A principal característica do Ford Focus – seja com a carroceria de sedã, seja com a de hatch – sempre foi a dirigibilidade impecável. Desde que nasceu, em 1998, nos segmentos que disputa ele é referência em comportamento dinâmico e prazer ao dirigir. Quem nunca presenciou uma das intermináveis discussões entre os fãs desse Ford na versão dois volumes e os do arquirrival VW Golf? Mas o Hatch chega no mês que vem; agora é hora de falar do Sedan, que já está à venda nas concessionárias.

?Se o Focus Sedan não tinha um rival tão claro nas “discussões de boteco”, na apresentação do carro a Ford deixou claro seu alvo: tudo nele foi feito mirando o Civic. Não é de se estranhar: além de o Honda ser o atual líder de mercado, quando se fala em prazer ao volante, fica entre os preferidos do segmento, junto com VW Jetta Highline – não por acaso, o sedã do Golf. O resultado da briga entre Focus e Civic (com a participação do também novo Citroën C4 Lounge) você confere a seguir. Agora, vamos nos ater ao que há de novo nesse Ford.

Depois de nascer como modelo global e ter sua segunda geração dividida em versões europeia e americana (ficamos com a primeira), o Focus volta a ser um só. Visualmente, destaque para o interior totalmente transformado e a carroceria mais esportiva, com linhas quase de cupê. Já ao volante, embora a plataforma seja a mesma, o amadurecimento foi marcante – mas sem perder o foco. O modelo ganhou refinamento, com notável melhora no isolamento acústico da cabine, de onde mal se ouve o motor e as suspensões trabalhando. Falando nelas, seguem independentes, mas foram recalibradas. Abrindo mão de quase nada da esportividade, o sedã ficou mais confortável. Ainda é um pouco duro, mas esse é o preço a se pagar pela excelente dinâmica. Para completar, a nova direção elétrica é direta e precisa como sempre (sem ser leve demais) e a posição de dirigir é baixa, como deve ser em um carro esportivo.

?As três versões lançadas agora têm a mesma mecânica – um ponto alto do carro. O conhecido motor Duratec 2.0 Flex passa a se chamar Duratec 2.0 Direct Flex: é o primeiro flex com injeção direta. Em vez de o combustível se misturar com o ar no coletor de admissão e depois ir para a câmera de combustão, ele é injetado diretamente nela, garantindo uma queima mais completa. Além da economia de combustível, há notável ganho de potência e torque. A primeira subiu de 148 para 178 cv; o segundo passou de 19,5 kgfm a 5.250 rpm para 22,5 kgfm a 4.500 rpm. Para completar, o motor tem duplo comando variável e um sistema de partida a frio inovador (que aposenta o “tanquinho” usando o comando variável para comprimir o ar – esquentando-o – e, depois, introduzir aos poucos o etanol na câmara). Para transmitir toda a potência do motor para as rodas dianteiras, uma evolução brutal: no lugar da caixa automática de apenas quatro marchas, o PowerShift, um câmbio automatizado de dupla embreagem com seis marchas (como do Jetta topo de linha). Faltam borboletas para trocas no volante e vez ou outra ele se engana nas mudanças, mas é rápido e eficiente.

?Por enquanto, são só três versões, todas 2.0 PowerShift. Como o carro em si, os preços miram diretamente no Civic. A versão de entrada, S, sai por R$ 69.990 e já vem, além do básico, com som com comandos por voz, controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas e alerta de pneus murchos. A SE, de R$ 74.990, ganha airbags laterais, bancos de couro, rodas aro 17, sensor de estacionamento traseiro e piloto automático/limitador de velocidade. Para ela, há um opcional de R$ 3 mil, que adiciona airbags de cortina, partida sem chave, sensor de chuva, faróis automáticos, retrovisor eletrocrômico, ar automático digital de duas zonas e retrovisores com rebatimento elétrico. A topo de linha Titanium, de R$ 81.990, soma console central diferente, rodas exclusivas e o (excelente) sistema Sync com MyFord Touch, com tela sensível ao toque, GPS, câmera de ré e som Sony com nove alto-falantes. O modelo avaliado tinha ainda o pacote opcional exclusivo do Titanium, de R$ 8 mil, que traz faróis de xenônio, estacionamento automático, banco do motorista elétrico e teto solar. Como ele se sai diante da concorrência? Veja a seguir.