Audi. O A4 é ligeiramente mais comprido (4,70 m, contra 4,58 m do C 200) – mas os porta-malas praticamente se equivalem (480 litros no A4, contra 475 litros do C 200). A largura maior do A4 (1,83 m, contra 1,77 m do Mercedes) permite mais espaço para os ombros. E o entre-eixos também é maior no Audi.

O Audi tem tração dianteira e desempenho superior ao rival

Agora, vamos ao que realmente interessa: o preço. Se ambos são bons e se equivalem em termos de qualidades técnicas e design, o preço vai cada vez mais ganhando importância nessa comparação. Quem tiver um preço mais atraente terá uma oportunidade mais sólida de conquistar o consumidor. Neste ponto, conseguimos entender por que o consumidor brasileiro comprou 33 vezes mais Classe C do que A4 no primeiro trimestre deste ano: R$165.157 é o preço do C 200 Avantgarde e R$ 187.990 é o preço médio do A4 Turbo FSI (214 cv). Uma diferença de R$ 22.833, que tem na performance superior do A4 sua maior justificativa, mas que a maioria esmagadora dos consumidores resolveu que não iria pagar.