Quando o Logan começou a ser vendido no Brasil, em 2006, conquistou, principalmente, pelo espaço interno. Nenhum rival oferecia um interior tão amplo e um porta-malas igualmente generoso. Assim, o estreante praticamente inaugurou uma nova categoria no mercado nacional, conquistando boa participação nas vendas apesar de seu design “desajeitado”. Mas se até agora muitos comentários sobre o sedã da Renault começavam com “ele é feio, mas…”, chegou a hora de a coisa mudar (e bastante) de figura. Ele chega à segunda geração bem mais bonito, e por isso a marca até o chama de “Novo Logan”. A plástica foi tão transformadora que Olivier Murguet, presidente da Renault do Brasil, começou a apresentação do carro dizendo “Acreditem, é um Logan”. Poderia até ser o mote da campanha publicitária.

A novidade chega às concessionárias este mês em quatro versões: além das tradicionais Authentique 1.0 e Expression (1.0 ou 1.6), há também a nova 1.6 Dynamique, que você vê nas fotos. Os preços não tinham sido definidos até o fechamento da edição, mas deverão ter ligeira elevação por conta da obrigatoriedade de oferecerem de série freios com ABS e airbags. Estimamos que os modelos 1.0 devam custar entre R$ 29.990 e R$ 33.990, enquanto os 1.6 irão de R$ 37.990 a R$ 42.990. Por enquanto, não haverá opção com câmbio automático. A versão de entrada, como sempre, é bem básica. Itens como som, alarme, direção hidráulica e computador de bordo são oferecidos só na Expression (com motor 1.6, o ar-condicionado vem de série; com o 1.0, é opcional). Rodas de liga, faróis de neblina, piloto automático/limitador de velocidade e outros itens vêm apenas na configuração Dynamique – que ainda oferece alguns bons opcionais, como o ar-condicionado automático.

Mas o design não era a única fonte de reclamações do “velho” Logan. Como em todo carro de baixo custo, sacrifícios têm de ser feitos. Mas, depois de anos de mercado, pesquisas mostram aqueles que valem a pena – e os que o consumidor não perdoa. A Renault tratou de solucionar os que mais incomodavam, e cujas soluções não trariam aumentos inviáveis de custo. Exemplos: o comando elétrico dos retrovisores saiu debaixo da alavanca do freio de estacionamento e foi para o painel; o isolamento acústico foi aprimorado; o portamalas ganhou amortecedor na tampa; o sistema opcional multimídia/GPS ficou mais bem posicionado; o porta-malas ganhou divisória rígida sobre o estepe; os bancos apoiam melhor o corpo; e, finalmente, há novos comandos internos para abertura do porta-malas e do tanque de combustível (antes era preciso entregar a chave ao frentista).

Outros problemas não foram tão bem solucionados. Alguns consumidores reclamavam da direção, pesada em manobras. Em vez de aproveitar a evolução da plataforma do carro para adotar um sistema de assistência elétrica – mais leve e moderno, e que ainda contribui para a redução do consumo –, a marca manteve a hidráulica, mas, na tentativa de deixá-la mais leve e direta, adotou uma assistência variável que, principalmente na estrada, progride de maneira irregular, prejudicando a dirigibilidade (e, na cidade, não é leve como uma elétrica). A marca também afirma que o volante ganhou melhor empunhadura, mas, ao menos para o meu gosto, o aro ficou grosso demais.

Voltando às mudanças positivas, o Logan ganhou novo painel de instrumentos, de leitura mais fácil e iluminação branca, e teve uma melhora no acabamento. Há também, em todas as versões, uma luz que se acende sugerindo subir ou reduzir a marcha, de forma a manter o consumo baixo. O rebatimento do banco traseiro é outra novidade, mas não está disponível na versão de entrada (e na Dynamique, o banco é bipartido). Também novos são os sensores de estacionamento traseiro e o sistema Media Nav (opcionais no Expression e no Dynamique). Esse último, uma evolução do anterior, deve custar R$ 700 e tem, além de GPS, o interessante sistema Eco- Scoring de direção ecológica, que monitora o modo de dirigir, dando uma nota ao motorista e sugerindo como reduzir o consumo.

Falando em consumo, o novo motor 1.0 de 80 cv (eram 77) tem nota A no Programa de Etiquetagem, enquanto o 1.6 ainda não participa da iniciativa (consegui médias de 14 km/l na estrada e 10 km/l na cidade). Já as suspensões continuam robustas, o câmbio permanece um tanto vago (e com uma terceira meio chata de engatar) e o motor 1.6 8V manteve o bom torque em baixas rotações. De modo geral, ao volante, é um carro apenas razoável.

Na hora em que se olha para o mercado, os rivais de sempre continuam ali (e o principal alvo é o Voyage) – mas, de olho justamente no consumidor do Logan, a Fiat aumentou seu Siena (virou Grand Siena), a Chevrolet lançou o Cobalt, e a Toyota estreou o Etios Sedan. E há outras novidades “quentes” na mesma faixa de preços, como o HB20S, o Chevrolet Prisma, além dos modelos chineses. Com tanta oferta, a vida do Logan certamente não será tão fácil quanto na década passada. Mas agora, além de ser espaçoso e ter o mesmo bom custo-benefício, a mesma garantia de três anos e a mesma manutenção barata, a Renault ainda pode dizer, de peito cheio, que tem um carro bonito.