01/02/2012 - 0:00
Há uma incoerência neste Mercedes S 63 L AMG. Afinal, por que essa “megassuperultralimusine” – que em teoria é um carro para ser dirigido por um motorista – precisa ter um motor poderoso como este novo V8 5.5 biturbo da divisão esportiva da marca? A primeira reação é a dúvida: onde devo sentar?
Nos bancos traseiros, há enorme espaço para as pernas, graças ao entre-eixos alongado desta versão (responsável pela letra “L” no nome). Há ainda sistema de tevê/ DVD, geladeira para guardar o champanhe, ar-condicionado com saídas centrais e nas colunas e um controle remoto capaz de comandar, individualmente, o que acontece em qualquer canto do carro. E não acaba aí: no apoio de braço central ficam os controles de inúmeras bolsas de ar que permitem ajustar os contornos dos bancos traseiros. Eles são reclináveis e têm sistemas de aquecimento e refrigeração. Na porta direita, um botão move o assento do passageiro da frente para controlar o espaço para as pernas. Com tanto luxo, por que alguém iria querer sair dali?
A resposta é simples. Voltamos às três letras mágicas: AMG. A divisão de esportivos da Mercedes é responsável tanto pelo acerto desta versão quanto pelo novo V8 de 5,5 litros sob o capô. Esse motor usa duas turbinas para compensar a redução no tamanho em relação à unidade 6,2 litros aspirada que equipava não só o antigo S 63, mas quase todos os AMGs. Atualmente ficaram com o 6.2, por enquanto, apenas o Classe C e os SLS Coupé e Roadster.
Este novo e igualmente poderoso oito cilindros tem consumo 25% menor, sem prejuízo ao desempenho. Pelo contrário: apimentado pelo Performance Pack, são 571 cv e impressionantes 91,8 kgfm de torque disponíveis em uma ampla faixa de rotações. E, acredite, a ótima aceleração de zero a 100 km/h em 4,4 segundos e a máxima de 300 km/h não são o melhor que o sedã oferece.
Com 5,23 m de comprimento (tamanho de uma picape cabine dupla), esse enorme Classe S se move com agilidade impressionante. O novo câmbio automatizado multidisco MCT de sete marchas é bastante rápido e, para compensar a decepcionante alavanca de câmbio na coluna, há borboletas no volante para trocas manuais. Nas frenagens, seus 2.170 quilos se fazem presentes, é verdade, mas os freios de cerâmica interrompem bem sua fúria. O único “porém” está no turbo lag: ao afundar o pé no acelerador, às vezes, há uma espera pela resposta. Ela quase não é notada, mas está lá. Uma pequena letargia logo compensada por um estouro de força e potência, um ronco grave e uma sinfonia de explosões, assobios e espirros.
Entre os sistemas de auxílio, destaque para a visão noturna. A alavanca de câmbio ca na coluna de direção, mas há borboletas para trocas esportivas, além de um belo relógio e um teclado para celular
Assim como os bancos traseiros, os dianteiros também têm inúmeras bolsas de ar espalhadas em seu interior. Além de possibilitar controle milimétrico do formato dos assentos, elas são capazes de fazer massagens no motorista e no passageiro, com diversos níveis de intensidade e velocidade, além de poderem atuar de forma ativa durante a condução. Você faz uma curva para a direita, as bolsas laterais do lado esquerdo do encosto se infl am para apoiar melhor suas costas. E vice-versa. Coisa de louco…
E ainda há muito mais: um botão ergue o carro para que ele não raspe em descidas de rampas e passagem em valetas. As suspensões são ajustáveis em vários modos, para proporcionar desde o máximo conforto até a rigidez necessária para domar todo o peso e a potência do sedã em uma pilotagem mais agressiva: há sistema de visão noturna para prevenir atropelamentos, faróis direcionais e quase tudo o que se espera de um carro de mais de R$ 600 mil. Só faltaram mesmo um head up display (sistema que projeta informações no para-brisa) e um piloto automático com controle automático de distância do veículo que vai à sua frente.
Mas voltemos ao dilema do início do texto: você já descobriu qual seria a melhor opção? Pilotar ou usufruir do conforto do banco traseiro? A resposta parece bem óbvia: se a pista estiver congestionada, banco de trás; com o caminho livre, troque de lugar com o motorista e acelere fundo.