O carro elétrico já é realidade. Na edição 439 da revista MOTOR SHOW (leia mais aqui), publicamos uma reportagem especial sobre eletrificação, onde explicamos as tecnologias e vantagens de cada tipo de tecnologia, dos híbridos leves aos carros 100% elétricos. Aqui no site, publicaremos esta reportagem especial sobre eletrificação em etapas. Na primeira parte, mostramos as novas tecnologias dos motores a combustão (leia aqui), que não vão ser aposentados tão cedo. Agora, vamos falar dos híbridos leves, ou mild hybrids.

O híbrido leve é a primeira etapa da eletrificação dos automóveis, a mais simples e econômica. Mas muitos consideram até controverso que eles sejam classificados como híbridos para efeitos de impostos, isenção de rodízios, etc. – afinal, hoje ainda são na maioria carros caros e potentes, e que consomem muito combustível, como o Audi Q7 (leia aqui a avaliação). Mas, diante dessa “brecha” nas leis, é uma solução cada vez mais adotada pelos fabricantes.

Do ponto de vista técnico, um mild hybrid geralmente costuma ter o alternador substituído por uma máquina elétrica mais potente (até um máximo de cerca de 11 kW, que equivale a 15 cv). Este motor-gerador é capaz de recuperar energia em desacelerações e armazená-la em uma pequena bateria de lítio exclusiva para o sistema. Esta energia é posteriormente destinada a duas finalidades: religar o motor a combustão de forma rápida e silenciosa, após curtas paradas no trânsito ou em semáforos, e acionar o motor-gerador, fazendo com que ele forneça torque mecânico à unidade a gasolina/flex ou a diesel na hora da partida, como modo de reduzir ainda mais o consumo de combustível.

Combustão à vontade

Os sistemas mais simples dos mild hybrids têm tensão de 12 volts, como na rede elétrica de carros “comuns”; aqueles um pouco mais sofisticados, como os Audi, multiplicam o valor em até quatro vezes, operando com 24 ou 48 volts. Em todo caso, considerando que o motor-gerador fornece torque ao motor térmico – o único que atua de fato nas rodas –, os híbridos leves não podem funcionar apenas com tração elétrica. O motor a combustão pode ser a gasolina, flex ou a diesel: recentemente, vários fabricantes começaram a oferecer na Europa modelos híbridos leves a diesel, mais adequados para quem costuma rodar muito em estradas.


O futuro: uma solução barata

O mild hybrid é a solução ideal para os fabricantes de automóveis, pois permite obter bons resultados em termos de consumo e, consequentemente, de emissões de CO2, evitando construções complicadas e custos elevados, ainda mais considerando as baixas tensões envolvidas. O método mais simples de eletrificação substitui o alternador por um motor-gerador, que é conectado ao motor térmico por uma correia. Uma intervenção mais substancial consiste em substituir o volante do motor pelo motor-gerador, mas com este sendo integrado ao virabrequim; desta forma, mais potência é obtida, mas também aumentam os custos. Para ambas as soluções, é fácil prever uma difusão generalizada dos híbridos leves tanto em carros com motores a gasolina e flex quanto naqueles a diesel – em virtude da simplicidade técnica e do baixo custo, embora os benefícios sejam discretos. Além disso, esse sistema age de modo praticamente imperceptível para o motorista. Muitos fabricantes, portanto, já anunciaram a intenção de ter híbridos leves em toda a sua gama de modelos.


Glossário

Motor-gerador
Uma máquina elétrica capaz de produzir energia, por exemplo, a partir daquela que seria desperdiçada na desaceleração do veículo – e devolvê-la assim que necessário, contribuindo para partidas da imobilidade.

Start & Stop
Sistema que desliga o motor quando o carro para e o religa quando o motorista pressiona a embreagem ou tira o pé do pedal do freio (nos carros automáticos). Permite reduzir o consumo na cidade.

Volt
Unidade de medida de tensão – a diferença de potencial entre a carga positiva e a negativa e um campo elétrico, que determina a passagem da corrente.


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