15/02/2016 - 10:45
Escolhi a McLaren para correr a temporada de 1974, seguido pelo meu patrocinador, a Marlboro. Ainda em dezembro de 1973 pilotei o M23 pela primeira vez e logo me senti muito confortável. Como tinha observado – quando corria contra Peter Revson e Denny Hulme pilotando o McLaren M23 –, o carro era muito bom em curvas rápidas, muito estável, bem balanceado e muito veloz. Denny agora era meu companheiro de equipe. No mês seguinte, janeiro de 1974, a Goodyear organizou um teste de pneus no “circuito de casa”, Interlagos.
De novo senti o McLaren M23 rápido e, melhor, firme. Percebi que fazíamos progressos durante o teste, descobrindo um pouquinho de velocidade extra a cada dia. O primeiro GP da temporada foi em Buenos Aires, Argentina, e classifiquei o M23 em terceiro. Denny ficou em quarto na largada. Mas, na corrida, eu desliguei sem querer a chave de ignição do volante, um dispositivo de segurança que o pessoal da McLaren colocou para prevenir acidentes caso o acelerador travasse. Não consegui marcar nenhum ponto. Estava frustrado, mas Denny venceu, mostrando o grande potencial do M23. E isso me encorajava.
No entanto, o argentino Carlos Reutemann tinha liderado quase toda a prova e deveria ter ganhado. Infelizmente, ele ficou sem combustível em seu Brabham na última volta. Ou seja, a equipe de Bernie Ecclestone, a Brabham, iria ser uma ameaça naquela temporada. Também fiquei muito impressionado pela velocidade das novas Ferrari, pilotadas por Clay Regazzoni (saiu em segundo e chegou em terceiro) e Niki Lauda, que largou em oitavo e chegou em segundo lugar. Ainda tinha a Lotus e eu sabia o quanto a equipe de Colin Chapman era competente. A próxima etapa era em Interlagos, onde havia testado o M23 algumas semanas antes. E lá eu queria brilhar.
No começo da corrida, Carlos Reutemann e Ronnie Peterson me passaram, mas consegui ficar em terceiro, atrás do Brabham e do Lotus. E não se esqueçam: muita gente achou que eu era louco de sair da Lotus, afinal eu ganhei nove GPs e um campeonato mundial nessa equipe. E a McLaren era um time novo, ainda longe de ganhar um campeonato. Mas, nas longas curvas de Interlagos, circuito que eu conhecia e amava tanto, meu M23 se sentia bem, muito bem. De repente percebi que estava alcançando os ponteiros. Na 16ª volta eu liderava, o que trazia uma gostosa emoção. Era o segundo GP que eu vencia no Brasil o primeiro GP com a McLaren. Eu estava muito, muito feliz.