10/02/2020 - 11:24
O verão está chegando ao fim. Com o calor, vêm os temporais repentinos – as famosas chuvas de verão, ou “águas de março” da música de Tom Jobim. Costumam ser breves, porém intensas, como a que rpovocou o caos em São Paulo nesta segunda-feira. Se você não tiver como evitar cruzar uma área de enchente com seu carro, deve tomar certos cuidados. Aqui vamos ensinar como dirigir em alagamentos. O coordenador técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária (CESVI), Gerson Burin, nos deu algumas dicas a respeito.
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O básico
Sempre que puder, procure caminho alternativo ou espere a água escoar. Caso não tenha opção, a recomendação do CESVI é que o motorista engate a primeira marcha e siga em baixa velocidade (10 km/h) durante a travessia, mantendo o motor em rotação constante de cerca de 2.500 rpm – a chance de haver aspiração de água pela tubulação de admissão (causando o temido calço hidráulico) é maior com os giros mais altos na maioria dos veículos.
Antes de se arriscar, porém, verifique se a altura da água não está acima do meio da roda de seu carro (ou de outro de mesmo porte que esteja já cruzando, para usar como referência).
Siga (ou não) o mestre
Seguir a trilha do carro à frente pode ser uma boa tática. Nas, como dirigir em alagamentos não é um ciência exata, é melhor quando se pode esperar ele terminar a travessia para ver se foi bem sucedido. Se você atravessar junto, muito próximo, não conseguirá saber se a trajetória dele é a melhor.
Veículos grandes (como ônibus e caminhões) baixam bem a água ao passar, “esvaziando” a pista atrás, e por isso é tentador ir “colado” neles. Mas, dependendo da forma da rua, da calçada e dos muros, entre outros fatores, há o risco de as ondas que formam voltarem mais rápido – e no caso de veículos grandes “podem chegar a encobrir o veículo de menor porte”, alerta Burin. “O melhor é manter distância”.
Ar-condicionado
Como dirigir em alagamentos exije mais do motor, segundo Burin, desligar o ar-condicionado evita que parte da força destinada à tração seja perdida no funcionamento do compressor. Isso faz diferença principalmente em carros 1.0, com pouca potência. Mas não adianta desligar e ficar com os vidros embaçados: lembre-se que é sempre importante ver muito bem para onde está indo, então deixe se possível ligado e na posição para desembaçar o para-brisa.
Trocando de marcha
O ideal é não trocar de marcha enquanto está cruzando o alagamento, mas em caso de subidas ou descidas, ou se precisar ganhar velocidade por causa de outro veículo, pode ter de optar pela segunda marcha. Saiba, no entanto, que o desacoplamento do disco de embreagem do platô pode causar danos nesses dois componentes, além de poder fazer o carro perder o embalo. “Engatar a segunda aumenta a velocidade, e isso não é recomendado”, alerta Burin.
Se você já estiver com a segunda marcha engatada quando perceber o alagamento e tiver de diminuir a velocidade, a única opção será reduzir a marcha. Nesse caso, dizem por aí que fazer a troca acelerando ajuda a evitar a entrada da água no motor.
Mas o especialista do CESVI alerta que o método pode aumentar o patinamento do conjunto, fazendo o carro perder velocidade e embalar novamente – o que forma uma onda sobre o capô e aumenta a chance da água molhar áreas delicadas (e ainda pode elevar demais a rotação, mais uma vez aumentando a chance de calço hidráulico).
“Morreu” no meio do caminho
Se o motor do carro “morrer” na área alagada, não se deve tentar dar a partida novamente, pois isso pode afetar o motor ou causar pane elétrica. A água e a sujeira podem inutilizar conectores e sensores, causar fuga de corrente nos cabos de vela, contaminar o óleo do motor e desgastar componentes móveis.
Já o calço hidráulico é causado pela entrada de água no cilindro, que pode empenar a biela – ou quebrá-la –, além de danificar pistão, bloco, virabrequim, cabeçote…
Carros automáticos
Se o carro tiver essa opção, selecione o modo de trocas de marcha manuais/sequenciais (M, S ou +/-, normalmente). Em carros sem essas alternativas, opte pelos modos reduzido (L), Sport (S) ou, em modelos mais antigos, a posição 1. Dessa forma o veículo não ganha muita velocidade.
Em carros que têm apenas o modo D (Drive), pode-se alternar manualmente entre N e D, de modo a manter a velocidade baixa sem descuidar da rotação do motor (que deve ficar sempre em torno de 2.500 rpm).