Um encontro fugaz, longe de olhares indiscretos. A estréia do novo Audi RS 3 está prevista para o Salão de Genebra, em março, e antes disso a marca não poderia mostrá-lo a ninguém – e, menos ainda, deixar que um jornalista o dirigisse. A Audi, no entanto, decidiu abrir uma exceção para nós, da Quattroruote (parceira italiana da MOTOR SHOW), e marcou um encontro conosco no fim do mundo: Inari, no norte da Finlândia, na pista que, desde 1991, os técnicos especializados na famosa tração integral Quattro usam para ajustar sistemas eletrônicos, pneus e, de modo geral, tudo que está ligado ao comportamento dinâmico de seus carros.

AO VOLANTE
Depois de um test-drive em um lugar onde os termômetros marcam 21 graus abaixo de zero ao meio-dia e onde a aderência dos pneus ao solo está mais para um conceito teórico do que para realidade, não espere comentários aprofundados sobre o motor: podemos garantir que tem um belíssimo ronco e garante desempenho impressionante (0-100 km/h em 4,3 segundos e máxima de 280 km/h), mas não há como tecer considerações e comentários sobre o caráter dos 367 cv sob o capô. Dirigindo apenas na neve e no gelo, o limitador de giros era forçado constantemente a diminuir nosso entusiasmo – e também o do  motor 2.5 turbo de 5 cilindros.
O RS3 é um carro extremamente equilibrado: com uma boa acelerada você consegue colocá-lo de lado para fechar a trajetória o quanto desejar, e outro toque no acelerador o coloca de volta nos trilhos, caso a traseira tome muita liberdade. Em suma, uma tração integral que combina a facilidade de tração dianteira com a diversão e eficácia da traseira. Possível? Mais que isso: real. E o mérito é da eletrônica, que, de modo instantâneo (e automático) envia o torque para onde ele é mais necessário: para trás, dá agilidade à traseira do esportivo; mas se você sobre-esterçar e estiver atravessado 45 graus com a direção já perto do final do curso, pode voltar a confiar no acelerador: a força vai toda para a frente, para que as rodas dianteiras “botem” o carro de volta à linha reta em um instante.

NÃO SÓ ELETRÔNICA
Não é apenas uma questão de tração integral e distribuição de torque. Para tornar a condução mais fácil e intuitiva, ao desenvolver o RS3 os engenheiros pensaram muito na progressividade das transferências de carga, que, em condições de aderência tão precárias, tornam-se imediatamente óbvias. Na verdade, pequenos movimentos do pé sobre o chão são suficientes para comprovar a pouca aderência que você tem aqui no gelo. Em outras palavras: dá para imaginar como esse mais poderoso dos A3 será rápido, e ao mesmo tempo fácil  de guiar, em uma boa pista asfaltada e seca. Nessa pista, será capaz também de mostrar do que são capazes os freios – sua característica mais criticada na geração anterior. Agora, (como opcional), poderá ter freios de carbocerâmica: apenas os discos dianteiros, é verdade, mas de qualquer modo é a primeira vez que este tipo de freios está disponível em um hot hatch.
E para dar apenas uma medida de quão “hot” é esse novo RS3, podemos acrescentar que essa motor 5 cilindros de 2,5 litros (uma versão ainda mais apimentada do usado do RS Q3 é o mais potente 5 cilindros já feito pela Audi – mas faltou um gostinho especial: com 367 cv (e 47,4 kgfm de 1.625 a 5.550 rpm), ele até supera seu maior rival por excelência, o Mercedes-Benz A 45 AMG, mas o rival ainda tem potência específica maior, uma vez que seus 360 cv são fornecidos por um motor de só dois litros. A Audi, no entanto, faz questão de sublinhar que não haveria problema em tirar dele mais dezenas de cavalos: só não o fizeram porque eles queriam recorrer a uma turbina maior – o que resultaria em atrasos substanciais nas respostas (turbo lag). É melhor perder alguns cavalos, mas pode contar com uma resposta sempre rápida. Difícil discordar. E eles querem guarda algo para uma possível versão Plus, não?

FICHA TÉCNICA

Audi RS3 Sportback
Motor: 5 cilindros em linha, 20V, duplo comando variável, injeção direta, turbo, start-stop
Cilindrada: 2480 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 367 cv de 5.550 a 6.800 rpm
Torque: 47,4 kgfm de 1.625 a 5.550 rpm
Câmbio: automatizado, sete marchas, dupla embreagem
Tração: integral, bloqueio eletrônico do diferencial
Direção: eletro-mecânica
Dimensões: 4,343 m (c), 1,800 m (l), 1,411 m (a)
Entre-eixos: 2,631 m
Pneus: 235/35 R19
Porta-malas: 280 a 1.120 litros
Tanque: 55 litros
Peso: 1.595 kg
0-100 km/h: 4s3
Velocidade máxima: 280 km/h (limitada)
Consumo cidade: 4,9 km/l (Europa)
Consumo estrada: 15,4 km/l (Europa)
Nota do Inmetro: não participa