Primeiro veio o hatch esportivo C4 VTR, importado da Argentina. Depois, o sedã C4 Pallas. Agora é a vez da Grand C4 Picasso, que chega atrasada – sucesso na Europa, não sobraram unidades para o nosso mercado. O lançamento estava programado para abril, e em nossa edição de março já mostramos um comparativo com sua principal rival (além da GM Zafira), a também nova Grand Scénic. Este mês, ela começa a ser vendida.

Para mim, é a melhor oferta do segmento: são duas versões, uma por R$ 89.900 e a outra, avaliada, com teto solar panorâmico, por R$ 93.300. A Xsara Picasso atual continua sendo vendida, já que esta nova oferta tem como alvo quem pode pagar mais pelo novo e belíssimo design, pelos sete lugares (de fácil uso, com bancos que são escondidos no assoalho e não precisam ser removidos) e pela alta tecnologia a bordo.

Além do controle de estabilidade (ESP), do ar-condicionado de quatro zonas com controles individuais nas colunas, do limitador e regulador de velocidade, dos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros e do limpador de pára-brisa e faróis automáticos, ela ainda oferece mimos como airbags dianteiros, laterais, de cortina e de joelho (para o motorista), freio de mão automático (ao estacionar, eu sempre o procurava, e logo percebia que já estava acionado), bolsas nas portas dianteiras com sensores que acendem uma luz assim que se coloca a mão nelas, e até medidor de vaga: basta apertar um dos muitos botões no volante de centro fixo e ela mede as vagas, avisando se aconselha ou não o estacionamento.

O motor 2.0 não é flex, mas, com 143 cv, cumpre bem sua função. O câmbio tem apenas quatro marchas, e funciona bem na condução “familiar”, seguindo a proposta do carro. Borboletas no volante permitem operar o câmbio no modo manual, porém não fariam falta. A ampla área envidraçada (o pára-brisas termina em cima da cabeça do motorista), mesmo no modelo sem teto panorâmico, dá uma boa sensação de “integração com o mundo”. A única crítica fica por conta da suspensão, que sofre um pouco, só nos piores pavimentos. Eu a levaria pra casa sem medo!

Acima, o medidor que avisa se o carro cabe na vaga desejada. Abaixo, o amplo vidro com quebra-sol deslizante: um em posição normal, o outro avançado

O teto de vidro, único opcional. Acima, a central de arcondicionado do motorista, que fica à esquerda do volante, e, à direita, o controle de ar na coluna traseira

*DADOS ESTIMADOS

Detalhes do interior: cortinas para escurecer os vidros na segunda e terceira fileiras. Abaixo, com os bancos escondidos no assoalho, o piso fica plano e dá para levar 1.951 litros de bagagem

CONTRA PONTO

No meu modo de ver, o Grand C4 Picasso é limitado devido as suas características estritamente familiares. Acredito que suas dimensões limitem o uso diário nos grandes centros urbanos: seria descômodo para manobrar, apesar de seu auxílio eletrônico de estacionamento, e mesmo para o pesado trânsito das cidades. A impressão que tenho é que a belíssima Grand C4 Picasso tenha sido concebida para viagens familiares. Me agradou sobremaneira o pára-brisa que tem sua curvatura até a altura da cabeça do motorista: tem-se a impressão de estar viajando em um helicóptero, tamanha é a sensação de espaço para cima, para baixo e para os lados. Uma sensação agradável de liberdade, principalmente em um bonito dia de sol. O ar-condicionado com quatro pontos distintos de temperatura privilegia a privacidade de cada indíviduo. Concordo com o Flávio no quesito trem de força: tanto motor quanto o câmbio automático de quatro marchas são bastante suficientes para a proposta do carro.

Douglas Mendonça | Diretor Técnico