O Dodge Durango é o que os norteamericanos chamam de um SUV full-size, ou utilitário-esportivo grande. Com mais de cinco metros de comprimento e três de entreeixos, nos padrões brasileiros ele pode ser chamado simplesmente de enorme. É do tamanho de um Audi Q7. Com todo esse tamanho e mais de 2.300 quilos, o grandalhão tinha tudo para ser ruim de dirigir – desequilibrado, desajeitado, imprevisível… Mas não é. Ele mostra um equilíbrio elogiável. E surpreende também em outros aspectos.

Boa parte desse equilíbrio vem da ótima base construtiva, a mesma do Jeep Grand Cherokee (as duas marcas são do grupo Fiat-Chrysler), mas com o entre-eixos estendido para acomodar sete adultos. A tração é integral, mas não há pretensões off-road. O Durango é um SUV definitivamente “estradeiro”; na cidade, no entanto, também tem vantagens: coloca motorista e passageiros em evidência e garante uma sensação maior de segurança. Foi o que sentimos em um rápido test-drive na capital paulista seguido de uma ida ao litoral.

Sair do quarto subsolo do prédio da Chrysler não foi fácil. As rampas já são apertadas para carros comuns e, no caso do Durango, exigiram cuidado extra e uma ou outra manobra – boa ocasião para testar a direção com assistência eletro-hidráulica progressiva. Ali ela foi leve o suficiente, e depois, na sinuosa rodovia Mogi-Bertioga, cortando a Serra do Mar, mostrou bom peso e respostas precisas. O que mais surpreendeu, no entanto, foi o equilíbrio da carroceria. Claro que não dá para comparar com um sedã, e não se esquece de que se está em um “superSUV”, mas a construção em monobloco, a boa direção, a distribuição de peso próxima da perfeição e os freios bem modulados deixam tudo bem mais fácil do que se imagina.

Nas subidas e nas ultrapassagens, o motor Pentastar 3.6 V6 de 286 cv (o mesmo do Grand Cherokee e do Journey) garante boas respostas e mostra fôlego. Seria melhor ainda se estivesse combinado a um câmbio com mais de cinco velocidades, mas não há motivos para queixas graves. A caixa prioriza o conforto e, no modo esportivo, permite trocas manuais – movendo a alavanca para a direita e para a esquerda.

Dentro da cabine, quase tudo é tipicamente americano: muitos porta-copos, bancos grandes e confortáveis, incontáveis porta-objetos, conveniências para a família. O que foge à regra é o acabamento – que não chega perto do visto em um Audi, mas já passou pelas melhorias resultantes da parceira com a Fiat (que colocou isso como prioridade e já fez essa evolução em outros modelos americanos, como o Journey). Na volta do litoral, como passageiro, deu para apreciar bem o conforto a bordo e o silêncio ao rodar. Na terceira fileira, se acomodam bem adultos com altura até as casa do 1,70 m – que conta ainda com saídas de ar- condicionado no teto. Não faltou tempo para explorar o sistema multimídia com tela touch-screen, HD de 30 gb, bluetooth e boa qualidade sonora (nove alto-falantes e subwoofer). É fácil de operar, mas falta um navegador GPS. No mais, a lista de equipamentos é bastante farta.

A versão básica, Crew, é vendida por R$ 169.900 com seis airbags, aquecimento dos assentos da primeira e segunda fileiras (que tem ajuste de ar-condicionado independente), retrovisores antiofuscantes, rodas aro 18, entrada e partida sem chave e iluminação interna com LEDs, entre outras coisas. Já a versão avaliada das fotos, a topo de linha Citadel, sai por R$ 189.900 e ganha não só adereços estéticos – grade, maçaneta e rodas (de 20”) cromadas – mas também teto-solar, bancos dianteiros ventilados, aquecimento do volante, faróis de xenônio e sistema multimídia na segunda fileira, entre outros itens.

Olhando para o mercado, são preços atraentes. Rivais como a Chevrolet Trailblazer a gasolina ou a Toyota SW4, construídos sobre chassi, não têm o mesmo refinamento ao rodar e são menores, e Audi Q7, Land Rover Discovery estão um degrau acima em preço e qualidade. Talvez o Durango se alinhe mais mesmo, em preço e equipamentos, com o Kia Mohave – que, no entanto, é um pouco menor e não tão imponente. Tudo isso torna o Durango uma oferta tentadora. Um pouco exagerado e talvez um pouco desnecessário para a maioria dos consumidores, mas, sem dúvida, atraente.