“Patrick Head e Frank Williams diziam que eu tinha talento para ser campeão mundial”

No mês passado, Antônio Pizzonia completou 20 anos de carreira no esporte que o consagrou como o primeiro amazonense a chegar à F-1. O piloto começou a correr aos oito anos de idade, quando ganhou um kart do sócio de seu pai. Manaus, sua cidade natal, não tinha nenhum kartódromo, por isso Pizzonia fez seu pai improvisar uma pista em um estacionamento para poder usar o novo brinquedo. “Aquele dia mudou a minha vida. Eu não queria mais parar de andar. Depois que escureceu, fiz meu pai iluminar a pista com o farol do carro para eu continuar acelerando”, relembra o piloto, que mais tarde se consagraria como campeão amazonense e brasileiro e tricampeão paulista de kart.

Assim como no kart, sua passagem pelo automobilismo europeu foi muito vitoriosa. Lá, onde recebeu o apelido de Jungle Boy (menino da selva), Pizzonia se sagrou campeão da F-Vauxhall, vice-campeão europeu de F-Renault, campeão inglês de F-3 e quinto colocado na Fórmula 3000, categoria que, na época, era o último degrau até a F-1. Na categoria máxima do automobilismo mundial, o amazonense foi piloto de testes da Williams em 2002, piloto titular da Jaguar em 2003 e voltou a ser piloto de testes da Williams entre 2004 e 2005, período onde teve oportunidade de disputar nove GPs. Na Jaguar, Pizzonia não teve condições de mostrar serviço. Além de ser segundo piloto, Nikki Lauda, que o havia contratado, foi demitido durante a temporada.“Fui massacrado na Jaguar. Eles focavam tudo no Mark Webber. Todas as melhoras eram implantadas primeiro no carro dele”, relembra.

Na Williams foi diferente. Pizzonia conta que, nos testes, ele frequentemente batia o tempo de Ralf Schumacher e Juan Pablo Montoya. “O Patrick Head e o Frank Williams sempre diziam que eu tinha talento para ser campeão mundial”, conta. De 2004 para 2005, quando chegou perto de uma vaga de titular, perdeu o lugar para Nico Rosberg, pois a BMW – então fornecedora de motores da equipe – pressionou muito para que o time contratasse um alemão.

“Eu tinha propostas para correr na BAR Honda e no time campeão da Indy, a Newman Haas, mas, como o pessoal da Williams falava que eu tinha 90% de chances de ficar, acabei perdendo essas oportunidades”, conta. No ano passado, o piloto chegou a negociar sua volta à categoria. Segundo ele, com a proibição dos treinos, os times estão buscando pilotos mais experientes. “Hoje estou mais preparado do que nunca”, afirma o piloto.

No topo , seu carro atual na Stock. Abaixo, da esq. para a dir., a comemoração do terceiro lugar na prova de rua de Ribeirão Preto (SP) e como piloto titular da equipe Jaguar na F-1

No, topo, treinando para alcançar seu próximo objetivo: uma prova de Ironman; abaixo, na equipe Williams, como piloto de testes; com o piloto e excompanheiro Montoya, com quem ainda tem amizade; com a filha que teve com a atleta Maurren Maggi; e tocando guitarra, mais um de seus hobbies

Depois da Fórmula 1, o brasileiro participou de quatro etapas da F-Mundial, e defendeu o Corinthians na Super Ligue. Este ano, se focou na Stock, na equipe Hot Car. Agora Antônio Pizzonia tem um desafio também fora da pista: completar uma prova de Ironman, uma competição de triatlo composto por cerca de 4 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida. Para isso, ele participará de dois meio- Ironman, um em Santa Catarina e outro em Miami, para, só depois, fazer uma prova completa no México, no final de novembro. “Meu objetivo é fazer a prova em 12 horas, mas só de terminar já estarei feliz.”

Outra mania do piloto é twittar (@AntonioPizzonia). Logo depois que acabou de nos dar esta entrevista, antes mesmo que nos retirássemos da sede de sua empresa, em São Paulo, ele já estava postando comentários sobre nosso bate-papo no site de relacionamento. “Encaro o Twitter de maneira bem pessoal. Acho que as pessoas que me seguem realmente gostam de mim, porque lá eu sou eu mesmo”, explica.